quinta-feira, junho 28, 2007

Círculos uninominais para os cidadãos

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

O sistema de eleição dos deputados volta a estar na ordem do dia, com o PSD a apresentar, antes mesmo do PS, um projecto-lei. Os social-democratas querem um menor número de deputados, mas, ao que consta, os socialistas não admitem uma redução muito significativa; o PSD apresenta, o que não era de esperar, os círculos uninominais, sistema que o PS, também, e em princípio, poderá admitir mas, como afirma, com as devidas cautelas.

O que se coloca em causa é saber se a nova lei eleitoral para a Assembleia da República vai permitir que todos os cidadãos possam concorrer, independentemente dos partidos, dentro de cada um dos círculos uninominais.

Porque se assim não for, voltamos a ter um sistema mascarado de democrata, porque só quem se apresentar com a sigla de um partido pode ser eleito.

O que se pretende é que o cidadão o seja de corpo inteiro, com deveres e direitos, logo, se desejar concorrer no seu círculo eleitoral, apresenta-se proposto por um número mínimo de assinaturas, ou, simplesmente, apresenta o seu desejo de concorrer, com todos os prós e contras que o processo possa ter para ele próprio. Mas essas são contas do seu rosário.

Na minha opinião, o Algarve deverá comportar cinco círculos uninominais - Vila do Bispo, Aljezur e Lagos; Portimão, Lagoa e Monchique; Silves, Albufeira e Loulé; São Brás de Alportel, Faro e Olhão; Tavira, Castro Marim, Vila Real de Santo António e Alcoutim, nos quais será eleito o deputado mais votado. Os restantes três deputados a que o Algarve tem direito são eleitos no Círculo Nacional.

Quando os partidos alegam que os círculos uninominais vão apenas servir a bipolarização, somos levados a considerar que estão a querer mascarar a verdade. Vamos ao exemplo do Algarve – há quantos anos é que o PCP e o CDS-PP não elegem um deputado pela região?

O Bloco de Esquerda terá alguma vez hipótese, no actual sistema, de eleger um seu representante? Na região algarvia, a bipolarização é patente e não ouvimos ninguém a queixar-se de tal facto. Esse argumento não serve.

Os círculos uninominais, abertos a todos os cidadãos, vão revitalizar a democracia. O empenho de cada um, num direito de plena cidadania, valoriza a política. Fugimos ao corporativismo dos partidos.

Basta ver que, na presente legislatura, muitos daqueles que foram eleitos abandonaram a Assembleia da República, sendo substituídos por deputados de quinta e sexta linha.

Que legitimidade tem um partido, que utiliza os nomes e pessoas com alguma credibilidade e depois os deixa sair, sabendo-se que o povo votou naqueles nomes, para falar em transparência e honestidade política? Ou será que os partidos entendem que as pessoas nada valem, apenas conta a sigla partidária?

Porque os valores, as teses programáticas de cada força política diluem-se umas nas outras, e já não se fala em direita e esquerda, por muito que alguns partidos ainda pretendam que assim é que deve ser.

Mas quem governa não governa, essencialmente, sob a batuta de Bruxelas? E a política, que emana da União Europeia, é de esquerda, de direita ou do centro?

O importante da futura lei é que retire, definitivamente, o exclusivo da representatividade aos nomeados pelos partidos e permita que cada cidadão, por si, possa concorrer.

De acordo com o número de votos que receber, assim receberá da parte do Estado o estipulado por lei atribuído a cada voto.

Apresenta as suas contas como qualquer entidade – o deve e haver – correndo o risco de ganhar ou perder. Fica a certeza de que teve a liberdade para apresentar a sua candidatura sem ser proposto por um partido.

Se a lei não abrir ao cidadão o direito a participar, como já acontece a nível das Câmaras e das Juntas de Freguesia, então altera-se a lei com que finalidade?

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

quarta-feira, junho 27, 2007

O problema da droga


por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)

O tráfico e consumo de droga em Portugal, principalmente de cocaína, está a aumentar muito rapidamente, apesar do número cada vez maior de apreensões que se tem registado nos últimos meses. Este é um panorama a que o Algarve, infelizmente, também não escapa, acompanhando a tendência nacional.

Apesar das campanhas de sensibilização em torno do problema e de programas como o da "Escola Segura", o consumo de haxixe começa, perigosamente, a vulgarizar-se entre os jovens, como se aquela fosse uma droga inofensiva, enquanto a cocaína está a entrar, em força, entre os jovens adultos, colocando-se como a segunda droga mais consumida no Algarve e no país, e relegando a heroína para o terceiro lugar. Se a isto, juntarmos o crescente hábito dos jovens pelo consumo de bebidas alcoólicas, ficamos na presença de um cocktail altamente preocupante, com consequências graves, sobretudo a nível sanitário, social e económico.

Como inverter esta tendência é o maior desafio que se nos coloca, a todos; pais, educadores, profissionais de saúde, forças policiais e governo, numa altura – 26 de Junho – em que se comemorou o Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Droga e Portugal se prepara para levar o tema a debate durante a sua presidência da União Europeia.

Se relativamente ao tráfico, importa estar cada vez mais atento ao papel da África Ocidental, nomeadamente a Guiné Bissau, Cabo Verde e Senegal, que funcionam como plataforma de entrada de cocaína em Portugal e Espanha, no que respeita ao problema da toxicodependência preocupa-nos o facto de alguns indicadores revelarem aspectos de algum atraso do nosso país relativamente aos países europeus mais desenvolvidos. Ao mesmo tempo que apresentamos traços de avançada modernidade e desenvolvimento económico, social e cultural, que aproximam a sociedade portuguesa às mais desenvolvidas da Europa, encontramos, também, situações de atraso que nos fragilizam quando se analisam indicadores como os níveis de escolarização e literacia, as taxas de pobreza, abandono e insucesso escolar ou o uso das TIC - Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. E a questão das drogas e das toxicodependências encaixa-se, perfeitamente, neste quadro estrutural da sociedade portuguesa.

Se se insistir em combater o fenómeno da toxicodependência com medidas políticas descontinuadas e desintegradas, será difícil mais eficácia na estratégia nacional de combate delineada para 2005-2012, E este é um drama a que ninguém pode ficar indiferente.

NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

segunda-feira, junho 25, 2007

Verão, Políticos e Vergonha

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Esta é a última crónica antes das férias… Antes do tempo de Verão. Verão. Sempre gostei deste substantivo. Não porque rime com férias (de facto, desde a escola primária que nunca tive férias no Verão) mas sim porque este substantivo rima sim com um verbo cheio de futuro e de interrogações.

Verão, sim, mas verão o quê? O que haverá para ver? Quem o verá, quem será capaz de ver…? E quando…?

Esta a beleza do ambíguo substantivo. Menos beleza têm algumas coisas que surgiram nos últimos dias. E que não são nada de bom augúrio para o que poderemos ver…

Por exemplo, chegam-me aos ouvidos as queixas dos viveiristas da Ria Formosa. Estão, lamentam-se eles, a vender amêijoas e ostras a metade do preço de há quatro anos atrás… Enquanto à mesa do restaurante a tendência dos preços é para subir. Resultado, os viveiristas estão a perder o que outros ganham. E eles acham que não é justo. Mas essa é a única coisa em que têm razão. No resto, há que dizer-lhes que a culpa do mal é deles. Porque, como produtores, ainda não sabem, ainda não aprenderam a controlar a cadeia de valor e a ocupar nessa cadeia de valor a boa posição. Deixam-se remeter para o fundo e, obviamente, quem ganha é quem controla os circuitos de distribuição. A eles pouco resta, portanto. Lamentam-se, têm razão, mas lamentar não adianta nada… Estudem o problema, organizem-se e tomem as medidas necessárias para se colocarem bem na cadeia de valor. E deixarão de ter necessidade de se lamentar e passarão a ganhar o que merecem.

Mas esta coisa de não estudar os problemas, não se organizar para os resolver e, depois, queixar-se é um velho hábito, muito salazarento, dos portugueses… Veja-se, por exemplo, a história do hospital de nível superior para o Algarve, que pretende ser uma região de turismo com qualidade. Há terreno, a obra foi assumida como prioritária mas… não acontece nada. Nem data há para o início da obra… Como a natureza tem horror ao vazio, foram os espanhóis a tomar a iniciativa. O hospital de nível superior para servir o turismo do Algarve vai arrancar na Andaluzia, em Sevilha. Digam-me só se isto não é uma vergonha para o país e para a região e se os políticos algarvios não merecem que se lhes pinte a cara de preto ou que os mandemos… tomar banho!

Até mais e boas férias para quem tem agora férias… Para os outros, bom trabalho. Até logo…

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, junho 21, 2007

O Algarve precisa de coesão territorial

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

A coesão da região algarvia só se poderá manter se houver um desenvolvimento equilibrado, isto é, o Barrocal e a Serra não podem ficar no lado de lá do Litoral, se bem que as realidades sejam diferentes e não se pretenda, de forma alguma, aplicar no interior, a política de cimento que se deixou alastrar por toda a costa.

São realidades bem diferentes. O Barrocal, zona onde se deve incrementar projectos agrícolas ou áreas industriais não poluentes e a Serra com potencialidades para a floresta, áreas cinegéticas e turismo rural.

Estas podem ser, eventualmente, algumas das políticas de desenvolvimento a implementar, na certeza de que as aldeias devem ser abertas a alguma expansão habitacional.

A fixação das pessoas às terras do interior é accionada e fomentada com as condições básicas que garantam o mínimo de qualidade de vida.

Ninguém quererá viver, neste tempo de globalização, numa terra que não tenha luz eléctrica, esgotos públicos, água canalizada, assistência na saúde, escola, acesso à Internet, já para não falar no mínimo de segurança, e sem aquilo que a nós nos parece de mais importante e básico para um crescimento saudável, uma boa rede de estradas e de comunicações entre elas.

A fase das infra-estruturas básicas – luz, água e esgotos – está devidamente acautelada na quase totalidade dos concelhos algarvios e a rede de estradas está em vias de se concretizar.

Com os melhoramentos efectuados nos últimos anos, torna-se possível uma comunicação mais ao menos célere, entre as aldeias.

Depois, entra-se nas áreas mais problemáticas, como a saúde. Não se pode ter um hospital em cada aldeia, é uma realidade evidente.

Mas, as unidades móveis, que tão bons serviços têm prestado às populações do interior, podem ficar sediadas numa aldeia que, com facilidade, responda a qualquer chamamento.

As Juntas de Freguesia, para não se multiplicarem os postos médicos, podem disponibilizar espaços, e são um meio físico já existente, onde as pessoas das unidades móveis podem descansar e sediar-se, criando condições mínimas de conforto.

Julgo que a imaginação deve funcionar nestas coisas, e, com um pouco de boa vontade e desejo de servir quem está mais longe dos grandes centros, encontram-se soluções que, sem serem dispendiosas, são úteis e dão alguma estabilidade emocional a quem vive no Barrocal ou na Serra.

As escolas da Serra que têm vindo a fechar, porque não possuem um número suficiente de alunos, porque razão não passam a ser utilizadas pelos alunos das cidades?

Se há deslocação de alunos do interior para o centro, porque não fazer a experiência do centro para o interior? Talvez os alunos e os seus pais passem a olhar a Serra e o Barrocal com outro interesse.

Trazer meia dúzia de alunos da Serra para o Litoral tem tantos custos, como levar alunos do Litoral para a Serra. E se este tipo de política não se desenvolveu, foi porque os responsáveis permitiram e incentivaram o despovoamento das aldeias serranas.

Quando se deslocam os jovens daquelas zonas para o Litoral, os ditos responsáveis mais não estão a fazer do que convidar os pais a seguirem as pisadas dos filhos.

Falamos em coisas simples, mas tudo passa por desenvolver programas de crescimento para as terras do interior, envolvendo as empresas, as autarquias, as associações locais, de forma a que se concretizem projectos rentáveis para todas as partes envolvidas.

Em abono da verdade, nada se faz ou pouco se tem feito, para motivar a fixação das pessoas em áreas que ameaçam a desertificação humana. Já estão pagos todos os subsídios respeitantes às indemnizações dos incêndios dos últimos anos?

Sou anti-burocratização. Quando se verificaram os incêndios, por exemplo, a política que, no meu entender, deveria ter sido aplicada, era deste tipo: fazer o levantamento dos haveres das pessoas - como quantos porcos perdeu, vacas, árvores, como ficou a sua casa - e, de imediato, dar-lhe os porcos, a vaca, plantar as árvores, reconstruir a casa, já com condições dignas de habitabilidade, e, só depois, saber se a propriedade estava registada, qual o número cadastral e, caso nada disso estivesse feito, deslocar uma equipa que ajudasse as pessoas a legalizarem a sua propriedade, sem grandes burocracias e complicações.

Não foi isso que foi feito. A primeira coisa era saber se tudo estava legalizado e, depois, logo se tratava do resto, num convite ao abandono das terras e à desertificação da Serra, porque são muito poucos os jovens que lá moram e os mais antigos faziam da palavra dada uma coisa muito séria.

Um hábito que, infelizmente, se perdeu, nesta sociedade consumista e, quanto das vezes, vigarista.

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

quarta-feira, junho 20, 2007

O Baixo Guadiana: património e turismo


por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)

Esforços como os que têm vindo a ser realizados pelos municípios de Alcoutim e Castro Marim, através de um conjunto de medidas susceptíveis de atrair investimento e combater a desertificação, merecem o nosso aplauso. Tanto mais que são feitas quase sem grandes ajudas do poder central e, frequentemente, mesmo contra o velho centralismo do Estado. Espoliados financeiramente, em termos de Orçamento de Estado, com uma fatia cada vez menor de dinheiros públicos provenientes da administração central e espartilhados na sua acção por constrangimentos de um certo fundamentalismo ambiental e de uma burocracia administrativa que teima em persistir, apesar das repetidas promessas de quem governa, em tornar mais céleres esses procedimentos – agora anuncia-se um máximo de 120 dias para resolver licenciamentos que se arrastam por dezenas de anos – Castro Marim e Alcoutim vão fazendo pela vida, graças aos esforço dos seus autarcas, o estoicismo das suas gentes e o interesse dos que ainda acreditam que vale a pena investir no Baixo Guadiana. Unidos pelo rio e pela história, apostam na sua autenticidade como uma mais-valia para um desenvolvimento assente numa oferta turística diferente, apesar da singularidade dos caminhos que cada um tem que percorrer.

Enquanto que Castro Marim, com uma faixa litoral de praias de excelência, um ambiente protegido e um conjunto de projectos de luxo na área do golfe, leva, obviamente, vantagem em termos de investimento e, consequentemente, de desenvolvimento futuro correndo mesmo o risco, como alguém, já vaticinou de se vir a tornar, nos próximos vinte anos, num dos concelhos mais ricos do Algarve, o desenvolvimento de Alcoutim terá que passar, inevitavelmente, por uma ponte para a outra margem. Um concelho pobre, despovoado e ultraperiférico não pode combater o isolamento sem uma ligação à Andaluzia sobretudo por aquilo que esta região significa em termos de dinâmica económica.

Relativamente a Castro Marim, independentemente das diferenças ideológicas e de opinião, normais em democracia, dificilmente alguém deixará de aplaudir a estratégia de desenvolvimento delineada pelo actual executivo. Numa década, Castro Marim agarrou-se ao seu passado de grandeza para potenciar o futuro. Depois de os Dias Medievais a terem colocado, a ela e ao seu castelo, na rota dos grandes eventos nacionais e internacionais, a recuperação do Forte de São Sebastião e do Revelim de Santo António, reabilitam-na enquanto antiga praça forte do Reino, colocando, a história, o património e a cultura, ao serviço do turismo.

Poucos concelhos se podem gabar de misturar num pacote único, uma oferta turística tão diversificada: praia, golfe, rio, ambiente protegido, monumentos, artesanato, história e tradições. O futuro constrói-se, cada vez mais, preservando a memória do passado.

NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

terça-feira, junho 19, 2007

PARABÉNS!


Pela segunda vez consecutiva, um colaborador da GILÃO FM vê o seu contributo para o quotidiano do concelho de Tavira reconhecido e vai ser agraciado pelo Município no próximo dia 24 de Junho...

Depois do fundador e director Luís Santos, coube agora tal honra ao Luís de Melo e Horta, director do JORNAL do SOTAVENTO e comentador "residente" do 1001 Olhares desde 2006. PARABÉNS!

A nota biográfica indica-nos que Luís Maria de Melo e Horta nasceu, em Tavira, a 6 de Fevereiro de 1938. Em Tavira frequentou a escola primária e obteve o curso secundário a partir dos colégios da cidade o Tavirense e o Externato Nª Senhora das Mercês. Completaria, anos mais tarde, o curso complementar do liceu. Nos anos 70, matriculou-se na Universidade Clássica de Lisboa para frequentar Direito, onde fez os dois primeiros anos de curso.

Aos 19 anos ingressou no Ministério da Economia (posteriormente Agricultura), tendo-se aposentado, em Outubro de 1986, quando exercia o cargo de Director de Serviços de Administração.

A sua acção está, particularmente, ligada ao jornalismo: foi correspondente de jornais diários (Século, Diário de Lisboa e Diário de Notícias), colaborador da Imprensa Regional Povo Algarvio e do Jornal do Algarve.

Foi co-fundador e subdirector dos quinzenários “O Tavira” e “Lestalgarve” que se publicaram entre 1973 e 1985, tendo entretanto participado na fundação da AIRA - Associação da Imprensa Regionalista do Algarve. Em 1990, foi co-fundador do “Jornal do Sotavento” e seu director, desde o primeiro número até ao presente.

Tem desempenhado vários cargos associativos. Foi fundador, em 1985, do Elos Clube de Tavira, depois seu Presidente da Direcção e é, actualmente, o Presidente da Assembleia Geral. Foi o Coordenador da Convenção Elos Internacional realizada, em Tavira, em Outubro de 2005.

Para além do Luís de Melo e Horta,
vão ser agraciados no Dia do Município os seguintes cidadãos e instituições - Orlando Carlos do Carmo Bateira Ferreira, Rogério da Cruz Domingos, Sonâmbulos Futebol Clube e Viviane Parra Guerreiro. PARABÉNS A TODOS! QUE MUITOS SIGAM OS VOSSOS EXEMPLOS!

sexta-feira, junho 15, 2007

"Contos breves e outros afectos"


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

“Contos breves e outros afectos” é o título do livro de Maria Solange Estevens Tavares, editado pela Multinova e apresentado no passado dia 12, na Biblioteca Municipal de Faro.

A Solange Tavares é natural do interior da serra algarvia, da aldeia de Cachopo.

Na sua biografia, desta mulher nascida em 1947, consta que teve o privilégio de sair de casa para ir estudar para Faro, enquanto num meio rural, normalmente, as raparigas saiam de casa para ir servir para os meios urbanos.

Concluiu o curso de História, na Universidade Clássica de Lisboa. Presentemente é docente.

Na nota de abertura Anne-Marie Vécot, afirma que nestes “contos breves e outros afectos” Solange leva-nos para os nossos próprios caminhos, ao encontro das nossas memórias.

Trata-se de um diálogo da autora com ela própria. Fala com o coração e sabe calar-se a tempo de nos deixar livres para nos apropriarmos daquilo que ela nos oferece.

Fiquei honrado por ter sido convidado a estar presente na apresentação da sua obra e por me considerar seu amigo.

Faço um apelo, sobretudo aos mais jovens:

Ler é importante e torna-se um hábito saudável.

Quem lê, escreve melhor, conhece mais, fala melhor e de mais assuntos, aumenta o vocabulário, conhece outras ideias que não as suas.

Dão-nos a conhecer personalidades e os seus feitos, a nossa história, a compreender a nossa sociedade, os nossos valores.

Os livros fazem-nos viajar sem sair de onde estamos para outras épocas, outras culturas, outros mundos…

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quarta-feira, junho 13, 2007

A propósito do Plano de Ordenamento da Ria Formosa


por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)

O ordenamento do território, particularmente o que abrange áreas protegidas, não pode fazer-se sem o envolvimento das populações residentes, sob pena de se poder vir a frustrar a concretização dos objectivos de salvaguarda ambiental subjacentes a qualquer plano que se pretenda implementar. Quanto mais detalhada for a discussão e mais amplo o número de intervenientes no processo, maiores serão os consensos e as possibilidades de sucesso do plano.

Vem este preâmbulo a propósito da recusa do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade – ICNB, em prolongar o prazo de discussão do Plano de Ordenamento da Ria Formosa, que decorreu entre 24 de Abril e 6 de Junho, conforme reivindicam a Câmara Municipal de Faro e a DORAL do PCP.

O que se pretende é, apenas, dispor de mais algum tempo para ouvir todas as associações da área do Parque e analisar as implicações das medidas preconizadas no presente e futuro das populações residentes, principalmente, as que vivem e labutam nas ilhas barreira da Ria Formosa. A complexidade dos problemas em equação, exige um amplo consenso que é aquele que, para já, une as opiniões dos socialistas do executivo farense e dos comunistas algarvios. Os primeiros dizem que “não é possível assegurar a regulação ambiental da Ria Formosa contra a sobrevivência financeira e social das famílias que dela dependem”, enquanto que os segundos “não aceitam um plano de ordenamento que afaste as pessoas e comprometa o seu futuro”, o que significa dizer a mesma coisa por outras palavras.

Se tivermos em conta, para além do emaranhado de situações que dão singularidade ao Parque, o conjunto de documentos colocados para discussão pública – regulamento em dois anexos, planta síntese, planta de condicionantes, relatório de conformidade com a Rede Natura 2000, relatório de ordenamento, programa de execução e diagnóstico – será que é muito pedir mais alguns dias para estudo e análise da matéria em apreço? Hoje, cada vez mais, a causa da preservação da natureza e da biodiversidade, deve implicar as populações e estas conquistam-se, de uma forma pedagógica e não por imposição.

As populações só podem defender aquilo em que, conscientemente, acreditam ser o melhor para o seu futuro, num quadro que não exclua o Homem do seu ecossistema e biodiversidade.

NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

terça-feira, junho 12, 2007

Portugueses contra a corrupção

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

A criação de uma Autoridade Contra a Corrupção é a medida mais desejada pelos Portugueses para combater o cancro da corrupção. Uma autoridade contra a corrupção que os Portugueses desejam que tenha amplos poderes de investigação. E cujo trabalho permita afastar do poder políticos e dirigentes partidários corruptos, bem como demitir sem hipóteses de readmissão os funcionários públicos corruptos.

Estes dados constam de um inquérito/estudo do ISCTE, ainda não divulgado mas que deverá ser publicado no próximo dia 15. O estudo revela ainda que os Portugueses não têm confiança alguma no actual sistema judicial para combater a corrupção. De facto, apenas 0,6% - portanto, coisa de um português em duzentos – só 0,6% dos portugueses acha que o actual sistema judicial funciona bem. Quando chegamos a isto está tudo dito sobre a confiança da população nas instituições em causa.

De resto, é porque os organismos vigentes não apresentam resultados que a população deseja uma Grande Autoridade Contra a Corrupção, com amplos poderes de investigação… E, aqui entre nós, depois de tanta escandaleira e tanta negociata com os dinheiros do Estado, que é o mesmo que dizer o nosso rico dinheirinho dos impostos, quem é que não sonha com a tal Autoridade que meta a corrupção atrás das grades e ponha os corruptos fora da política e do estado…? Está mesmo na altura de José Sócrates começar a tratar de resolver isto…

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

sexta-feira, junho 08, 2007

As Festas Populares


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

O mês de Junho põe Portugal em festa: a 13 é Santo António, a 24 S. João e a 29 S. Pedro.

A denominação de Santos “Populares” é tradicional e exacta: os Santos de Junho são os mais festejados no nosso país.

O culto de Santo António, estimulado pela fama de inúmeros milagres, tem sido inclusive, ao longo dos séculos, objecto de grande devoção popular em todo o mundo, podendo-se afirmar que se trata do primeiro português com projecção universal.

As Festas Populares, manifestações colectivas, mistura de crenças e ritos de devoção particular, são as grandes marcas da religiosidade popular do nosso país. Por vezes é difícil compreender o que há aí de especificamente cristão.

Estas festas não representam porém nenhum problema teológico.

Elas são importantes na nossa sociedade. Permitem apesar de tudo, abertura ao transcendente.

Neste tempo que estamos a viver em que assistimos a uma cultura envergonhada das suas raízes cristãs, alegadamente indiferente e laica, as festas religiosas católicas, são um oásis de frescura.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, junho 07, 2007

De um lado os partidos, do outro o trade

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

As eleições para a Região de Turismo do Algarve, às quais apenas concorreu uma lista proposta numa coligação PS e PSD, vão trazer consequências futuras para a região, quer queiram ou não admitir essa realidade muitos dos políticos que cozinharam esta decisão.

O acordo entre socialistas e social-democratas passou ao lado da Comissão Política Distrital do PS.

Não está em causa a bondade das pessoas que compõem a lista, nem se pretende discutir o seu valor pessoal a nível do sector turístico, pois esses são dados que o tempo se encarregará de trazer à tona da água.

O que importa perceber neste contexto, é que os partidos não chamaram para quaisquer negociações as associações do sector, que acabaram por sentir a necessidade de elaborar uma lista própria.

Mas, por força das contingências político-sociais, das pressões existentes sobre determinadas pessoas (sempre negadas por quem as pratica), e da forma corporativa como os partidos funcionam, as associações não conseguiram recolher a assinatura que faltava para legalização da sua candidatura.

Neste momento, seja qual for o resultado final do acto eleitoral, estamos perante uma realidade inquestionável - de um lado, estão os partidos políticos, do outro está todo o sector.

É preciso perceber que, em muitos anos, mais de uma dezena ou vintena, nunca o sector se tinha unido para concorrer à RTA.

E, como era do conhecimento público, havia algumas divergências entre associações como a AHETA e a AIHSA que foram sanadas, constituindo-se um conjunto forte a nível do sector, incluindo o Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria, para responder ao que é considerado como a partidarização da Região de Turismo.

Se, por um lado, a RTA é governável como um organismo normal, esperando-se que o seu presidente não permita que pessoas, caso do vogal Nuno Aires, por exemplo, participem em votações que digam respeito a concursos aos quais a sua empresa concorra, outra realidade será o trabalho a desenvolver pela Associação Turismo do Algarve (ATA), onde os privados, que agora foram relegados para plano secundário, se encontram associados.

A ATA, a quem compete a promoção externa, teve a promessa da Associação do Sotavento, agora representada na lista para a RTA pelo seu presidente Almeida Pires, de que entraria com 100 mil euros, coisa que nunca concretizou.

Tudo isto porque esta Associação terá imposto, para assumir esse compromisso, que a ATA não podia admitir sócios do Sotavento e que as realizações respeitantes àquela zona do Algarve seriam da sua responsabilidade.

Isto é, tínhamos uma ATA que apenas seria real para o Centro do Algarve e o Barlavento. Esperemos agora que Almeida Pires saiba o que é a região do Algarve e António Pina não se deixe ludibriar por truques que retirem operacionalidade à ATA.

Não contente com a colocação de Almeida Pires na lista, o PSD avança com Helena Mak, ligada ao sector do golfe, mas que muito poucas provas tem dado, sendo outro organismo que se propôs entregar 100 mil euros à ATA, nunca o concretizando. São estas as pessoas que o PSD escolheu para darem o seu contributo na Região de Turismo.

Esta realidade, nua e crua, não é benéfica para a ATA, nem tão pouco para a Região de Turismo do Algarve, por muito que os políticos queiram jogar areia nos olhos do sector e dos observadores. O que se vai passar em termos futuros é difícil de prognosticar.

Mas não deixa de ser curiosa a política do Governo, que dá posse ao presidente da RTA no dia seguinte à sua eleição, quando há outras Regiões de Turismo que esperam há um mês por esta acção.

E que dá posse no Governo Civil de Faro, sem que esteja ainda empossada a nova Governadora Civil.

Governo que mantém a fasquia de comparticipação na promoção externa, de acordo com a regra de que um euro dos privados, mais um euro da RTA, correspondem a uma comparticipação do Governo de quatro euros.

Com estas políticas governamentais, tudo se poderá complicar, se a nível da ATA não se mantiver o equilíbrio desejável e a transparência sempre necessária para que funcionem os organismos onde existem vários parceiros.

António Pina, novo presidente da Região de Turismo do Algarve, poderá ter uma vida fácil, porque o seu trajecto político não começou ontem e sempre foi feito com retidão.

Mas o facto de ter condescendido à solicitação de Miguel Freitas, torna-o mais frágil, quando, por outro lado, a lista com quem vai trabalhar lhe diz muito pouco.

O seu pedido de lealdade e transparência é um sinal de quem não está à vontade a comandar as suas tropas.

Em nome da Nação Algarve, fica o desejo de que o futuro seja prenhe de vitórias e que a projecção do nosso nome chegue cada vez mais longe, porque precisamos muito dos turistas.

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

terça-feira, junho 05, 2007

UMA LUZINHA NO PROTAL II

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

O aprovado PROTAL II não é perfeito. Longe disso. Falta-lhe uma inteligência económica e estratégica com o claro objectivo de valorização do território. Mas, pela primeira vez, aparece uma luzinha…

Uma luzinha que pode ser o início da requalificação do Algarve e da sua adaptação aos novos tempos desta economia globalizada. Pela primeira vez, alguém parece ter entendido que o cliente-tipo do Algarve está a mudar e vai mudar ainda muito mais.

O que tem sido o cliente-tipo do Algarve, o turista sem poder de compra e que vem em esquema de tour-operator, esse começou já a voar para outras paragens, tão ou mais baratas e muito mais exóticas. Não é aí que se pode competir… Nem vale a pena baixar os preços para competir com qualquer praia tropical, em África ou na América Latina, onde a diária do hotal é baratíssima e o avião já chega ao preço da uva mijona.

É num outro tipo de visitante, com mais poder de compra e mais exigente que o Algarve tem de apostar. Mas isso exige a requalificação da nossa região. Ora, esta requalificação só se pode alcançar numa lógica de valorização do território.

O grande embuste que tem havido à volta de Protal e outros planos quejandos, é que eles falam sempre de ordenamento do território sem identificar o referencial que irá organizar e decidir desse “ordenamento”. O resultado desta mentira sistemática e repetida é que não ordenamento nenhum e muito menos há resultados positivos… Só há chatices e burrocracias e outros empatas. Ou seja, o ordenamento do território acaba por ser a empatação da vida e provocar desastres económicos e de toda a ordem.

Por isso, é necessário assumir a valorização do território como objectivo destes planos. Só isso é que os pode justificar e só isso fará com que os algarvios percebam e sintam que eles valem a pena.

Por exemplo, à conta de tais “planos” e de outras burocracias e demais empatas, estão neste momento, no Sotavento, parados investimentos de mil e duzentos milhões de euros, em meia-dúzia de projectos de alta qualidade, com 10 mil camas para os tais novos visitantes que são precisos e que vão criar três mil e quinhentos postos de trabalho… E tudo parado pela burocracia e pelos empatas da ecologia, à espera do inefável e fatal estudo de impacte ambiental… Ou até mesmo com chumbo do Ambiente. A estas situações o Protal agora aprovado parece querer responder de forma positiva. Os investimentos hoje têm muitos destinos, podem ir para muito lado, até logo ali no outro lado do Guadiana… Se os quisemos agarrar temos de ser rápidos e competitivos. Senão, ficamos sem eles e a ver tudo a degradar-se e corremos para o desastre económico… e, portanto, também social.

Sabem o que vos digo…? Que nos valha o São Sócrates ou ainda se perde tudo isto!

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

sexta-feira, junho 01, 2007

Mudar de atitude perante o idoso


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

A solidariedade é expressão da dimensão comunitária da sociedade, em que o bem comum prevalece sobre o interesse particular, de indivíduos, grupos ou minorias.

Neste Ano Europeu da Igualdade de Oportunidade para Todos, detenho-me uma vez mais na população idosa, apelando a uma oportuna mudança de atitude, valorizando a dignidade e as potencialidades dos anciãos.

Há muita gente com idade avançada que é amada e acarinhada e, por isso mesmo, se sente feliz e útil, não pelo trabalho que ainda realiza, mas por ser uma presença congregadora no meio dos seus e uma referência enriquecedora para as gerações dos mais novos, quando estes a sabem apreciar e agradecer. No património de uma família, os mais idosos representam uma parte importante e valiosa para aqueles que ainda não deixaram subverter os verdadeiros valores da vida.
Uma sociedade que não ama nem respeita os seus mais velhos é uma sociedade desumanizada, sem alma, sem futuro.

Nada do que nós desfrutamos chegou até nós por acaso. O que nos foi chegando e perdura é, frequentemente, mais fruto do trabalho, da dedicação, do amor, com muitos sacrifícios e lutas pelo meio, daqueles que nos precederam, que do nosso trabalho e engenho pessoal.

Saborear a alegria de viver, ainda que com as limitações que a idade impõe, não é possível sem se estar rodeado de um ambiente de amor e gratidão, de apreço e estima. Na recta final da vida, já muita coisa se dispensa, não porém o sentir-se amado e acarinhado.

As muitas iniciativas e soluções de apoio social que se vão multiplicando, não podem dispensar a família da dívida nunca paga, que é a do amor aos seus pais e avós. O mesmo acontece com os muitos e dedicados voluntários, fiéis à sua visita aos doentes e aos idosos mais sós da comunidade.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.