quinta-feira, junho 12, 2008

Subida dos preços de combustíveis

por Luís Horta (director do Jornal Sotavento)

A crise económica desencadeada pela alta de preços dos combustíveis tem originado posições das mais diversas e, naturalmente, controversas. Foi, por exemplo, o caso da Câmara Municipal de Tavira ter anunciado e colocado, desde logo em prática, a ideia de abastecer as suas viaturas em Espanha. O diferencial, quando se trata de veículos com depósitos de grande porte, dá para o percurso e, ainda sobram uns bons milhares de euros por semana, mês ou por ano, conforme a escala de utilização desta medida. Há vozes que, logo se levantaram dizendo da falta de patriotismo dessa iniciativa. Há sempre quem esteja a favor e quem esteja contra qualquer coisa, que mais não seja por questões ligadas a estratégias e interesses que, quase sempre nada têm a ver com a questão de fundo.

Neste caso, parece-me a questão de fundo não é o patriotismo. A questão de fundo é uma medida de gestão que, resultando, se torna sadia e aceitável. O problema situa-se muito no âmbito do imposto e outro tanto em relação a Portugal, na evidente cartolização dos preços. E, como assim é, onde está o patriotismo de quem, agravando a crise, mantém intransigência percentual no imposto e a liberdade da marcação do preço num produto essencial para a estabilidade da economia. Aos concursos de fornecimento, quer de produtos quer de obras, sejam grandes ou pequena, podem ser internacionais e, obrigatoriamente, o são a partir de certos volumes financeiros, medida que se refere especialmente a investimentos públicos.

Toda a Europa pode, portanto, fornecer o que quer que seja aos restantes países. É normal comprar onde é mais barato. Qual é pois, a falta de patriotismo desta medida da Câmara Municipal de Tavira? Entregar o imposto ao país vizinho? E porque não desce a taxa em Portugal? Estou lembrado do caso das idas a Cuba para tratar dos olhos dos nossos idosos. Será igualmente falta de patriotismo? Quer bem crer que não. Esta falta de patriotismo deve rotular, quanto a mim, quem procura espremer ainda mais a desvalia da situação em que se encontram as camadas mais frágeis da população.

E se a população no combustível se dirigir, em última análise, a acções sociais como é o caso das cirurgias oculares, ninguém deverá constestá-las, deverá antes, promover a correcção do que está mal. O resto é demagogia.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

QUEM NÃO GOSTA DE VERDADES?

Foi o Graça ou a Tânia? Ah, pois… foi o Graça quem fez desaparecer texto e comentário!!!!

Isso só quer dizer que dei no alvo: pois, pelos vistos, o que se diz por cá é verdade: o dono do blog também está na calha dos beneficiários!...

Amiguismo e clentelismo, não é? !

11:10 da tarde  

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