terça-feira, janeiro 30, 2007

IDEIAS E AMBIÇÃO PARA O ALGARVE

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Depois de termos perdido demasiado tempo sem uma orientação clara para o turismo no Algarve e até mesmo sem uma ideia do que podemos fazer com esse turismo, parece agora que – finalmente – se começa a ver alguma luz nesta matéria.

A economia do Algarve tem de se organizar à volta do turismo. Não é fazermos do turismo uma monocultura… É perceber que as várias actividades económicas – incluindo as mais tradicionais – têm de se organizar como um feixe à volta de um pólo – o turismo.

E temos de perceber que já não vivemos nos anos sessenta ou setenta, mas que vivemos num mundo globalizado onde a oferta da concorrência nos pode facilmente bater aos pontos… Basta que nos deixemos andar mais uns tempos distraídos.

É esta perspectiva que tem faltado e que agora parece começar a despontar. E em paralelo com a visão de que é mais do que necessário e urgente dar qualidade ao Algarve e ao seu turismo.

O Governo traçou, nestas matérias, metas claras… Vamos agora ver se as cumpre. A meta, por exemplo, de aumentar em 50% a oferta hoteleira de cinco estrelas no Algarve (até agora uma verdadeira miséria…) de marinas e de campos de golfe. Isto a um médio prazo… que vamos ver se não se transforma em “longo” ou se não é chutado para o “dia de S. Nunca, lá pela tarde”, por obra e graça de burocratas e ecologistas.

Fundamental também é desenvolver os projectos PIN que hoje ainda não chegam à dezena e que seria muito bom duplicar nos próximos dois ou três anos. Para que não vejamos de novo investimentos de grande qualidade, como o da empresa da Madona, fugirem do Algarve (fartos de obstáculos, burocracias, ecologistas e outros empatas que tornam os tempos de espera insuportáveis para quem investe) e vermos esses investimentos irem ali para o lado, para a Andaluzia, que até já se anuncia como “O outro Algarve”…

A organização de eventos desportivos e mediáticos, de impacto internacional, é também fundamental para colocar o Algarve no mapa. Isto mesmo parece terem percebido os actuais responsáveis máximos do turismo – Luís Patrão e Bernardo Trindade – bem como a Universidade do Algarve que já começou a estudar a matéria, com o seu recente trabalho sobre o próximo Rally do Algarve. Mas é preciso mais… Muito mais.

Aliás, sobre estas metas se há alguma coisa a dizer é que elas são pouco ambiciosas e não estão calendarizadas. Parece que estamos no bom caminho. Mas ainda falta muito. Falta ambição e falta, sobretudo, uma boa prática de saber fazer e saber fazer bem. E falta mostrar vontade e saber para integrar em feixe à volta do turismo as outras actividades económicas mais ou menos tradicionais, desde a pesca e o mar até à serra, suas paisagens tranquilas, seus produtos genuínos e seu artesanato.

Apesar da boa vontade, ultimamente, demonstrada, aconselha-se vivamente aos nossos governantes e outros responsáveis pelo turismo que façam uns fins de semana pela Andaluzia para verem como se trabalha quando se quer desenvolver a economia.

Podem, aliás, começar logo ali pela zona de Ayamonte, Lepe e Cartaia… Certamente que o alcaide Rafael Gonzalez terá todo o gosto em fazer-lhes um mini-curso, um cursillo.

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Festa dos Presépios nas Aldeias do Algarve


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

Pelo quarto ano consecutivo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, organizou a Festa dos Presépios nas aldeias do Algarve.

Este ano participaram 24 aldeias e todas elas abraçaram com entusiasmo o regulamento da iniciativa.

A distribuição de tarefas, a escolha dos locais para a montagem dos presépios, mexeu com as diferentes localidades e fez compreender que as belas iniciativas só são possíveis, com o empenho da comunidade. Recriaram um verdadeiro espírito natalício.

Destaque para as tradições populares de cada aldeia, sua criatividade e expressão artística, reactivando técnicas artesanais e utilizando matérias-primas locais.

Foi com este espírito simples e despojado que cada aldeia construiu o seu presépio, dando espaço, tempo e oportunidade em cada gesto para que Jesus renasça no nosso coração, tornando-o mais humano porque mais cristão.

Centenas de cidadãos nacionais e estrangeiros visitaram os presépios, deixado registado no livro de cada aldeia, opinião elogiosa que a todos aumentou a auto-estima, único prémio esperado por quem se entregou de corpo e alma a esta iniciativa.

A cerimónia de encerramento ocorreu no passado sábado, 20 de Janeiro, nas instalações do Inatel em Albufeira.

Visionou-se um filme com imagens de todos os presépios das aldeias, recebeu-se um diploma de participação e fez-se festa.

Existe um sentimento de cumplicidade e muita amizade entre todos os participantes. Por isso não foi de estranhar o gesto que se repete em cada ano de troca de presentes entre as aldeias irmãs, oferecendo cada uma o que de melhor se produz em cada freguesia.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Somos amadores

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

O Algarve, como região, não tem massa crítica para gerar projectos capazes de o levar para um patamar de auto-suficiência e de progresso.

Quando o líder do Partido Socialista me convidou para estar presente na reunião do seu Conselho Consultivo, na qualidade de jornalista, pedindo a cada pessoa três ideias-chaves para o Algarve, estava convicto de que iria assistir a um enumerar de dados que possibilitariam, no final, ordenar um caderno reivindicativo de fazer inveja aos maiores estudiosos da matéria.

Mas não. Senti-me envergonhado. Cada personagem falou para o seu umbigo, da sua coisinha, como se fosse a coisa mais importante do mundo.

Cada um entendeu que tinha ali na sua coisinha reunidas as linhas orientadores de um futuro risonho para os 500 mil algarvios que já somos.

Durante todo o debate, conversa ou aquilo que se queira chamar ao conclave, nunca ouvi falar em pescas, como se o mar algarvio não existisse, os portos que possuímos não registassem actividade, como se, ainda, não nos restassem algumas embarcações, apesar do muito que se tem vendido aos espanhóis.

Quanto à agricultura, deu-se a junção da sobremesa, que diziam ser bolo de alfarroba, com o alvitre de que podia ser uma espécie a ter em conta.

Mas de alfaces, couves ou figos nada, pois parece ser coisa em fase de extinção neste reino. A serra mereceu um afloramento, mas nunca se percebeu muito bem aquilo que era pretendido, se queríamos sobreiros ou não. Quanto ao destino a dar ao Barrocal, uma referência zero.

Concluímos que os pensadores e estrategas do desenvolvimento futuro do Algarve rejeitam essas coisas secundárias e apenas lhes importa discutir o turismo. Até no pensamento somos pobres.

Pomposamente, falou-se do cluster turismo. Mas, mesmo aqui, apenas se ouviu o elogio ao existente e que esta indústria do lazer é a sobrevivência da região, mesmo que tenhamos de importar tudo o que for necessário para a manter.

Em 40 anos de actividade turística, temos que concluir que somos uns amadores. O turismo vai-se desenvolvendo na base do amadorismo, sem regras, sem objectivos que tornem a região um fruto apetecido para além do sol e mar.

Sem querer ofender os verdadeiros profissionais da indústria, que desempenham os seus papéis como sabem e podem, em termos organizativos somos autênticos amadores.

Falemos do turismo cultural, se é que ele existe ou é tido como uma vertente da oferta, para concluirmos que os monumentos não têm guias para os explicar aos visitantes.

Exemplos? O farol do Cabo de S. Vicente foi recuperado, mas encontra-se fechado, sem autorização para visitar. A Sé de Silves, além de estar quase a cair, não tem lá ninguém para dar explicações. Em Faro, foi entregue para exploração o chamado comboio turístico, que circula pela cidade sem um único guia. Turismo de natureza?

Possuímos duas das mais importantes zonas húmidas do país, Ria Formosa e Ria de Alvor. Não há documentos, nem tão pouco guias que mostrem a beleza de duas zonas em vias de extinção, se o homem não as acautelar. De circuitos pedestres, quantos mapas existem?

Se falarmos de informação pela internet, devíamo-nos envergonhar. Porque a pobreza é tão grande, a falta de esclarecimentos é tão notória, que duvidamos que os turistas cheguem a consultar qualquer uma das referências.

Somos tão amadores, e por vezes puristas em nome da Europa, que vamos aniquilando todas as nossas tradições, que são nossas, para nosso consumo e que os turistas querem conhecer e provar.

Em vez de se incentivar a sua manutenção e existência, corta-se o mal pela raiz, introduzindo coisas que retiram todas as características aos nossos produtos.

Em vez de se desmantelar os alambiques, ditos clandestinos, porque não ajudar na sua legalização, sem burocracia estúpida, porque esses homens que ali se encontram no meio da serra mantêm vivos os medronheiros e cuidam da floresta, fabricando um produto apreciado por nós e pelos turistas.

Tem que haver excepções, para que haja diferença. Não queremos uma Europa toda igual. Isso seria uma estupidez. Os povos são diferentes uns dos outros, nos seus costumes, nas suas tradições.

Somos uns amadores e uns paus mandados, porque não conseguimos impor o que é nosso. O turismo é a indústria do lazer, do prazer e do conhecimento. Quem viaja quer aprender as diferenças, para que valha a pena conhecer outras terras e outras gentes.

O turismo não pode apenas ser campos de golfe, hotéis de cinco (e seis) estrelas, marinas... há toda a outra realidade que deve ser mantida viva, para que o turista sinta que viajou para um local diferente da sua terra.

Deixemos de ser amadores, já chega!

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

terça-feira, janeiro 23, 2007

EL HOMBRE !

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

A eleição do “maior” dos portugueses, do maior dos filhos de um Portugal praticamente milenar, serve muito mais para nos informar de como vai a “cultura dominante” neste momento, de como vão as cabeças das pessoas, do que para qualquer coisa. Ficamos a saber mais sobre os portugueses que respondem do que acerca da matéria sobre a qual respondem.

Dito isto, confesso que gostei de, pelo meio da poeirada que a coisa levantou, ler o meu velho amigo Ferreira Fernandes, na revista Sábado, que à sua maneira disse tudo:

“Há que dizer que maiores de Portugal há muitos, desde que sejam D. João II”

E explica: “Dos finalistas quatro estão relacionados (com os Descobrimentos): o infante, o do pontapé de saída, Vasco da Gama, o do maior feito, Camões, o que os cantou, e D. João II que os organizou.

Os Descobrimentos foram uma empresa pensada: ter os melhores pilotos, formando-os ou contratando estrangeiros, legislar para esconder o saber da concorrência, fazer e procurar as melhores cartas de marear, arranjar dinheiro, proteger os homens da ciência, saber o que se quer. A obra, a empresa, vista assim no seu conjunto, tem uma cara, a de D. João II”.

Escassas décadas depois da sua morte bizarra, a Inquisição instalava-se entre nós com as suas fogueiras, os seus cárceres, o seu índex e a sua censura. Começava a caça à inteligência…

Pouco depois, Camões falará de “uma apagada e vil tristeza”. Seguro do que escreve, Pedro Nunes escreverá já a medo. Fernão Oliveira escapa à fogueira por pressão inglesa e, entre os exílios e os cárceres inquisitoriais, ainda consegue tempo para escrever a primeira gramática do português, a primeira história de Portugal, uma obra sobre a construção naval, o primeiro tratado de estratégia marítima e outras obras que serão silenciadas, algumas até hoje…

Até hoje…?

Assaltado o poder real por gente que odiava D. João II, o projecto estratégico posto em marcha pelo estratega maior vai ser desviado dos seus objectivos (e Albuquerque morrerá de “mal com el-Rei por amor dos homens e de mal com os homens por amor d’el Rei”) e os fabulosos recursos que o projecto gera são desviados para fins diversos e mesmo contrários ou antagónicos dos previstos no plano e, portanto, de efeito negativo.

Os resultados do projecto estratégico de D. João acabam assim usados contra o próprio projecto, a visão que o suporta e os seus agentes económicos, políticos e militares.

Durante séculos, são os recursos gerados pelo projecto joanino que irão alimentar as fogueiras, a censura e o índex, consolidar as suas posições e enriquecer “santos ofícios”, seus “familiares” e outros “cães do senhor”, domini cannis. E assim Portugal entristeceu até chegar a um século XX dominado pelo triste complexo neo-corporativo e salazarento.

Houve, com melhor certeza reacções e revoluções. Intervalos e homens. Castelo-Melhor, Ericeira, Pombal, a longa guerra civil do século XIX, a República…

Castelo-Melhor, depois de ganhar a guerra com Espanha, acabou desterrado, Ericeira suicidou-se, Pombal ripostou a tudo mas acabou como Catelo-Melhor e ainda teve de assistir a “viradeira”, a guerra civil do século XIX acabou mal e a República espetou-se nas suas próprias baionetas.

Só no fim do século XX, se esgotam as fontes de recursos geradas pela estratégia de D. João II e que haviam sido desviadas dos fins que o grande estratega lhes dera, para acabarem utilizadas “contra a lei e contra a grei”.

Se ele não tivesse sido envenenado (Fernando Campos, no seu romance “A Esmeralda Partida” tem óptimas páginas sobre o assassinato do Rei) e não tivesse sido morto prematuramente (aos 40…), se o projecto estratégico não tivesse sido virado do avesso (pelos Braganças e seus aliados, com o apoio de Castela-Aragão) não seria apenas Portugal que tinha sido muito diferente, seria todo o globo a ser outro. Por isso, pelo que fez e pelo o que não lhe deram o tempo de fazer, ele é o estratega maior da história e, obviamente, o Maior dos Portugueses.

“Cuida-te, Rei” tinha-lhe dito a feiticeira à beira do caminho… “Murió El Hombre” foi como Isabel a Católica comunicou à sua corte a morte de D. João II.

“El Hombre”. D. João II, o Português sempre.

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Um outro Portugal, a descobrir


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

No passado mês de Dezembro, participei no Conselho Geral da Cáritas que reuniu nos Açores, na Ilha Terceira.

Desde a cidade de Angra, gravei um dos últimos apontamentos para esta rubrica semanal.

Confesso que vacilei entre a descrição das conclusões da actividade e o deslumbramento que me causou a beleza da ilha.

Vale a pena fazer férias naquele lindo arquipélago e visitar as suas boas gentes.
O povoamento da Ilha Terceira começou em 1450. Chamaram-lhe a ilha de Jesus Cristo.

Por ser a terceira a ser descoberta deram-lhe o nome de Terceira.

Angra do Heroísmo é a primeira cidade europeia do Atlântico (desde 1534).

Em 1930 foi classificada pela UNESCO como património da Humanidade: o centro antigo da cidade com o Monte Brasil.

A cidade marca a transição dos modelos de viver e construir medievais, para os modelos da Renascença e dos Descobrimentos.

Casas senhoriais, conventos e mosteiros à volta da Catedral. Os Impérios do Espírito Santo atestam a presença de devoção popular antiquíssima no domínio do divino, do sagrado e da caridade.

Junto do Monte Brasil, a angra com águas profundas e abrigada, fez que surgissem as primeiras casas nas colinas.

A cidade cresceu. Tornou-se uma cidade aberta para o mundo.

Merecem uma visita: a Sé Catedral (do séc. XVI), pelo seu interesse arquitectónico, imagens, pinturas e alfaias litúrgicas antiquíssimas, o Museu do antigo Convento de S. Francisco, o Alto da Memória, envolvido pelo mais belo jardim que até hoje visitei. Uma volta à ilha incluí obrigatoriamente a Praia da Vitória, o Porto Judeu, os Biscoitos, a Serreta, S. Bárbara e S. Mateus.

Os Açores estão à espera daqueles que ainda não se resolveram a conhecer estas ilhas de tranquilidade, de serenidade, e de frescura da memória para quem anda demasiado cansado pela correria da vida.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Desmancho = Aborto = IVG

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Passaram oito anos sobre o referendo do desmancho, aborto ou interrupção voluntária da gravidez (IVG), como se lhe queira chamar: na voz do povo das aldeias, das médias e pequenas cidades e ou nas classes média e alta. A mesma coisa, com nomes bem diferentes.

O que importa reflectir é que, no tempo que medeia entre o último referendo e o próximo, nada se passou que pudesse dignificar a mulher.

Quem pode e tem dinheiro recorre aos locais sofisticados, vai a Espanha e assume com toda a naturalidade, na sociedade que a rodeia, o acto que praticou, sem sequer ser incomodada.

As que não podem, recorrem à parteira de vão de escada, à casa particular, correm riscos de vida e, para cúmulo, se têm o azar de se cruzarem com algum purista da hipocrisia, lá são denunciadas à polícia, entra processo no Tribunal, são enxovalhadas na sua condição de mulheres e correm o sério risco de passar por uma prisão, o que, até ao momento, felizmente ainda não se verificou.

Em abono da verdade, o que se vai votar é a despenalização da interrupção voluntária da gravidez se realizada até às 10 semanas, porque a execução prática e legal do aborto está consagrada na lei desde os anos de 80.

Porque, senhores puristas da hipocrisia, tanto faz que ganhe o sim ou não, que os desmanchos continuam a ser feitos clandestinamente, os abortos entre uma e outra situação, e a interrupção voluntária da gravidez far-se-á em clínicas sofisticadas de Espanha e mesmo em Portugal.

Porque nesta questão, para além de cada mulher ter o direito de dispor do seu corpo como bem entenda, o que está em causa é o custo de cada uma destas operações – quem não tem dinheiro vai ao vão de escada e quem o tem recorre ao médico da especialidade e ao conforto de uma clínica.

Para a concepção de um ser humano ou de qualquer outro animal é sempre necessário haver a fecundação entre macho e fêmea. Porque razão se prende a fêmea e se deixa o macho, depois de ter tido todo o prazer sexual, andar à solta? Ele não é o pai? A decisão de fazer um desmancho, um aborto ou uma interrupção voluntária da gravidez, na esmagadora maioria dos casos, é tomada em conjunto.

Homem e mulher discutem o assunto e chegam a uma conclusão – interromper ou não! Porque se coloca a mulher na barra do Tribunal e não o homem, também?

O desmancho, aborto ou interrupção voluntária da gravidez pode ser feito de várias maneiras - recorrendo a uma operação, tomando alguns comprimidos que originam hemorragias ou o comprimido próprio para o efeito.

O que se pretende, com uma nova lei, é que a mulher seja tratada com a dignidade de um ser humano, mesmo quando toma esta opção.

Por muito que custe às religiões, aos puristas de um certo conceito de sociedade, aos hipócritas, em todas estas áreas há e continuará a haver uma cumplicidade para com aquilo a que chamam crime, desde que seja necessário para o bem da sua causa. Não podemos esconder o sol com uma peneira. Ou alguém tem dúvidas de que a clandestinidade irá continuar?

O Estado tem um papel social a desempenhar neste contexto, que passa, essencialmente, por dar cobertura à mãe e à família. Mas onde estão as creches para os casais de menores recursos?

Os pais, numa larga maioria, têm que trabalhar e constituir um lar, com alguma comodidade, o que os leva a prescindir de ter filhos numa fase inicial da sua vida.

Criar um filho, hoje em dia, requer um orçamento e em muitos casos apoios logísticos que não existem. Tudo aquilo que se afirma a nível da responsabilidade e do respeito pelo valor da vida, não passa de mera propaganda, porque, no dia seguinte ao referendo, os chavões caem pela base e mais ninguém se lembra deles.

Criar condições alternativas à mulher para que não escolha a interrupção voluntária da gravidez implica envolver o Estado, que não tem uma política, nem um programa, nem tão pouco dinheiro para esquematizar um tempo onde a mãe é mãe, para além dos cinco meses que fica em casa sem trabalhar, construindo alicerces que passam por infantários e creches com qualidade.

Os apoiantes do sim querem dignificar a mulher, dar-lhe a liberdade de escolha, torná-la um ser responsável com capacidade para optar. Os que votam não, querem que tudo fique na mesma, sabendo que, em oito anos, nada se fez e nada se fará daquilo que apregoam.

Fazem-no por mera hipocrisia. No meu caso, vou votar «sim», porque quero que a mulher seja livre e dona do seu corpo, e, porque o seu cúmplice não é apontado como tal. Não há lei que corte a liberdade de opção de quem esteja aflito...

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Bom Ano, apesar de tudo...

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Olá… Bom Ano a todos os que ouvem e fazem a melhor rádio do Algarve – a Gilão. E que este seja um Bom Ano para o Algarve e para Portugal… Bem precisamos.

Que seja um Bom Ano, apesar dos cortes nos financiamentos europeus que os políticos algarvios não foram capazes de impedir – ao contrário do que fizeram os da Andaluzia que garantiram esses financiamentos europeus.

Como aqui já temos dito com Bruxelas, com qualquer poder central, ou se sabe negociar ou não se sabe… E os políticos algarvios claramente não souberam… Excepção aqui para o presidente da Câmara de Faro, o José Apolinário que tentou mostrar como se fazem as coisas, como se obtêm resultados. Mas esteve sozinho! E, portanto, os políticos algarvios não foram capazes… E não conseguiram resultados. Agora não se queixem… Ou, então, queixem-se apenas deles próprios e de não terem seguido a via que o Apolinário lhes apontou. E não venham dizer que só falharam porque não há regionalização. Falharam porque não foram capazes. Apenas por isso…

Que este seja um Bom Ano, apesar de sabermos que no mar do Algarve, como em toda a costa portuguesa, o peixe se está a esgotar… E esgotar-se-à ainda mais depressa se não soubermos obrigar os pesqueiros espanhóis a cumprir a nossa lei. De resto, que respeito merece quem não é capaz de, na sua casa, fazer cumprir a sua lei…?

Com o sector das pescas em crise, o Algarve tem, para que este seja um Bom Ano, de criar riqueza e criar empregos noutros sectores.

E aqui há boas notícias e más notícias. As más vêm como já é hábito dos autistas da ecologia, que ameaçam tornar-se o pior dos problemas do ambiente e até fazer dos algarvios uma espécie em vias de extinção. Basta-lhes, agora, avistar um sobreiro para mandarem parar a economia e ameaçarem com queixas a Bruxelas… E sobre esta mania das queixinhas, há que dizer que a mania lhes passaria depressa se, cada vez que perdem uma queixa, fossem obrigados a indemnizar os lesados!

As boas notícias dizem respeito a uma nova compreensão dos problemas do Algarve que este governo demonstra.

Não só Luís Patrão – um homem que conhece bem o Algarve e seus problemas – está a tratar de resolver os problemas levantados por uma burocracia idiota e que só servia para impedir investimentos e trabalho e, portanto, criação de riqueza. Bem-haja, Luís Patrão. Mas também o Governo parece ter entendido a importância do golfe – o nosso “petróleo verde” ou a nossa neve – e das marinas e hotéis de cinco estrelas… para a requalificação do Algarve e do turismo algarvio. Para reposicionar o Algarve e dar-lhe uma nova e mais rica estratégia no turismo global. O que é indispensável… Parece que, finalmente, há um governo que o percebeu e quer agir e tomar medidas. Ainda bem…

Finalmente, três breves notas.

Uma lancha de traficantes galegos, o clã Charline, foi apreendida no Algarve… Mau sinal e que obriga a tomar a sério os problemas de segurança na nossa região.

As conservas Ramirez, agora com sede em Matosinhos, abriram em Tóquio, no Japão, e apostam na Internet japonesa para ganhar visibilidade e fidelizar consumidores… Um exemplo que as conserveiras algarvias devem estudar e seguir. Valia, aliás, a pena a Gilão organizar uns encontros e seminários sobre isto…

O Sunday Times, de Inglaterra descobriu o Sotavento e elege Tavira como a “Jóia do Sul”. Óptimo, Tavira merece… agora só falta que a câmara saiba limpar e manter a Jóia!

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

O Encerramento do ATL de Cachopo


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

O Despacho da Ministra da Educação nº 16795 de 2005, alterou o horário de funcionamento dos estabelecimentos de educação pré-escolar e as escolas do 1º ciclo.

O alargamento do horário escolar até às 17,30 horas, permite actividades como o inglês, o desporto, as novas tecnologias, as expressões artísticas, etc.

O que esta medida não acautelou foi o trabalho das Instituições Particulares de Solidariedade Social, que desempenham uma actividade estupenda e de qualidade nas áreas extra-curriculares e que deveriam ser elas os interlocutores privilegiados, assumindo com o apoio do Estado a contratualização dos recursos humanos para fazer face a uma medida pedagógica a que elas não se opõem.

As implicações desta medida sem que se desça ao concreto de cada freguesia, levou ao encerramento do ATL e Jardim de Infância do Centro de Animação Infantil de Cachopo. Faltaram medidas estratégicas do Estado, da Autarquia e dos Órgãos Sociais da Instituição, que levassem à minimização das consequências.

Os seus recursos humanos, duas extraordinárias educadoras a quem Cachopo deve a formação dos seus filhos nos últimos 18 anos, foram colocadas no desemprego. Agradeço-lhes de coração pelas minhas filhas. Fica a perder Cachopo, as suas crianças, famílias e comunidade.

Renovo o apelo às parcerias e ao apoio do Estado às Instituições Particulares de Solidariedade Social. Estas contribuem activamente para o desenvolvimento social, cultural e económico do nosso país.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

...continuaremos a ser livres no pensamento

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

O deputado João Cravinho, eleito deputado pelo Partido Socialista na lista apresentado no círculo eleitoral do Algarve, vai abandonar o Parlamento, como anteriormente já o tinha feito Miguel Freitas, que foi convidado a ocupar um lugar em Bruxelas.

Volta a colocar-se a velha questão – o eleitorado não votou em pessoas, colocou a cruz na sigla de uma força política, que usa como muito bem entende os chamados representantes do povo, o que é uma pura hipocrisia, porque as eleitos são meros «funcionários» do partido que os elegeu e seguem as regras impostas pela corporação.

Gostaríamos de saber, por exemplo, quantos deputados pelo Algarve subscreveram as propostas de lei de João Cravinho contra a corrupção e que, desde Junho de 2006, andam a «bailar» no seio do grupo parlamentar socialista, em negociações do põe e tira, isto não convém, etc...?

É claro que Miguel Freitas foi para Bruxelas e não deu nenhuma justificação ao povo algarvio, como João Cravinho vai para Londres e não expressa uma única palavra para com os seus eleitores.

Aliás, numa encenação politiqueira, costumam os deputados afirmar, num tom de voz cerimonioso, que «são deputados da Nação, em primeiro lugar», justificando, assim, o seu alheamento para com as pessoas que directamente os elegeram.

Porque, nesta questão de eleitos e eleitores, há que repensar o sistema. Continuam a existir portugueses com privilégios e outros sem direito a alcançar quaisquer patamares do poder.

Com algum esforço, ao fim de quase 30 anos, foi introduzido na lei eleitoral a possibilidade de listas independentes se candidatarem às Câmaras, ao chamado poder executivo, mas, quanto à hipótese de se criarem os chamados Círculos Uninominais, criando condições para que um cidadão com os seus direitos reconhecidos se possa candidatar independentemente dos partidos, isto é, por sua conta e risco, nunca se tornará realidade.

É que o corporativismo das forças partidárias, a exemplo do que havia no tempo da outra senhora, quer continuar a controlar e manipular a seu belo prazer.

Haja coragem política de abrir a Assembleia da República a deputados não alinhados e a democracia torna-se mais plena, aberta, transparente, com os candidatos a terem que trabalhar por si, a mostrarem junto do seu eleitorado o que valem.

O corporativismo tem sempre dados para contrariar esta tese, desde a existência de caciques locais que podem manipular as eleições (mas do lado das corporações também não há caciques?), até ao aparecimento de eleitos sem condições para ocuparem um lugar no Parlamento (quantos por lá estão que nem falam e nem tão pouco são conhecidos?)...

O voto é um dever e um direito universal, que muitos cidadãos deixaram de cumprir por não se reverem nas políticas desenvolvidas neste país, por conhecerem a mediocridade de uma percentagem enorme dos que são propostos para serem eleitos, e por entenderem que, afinal, só pertencendo aos partidos (como no anterior regime) é possível arranjar tachos e lugares de privilégio.

O sistema eleitoral português tem que sofrer grandes alterações. O número crescente das abstenções, o desinteresse das pessoas pela política e pelas acções cívicas, começa a ser assustador.

O alheamento dos portugueses para com a realidade do país é preocupante, se nos lembrarmos que muitos vivem na ilusão de um futuro melhor, que nunca mais chega.

Houve uma votação que, por maioria, deu o Governo ao Partido Socialista, mas, até ao momento, não temos assistido a sinais de retoma que possam augurar um bom futuro.

Quando Portugal é dado como um mau exemplo aos países da União Europeia, porque não soube aplicar o euro, nem tão pouco gastou todos os fundos comunitários de que usufruiu, que nos resta se não mostrarmos a nossa indignação? Que mais podemos nós fazer?

Vamos continuar a afirmar que a regionalização é uma peça essencial para o crescimento harmonioso do Algarve, chamaremos a atenção dos autarcas para a necessidade de criarem bons projectos para aplicação dos fundos comunitários, tendo em atenção que estes devem ser abrangentes no conceito da intermunicipalidade...e, se nos permitirem, continuaremos a ser livres no pensamento.


NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

O enfraquecimento dos Direitos Humanos


por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)

O Papa Bento XVI publicou em 8 de Dezembro de 2006 a sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz (ocorrido em 1 de Janeiro).

De entre os temas focados, o Papa advertia contra as visões redutoras do ser humano que, em seu entender, estão na origem do enfraquecimento dos Direitos Humanos, consagrados pela Declaração Universal, assinada em 1948 e que no seu entender atentam contra a Paz.

Vem encorajar-nos a que devemos afirmar os Direitos da Pessoa Humana, fundamentá-los em bases sólidas, torná-los matéria de actualidade e exigir que figurem nas agendas políticas.

Não foi necessário esperar muito, nem sequer que o Dia Mundial da Paz chegasse para que a humanidade inteira, lhe desse razão: “A Paz verdadeira exige o respeito pelos Direitos Humanos”.

A execução de Saddam Hussain é uma notícia trágica e foi sem sombra de dúvidas, uma violação dos Direitos Humanos.

A repercussão mediática que teve merece repúdio. O assassinato de um criminoso, ainda que efectuado por decisão da justiça iraquiana, não contribui para a reconciliação naquela nação. A Paz ficou mais difícil de alcançar. Oxalá me engane!

A guerra no Iraque continua sem fim à vista e quase diariamente vem somando novas vítimas, muitas delas apanhadas nos mercados, nas escolas e noutros espaços públicos.

Desde Tavira, apelo à Reconciliação e à Paz.

Anulemos os sentimentos de vingança.

NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Caros algarvios

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Vamos começar o ano de 2007 com toda a nossa capacidade de sermos tolerantes e esquecer que 2006 foi um ano zero para a região.

Retirando dois investimentos das Estradas de Portugal, a ligação Loulé-Quarteira, mas incompleta, e o melhoramento da estrada de acesso a Monchique, não houve mais investimentos do Governo Central, se a memória não me atraiçoa.

Somos, neste momento, a região que teve maior crescimento demográfico, o que faz com que passemos dos 360 mil para os 500 mil habitantes residentes.

É importante, apesar dos organismos oficiais sediados em Lisboa marginalizarem essa estatística, lembrar que somos diariamente perto de um milhão de pessoas a ocupar esta terra chamada Algarve, por força da sua principal indústria, o turismo.

No entanto, as estruturas que aqui se vão construindo, quando são postas ao serviço da população, começam por ficar quase de imediato obsoletas, porque a sua concepção é feita na base dos censos e não da realidade. Daí que, por vezes, se fale em esgotos que rebentam, em falta de água, etc...

É habitual, neste início de ano, pedirmos vários desejos, mas não valerá a pena formulá-los, porque a região está cheia de promessas. Hospital Central do Algarve fala-se que em 2007 terá o seu arranque;

o Pólo Tecnológico, no Parque das Cidades, há quem diga que poderá ser uma realidade; a aplicação do Plano de Ordenamento da Orla Costeira entre Vilamoura e Vila Real de Santo António alvitram que, finalmente, terá luz verde; as obras na Barragem de Odelouca, cujas águas se destinam ao consumo público, com um controlo rígido por parte da Águas do Algarve, devem ter o seu reinício este ano;

o Oceanário de Sagres tem dinheiro disponível, mas não arranja parceiros públicos; o metro de superfície, entre as principais cidades algarvias, é um mero enunciado, que julgamos não ser uma realidade tão cedo; os parques empresariais, que podiam ser uma alternativa ao turismo, não constam no horizonte, porque não há uma agência com capacidade para atrair empresas não poluidoras para o Algarve;

o desassoreamento do rio Arade é coisa que não se sabe se alguma vez se realizará; as obras finais do porto de recreio de Olhão estão por concluir; resorts e hotéis de luxo anunciam-se para este ano, mas estamos cá para ver, porque só vendo é que acreditamos;

o campus universitário de Portimão não será uma realidade e a Universidade do Algarve tem que repensar todo o seu futuro; a ponte de Alcoutim-San Lucar é uma miragem; as pescas, cada vez mais, estão sob o domínio espanhol;

a agricultura tem um ponto de interrogação, pois o seu futuro é incerto; de uma estratégia para a região, capaz de a tornar produtiva e exportadora de produtos, para além da indústria do turismo, não temos conhecimento – as fábricas de conservas estão moribundas;

os estaleiros não estão adequados para dar resposta a grandes solicitações; os produtos tradicionais, que podiam manter uma elevada percentagem de mão de obra, estão sujeitos às mais diversas contingências, obrigando muitos dos seus investidores a recuarem e desistirem dos seus projectos.

O Algarve está numa encruzilhada no ano de 2007. O Protal, que era para estar concluído, teve prolongamento até Março. Muitos Planos Directores Municipais só começarão a ser revistos depois da homologação daquele documento pelo Governo.

As autarquias perdem peso de iniciativa, porque o Governo pretende exercer um controlo sobre todos os investimentos, mas, por outro lado, os governantes querem atirar para cima das Câmaras mais responsabilidades. Vais ser um ano de grande confusão política.

Talvez haja nisso conveniência governamental, porque, desta forma, a população não discutirá os aumentos que aí estão, a retirar poder de compra a todos os trabalhadores, poderá haver uma diminuição das lutas sindicais e, será certo, uma remodelação lá para a Primavera do actual Governo vai ter que acontecer, porque o próprio Presidente da República tem que cumprir o que disse no seu discurso de Ano Novo: «os portugueses exigem realizações concretas. E o Presidente da República, no início deste ano de 2007, acompanha-os nessa exigência de resultados».

A narração podia continuar, e aqui lançamos um desafio aos nossos leitores: porque não participarem, dando-nos a conhecer, por carta, fax, e-mail, ou de outra forma, o que está prometido e não realizado ou esquecido e aquilo que desejavam ver concluído ou transformado em realidade neste ano de 2007 na região do Algarve?

A vossa participação como cidadãos é importante, porque encerra, em si, um acto de cidadania e o dever de mostrarem a vossa indignação.

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.