quarta-feira, junho 18, 2008

Um país vergonhoso

por Luís Horta (director do jornal Sotavento)

Estava eu a pensar no tema que deveria trazer. Início da 2ª semana verdadeiramente equilibrada, com as temperaturas normais para a época e parecia não encontrar razão de jeito para massacrar os ouvidos ou sequer despertar a atenção do auditório. Os 8 dias anteriores, pelo destrambelhamento originado por exigências, talvez justas, talvez justificadas ou, pelo menos, percebidas foram férteis em eventuais comentários. A ganância dos operadores petrolíferos e o insaciável apetite governativo pela manutenção de impostos acima do razoável, explicam a irritação dos operadores.

Mas se, por enquanto, o pior já passou e se assiste a uma quase normalidade no abastecimento público, não poderemos descartar a certeza de que os ânimos continuam em ebulição. Desde Quarta- Feira, dia 11, na A2 nos percursos ascendente e descendente em direcção ao Algarve e, por toda a via do Infante, algumas dezenas de viaturas provenientes de avaria ou falta de combustível, descansavam nas bermas rodeados de triângulos vermelhos. Achei estranho. Mas depois percebi que se tratava de mais um bloqueio, desta vez dos reboques, cujos proprietários lutam por renovar uma tabela das companhias de assistência em viagem que, levava mais de 10 anos de diligência.

O movimento teve o seu início no Algarve e ameaça estender-se ao resto do país mas, enquanto isso, os veículos não foram assistidos, nem retirados. Quem responde pelos prejuízos inerentes? Entretanto, já vimos referências a uma acção semelhante contra os taxis e depois, ninguém nos garante se os negociantes de carne, peixe, fruta ou as próprias redes de supermercados, não estarão a preparar também a sua exigênciazinha. E o vulgar cidadão, quando poderá reivindicar um melhor serviço de saúde, estradas sem buracos, educação adequada, segurança civil eficaz? Este, terá de aguentar firme aquilo que lhe quiserem dar, como foi o caso há 2 dias noticiado, daquele cidadão português, não sei se algarvio, pois a notícia não o identificava que, requereu o complemento solidário para idosos.

Depois do preenchimento de uma dúzia de impressos complicados e de prestar exaustivas informações sobre os rendimentos familiares a ter dos próprios filhos foi, notificado ter-lhe sido concedido o complemento solidário de 1€ mensal. Mas o idoso só receberá de 5 em 5 meses ao atingir os 5 €. Perante o ridículo do caso e a pequenez deste chamado complemento solidário de idoso, serve tudo o que se viu e ouviu.

Que este português, certamente debilitado e necessitado não tem poder reivindicativo, nem sequer para bloquear as portas envidraçadas do seu Centro Distrital de Segurança Social. E é pena que não tenha.

1 Comments:

Blogger AuBoulot said...

E vergonhoso é igualmente o que no link abaixo poderá visionar.
Há 5 anos que andamos à espera ...
Vergonhoso!
Onde nos podemos dirigir?


http://www.youtube.com/watch?v=M2_oMVqvTG0

6:27 da manhã  

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