Caros algarvios
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
Vamos começar o ano de 2007 com toda a nossa capacidade de sermos tolerantes e esquecer que 2006 foi um ano zero para a região.
Retirando dois investimentos das Estradas de Portugal, a ligação Loulé-Quarteira, mas incompleta, e o melhoramento da estrada de acesso a Monchique, não houve mais investimentos do Governo Central, se a memória não me atraiçoa.
Somos, neste momento, a região que teve maior crescimento demográfico, o que faz com que passemos dos 360 mil para os 500 mil habitantes residentes.
É importante, apesar dos organismos oficiais sediados em Lisboa marginalizarem essa estatística, lembrar que somos diariamente perto de um milhão de pessoas a ocupar esta terra chamada Algarve, por força da sua principal indústria, o turismo.
No entanto, as estruturas que aqui se vão construindo, quando são postas ao serviço da população, começam por ficar quase de imediato obsoletas, porque a sua concepção é feita na base dos censos e não da realidade. Daí que, por vezes, se fale em esgotos que rebentam, em falta de água, etc...
É habitual, neste início de ano, pedirmos vários desejos, mas não valerá a pena formulá-los, porque a região está cheia de promessas. Hospital Central do Algarve fala-se que em 2007 terá o seu arranque;
o Pólo Tecnológico, no Parque das Cidades, há quem diga que poderá ser uma realidade; a aplicação do Plano de Ordenamento da Orla Costeira entre Vilamoura e Vila Real de Santo António alvitram que, finalmente, terá luz verde; as obras na Barragem de Odelouca, cujas águas se destinam ao consumo público, com um controlo rígido por parte da Águas do Algarve, devem ter o seu reinício este ano;
o Oceanário de Sagres tem dinheiro disponível, mas não arranja parceiros públicos; o metro de superfície, entre as principais cidades algarvias, é um mero enunciado, que julgamos não ser uma realidade tão cedo; os parques empresariais, que podiam ser uma alternativa ao turismo, não constam no horizonte, porque não há uma agência com capacidade para atrair empresas não poluidoras para o Algarve;
o desassoreamento do rio Arade é coisa que não se sabe se alguma vez se realizará; as obras finais do porto de recreio de Olhão estão por concluir; resorts e hotéis de luxo anunciam-se para este ano, mas estamos cá para ver, porque só vendo é que acreditamos;
o campus universitário de Portimão não será uma realidade e a Universidade do Algarve tem que repensar todo o seu futuro; a ponte de Alcoutim-San Lucar é uma miragem; as pescas, cada vez mais, estão sob o domínio espanhol;
a agricultura tem um ponto de interrogação, pois o seu futuro é incerto; de uma estratégia para a região, capaz de a tornar produtiva e exportadora de produtos, para além da indústria do turismo, não temos conhecimento – as fábricas de conservas estão moribundas;
os estaleiros não estão adequados para dar resposta a grandes solicitações; os produtos tradicionais, que podiam manter uma elevada percentagem de mão de obra, estão sujeitos às mais diversas contingências, obrigando muitos dos seus investidores a recuarem e desistirem dos seus projectos.
O Algarve está numa encruzilhada no ano de 2007. O Protal, que era para estar concluído, teve prolongamento até Março. Muitos Planos Directores Municipais só começarão a ser revistos depois da homologação daquele documento pelo Governo.
As autarquias perdem peso de iniciativa, porque o Governo pretende exercer um controlo sobre todos os investimentos, mas, por outro lado, os governantes querem atirar para cima das Câmaras mais responsabilidades. Vais ser um ano de grande confusão política.
Talvez haja nisso conveniência governamental, porque, desta forma, a população não discutirá os aumentos que aí estão, a retirar poder de compra a todos os trabalhadores, poderá haver uma diminuição das lutas sindicais e, será certo, uma remodelação lá para a Primavera do actual Governo vai ter que acontecer, porque o próprio Presidente da República tem que cumprir o que disse no seu discurso de Ano Novo: «os portugueses exigem realizações concretas. E o Presidente da República, no início deste ano de 2007, acompanha-os nessa exigência de resultados».
A narração podia continuar, e aqui lançamos um desafio aos nossos leitores: porque não participarem, dando-nos a conhecer, por carta, fax, e-mail, ou de outra forma, o que está prometido e não realizado ou esquecido e aquilo que desejavam ver concluído ou transformado em realidade neste ano de 2007 na região do Algarve?
A vossa participação como cidadãos é importante, porque encerra, em si, um acto de cidadania e o dever de mostrarem a vossa indignação.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Vamos começar o ano de 2007 com toda a nossa capacidade de sermos tolerantes e esquecer que 2006 foi um ano zero para a região.
Retirando dois investimentos das Estradas de Portugal, a ligação Loulé-Quarteira, mas incompleta, e o melhoramento da estrada de acesso a Monchique, não houve mais investimentos do Governo Central, se a memória não me atraiçoa.
Somos, neste momento, a região que teve maior crescimento demográfico, o que faz com que passemos dos 360 mil para os 500 mil habitantes residentes.
É importante, apesar dos organismos oficiais sediados em Lisboa marginalizarem essa estatística, lembrar que somos diariamente perto de um milhão de pessoas a ocupar esta terra chamada Algarve, por força da sua principal indústria, o turismo.
No entanto, as estruturas que aqui se vão construindo, quando são postas ao serviço da população, começam por ficar quase de imediato obsoletas, porque a sua concepção é feita na base dos censos e não da realidade. Daí que, por vezes, se fale em esgotos que rebentam, em falta de água, etc...
É habitual, neste início de ano, pedirmos vários desejos, mas não valerá a pena formulá-los, porque a região está cheia de promessas. Hospital Central do Algarve fala-se que em 2007 terá o seu arranque;
o Pólo Tecnológico, no Parque das Cidades, há quem diga que poderá ser uma realidade; a aplicação do Plano de Ordenamento da Orla Costeira entre Vilamoura e Vila Real de Santo António alvitram que, finalmente, terá luz verde; as obras na Barragem de Odelouca, cujas águas se destinam ao consumo público, com um controlo rígido por parte da Águas do Algarve, devem ter o seu reinício este ano;
o Oceanário de Sagres tem dinheiro disponível, mas não arranja parceiros públicos; o metro de superfície, entre as principais cidades algarvias, é um mero enunciado, que julgamos não ser uma realidade tão cedo; os parques empresariais, que podiam ser uma alternativa ao turismo, não constam no horizonte, porque não há uma agência com capacidade para atrair empresas não poluidoras para o Algarve;
o desassoreamento do rio Arade é coisa que não se sabe se alguma vez se realizará; as obras finais do porto de recreio de Olhão estão por concluir; resorts e hotéis de luxo anunciam-se para este ano, mas estamos cá para ver, porque só vendo é que acreditamos;
o campus universitário de Portimão não será uma realidade e a Universidade do Algarve tem que repensar todo o seu futuro; a ponte de Alcoutim-San Lucar é uma miragem; as pescas, cada vez mais, estão sob o domínio espanhol;
a agricultura tem um ponto de interrogação, pois o seu futuro é incerto; de uma estratégia para a região, capaz de a tornar produtiva e exportadora de produtos, para além da indústria do turismo, não temos conhecimento – as fábricas de conservas estão moribundas;
os estaleiros não estão adequados para dar resposta a grandes solicitações; os produtos tradicionais, que podiam manter uma elevada percentagem de mão de obra, estão sujeitos às mais diversas contingências, obrigando muitos dos seus investidores a recuarem e desistirem dos seus projectos.
O Algarve está numa encruzilhada no ano de 2007. O Protal, que era para estar concluído, teve prolongamento até Março. Muitos Planos Directores Municipais só começarão a ser revistos depois da homologação daquele documento pelo Governo.
As autarquias perdem peso de iniciativa, porque o Governo pretende exercer um controlo sobre todos os investimentos, mas, por outro lado, os governantes querem atirar para cima das Câmaras mais responsabilidades. Vais ser um ano de grande confusão política.
Talvez haja nisso conveniência governamental, porque, desta forma, a população não discutirá os aumentos que aí estão, a retirar poder de compra a todos os trabalhadores, poderá haver uma diminuição das lutas sindicais e, será certo, uma remodelação lá para a Primavera do actual Governo vai ter que acontecer, porque o próprio Presidente da República tem que cumprir o que disse no seu discurso de Ano Novo: «os portugueses exigem realizações concretas. E o Presidente da República, no início deste ano de 2007, acompanha-os nessa exigência de resultados».
A narração podia continuar, e aqui lançamos um desafio aos nossos leitores: porque não participarem, dando-nos a conhecer, por carta, fax, e-mail, ou de outra forma, o que está prometido e não realizado ou esquecido e aquilo que desejavam ver concluído ou transformado em realidade neste ano de 2007 na região do Algarve?
A vossa participação como cidadãos é importante, porque encerra, em si, um acto de cidadania e o dever de mostrarem a vossa indignação.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.