Basta!
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
Os portugueses são obrigados a pagar estradas e pontes cujas contas estão, desde há muitos anos, saldadas, mas, quanto à Via Longitudinal do Algarve, convém não esquecer que, em regime de SCUT, apenas foi construído o troço de Alcantarilha - Lagos, porquanto o restante já estava pago desde o tempo em que Cavaco Silva desempenhou o cargo de primeiro-ministro.
Afirma Paulo Campos que na Estrada Nacional 125, «já está em curso um conjunto de investimentos que, esperamos nós, venham a beneficiar essas alternativas».
O conhecimento do local não deve constar das suas notas, porque, certamente, terá lido um ou outro relatório, mas nunca se predispôs a atravessar o Algarve circulando por essa malfadada via da morte, tornando-se até vergonhoso apelidar aquela rua, com casas de um lado e do outro, de Estrada Nacional 125.
É bom que o senhor secretário, sem polícia como escolta, na qualidade de cidadão anónimo, a conduzir o seu próprio carro, coloque as quatro rodas da sua viatura em Vila Real de Santo António e procure chegar a Lagos sem ter que atravessar Olhão, Faro, Almancil, Quatro Estradas/Boliqueime, Ferreiras/Guia, Lagoa, Portimão e Lagos...
Já chamámos a atenção dos responsáveis para o facto do Governo poder ferir de morte o Algarve. Além das portagens na SCUT (Alcantarilha - Lagos), há outros mecanismos, que envolvem os investimentos turísticos, que podem massificar a região.
É o caso dos investimentos públicos retardados, porque a força dos lóbis está, para infelicidade daquela região, a pressionar o investimento na Costa Alentejana e na zona do Alqueva. O Algarve tem que deixar de ser uma moda, porque é a região mais importante no contexto do turismo nacional.
Mas Lisboa quer ter mais hotéis, os Projectos de Interesse Nacional (PIN) são para o Alentejo e aqueles que calharem ao Algarve são um pau de dois bicos.
É altura das forças vivas, dos empresários do turismo, começarem a entender o que se está a passar na costa da Andaluzia, na paragem que os responsáveis do poder regional pretendem fazer, nas demolições que querem encetar, porque uma região de qualidade é uma região equilibrada.
Ainda temos algumas reservas ambientais que atraem os turistas.
Quando um secretário de Estado, desconhecedor da realidade, apregoa que «vamos ter de olhar para a Nacional 125 e trabalhar no sentido de que ela seja, a prazo, uma alternativa eficaz e adequada, então com certeza que terá de ser feita uma reavaliação dos critérios», isto é, avançar com as portagens.
A ameaça está feita, e quanto mais cedo se cumprir melhor. Não se pense que, pelo facto do PS Algarve anunciar que não haverá portagens na Via do Infante, que o Governo terá contemplações.
Miguel Freitas já foi enviado para Bruxelas, para um bom lugar, e, se necessário, será aconselhado a deixar a liderança do partido, para que outros figurantes, não comprometidos, assumam o poder regional.
O Protal é um documento que não merece a aprovação das forças políticas, dos presidentes de Câmara, mas alguém estará convencido que as recomendações para que sejam alterados determinados capítulos será aceite? Nem se pense que o Protal poderá ser muito importante.
Os Planos Directores Municipais serão moldados às suas directrizes, mas, quando necessário, avança um plano de pormenor e deixa de vigorar o PDM.
São os jogos de poder, num país onde se contabiliza o voto, onde as autarquias vivem do IMI e das licenças de obras, onde não existe um programa de reforma de uma sociedade que viveu muito tempo acima das suas posses, onde se traçam cenários virtuais, se prometem coisas impossíveis, se olha para o futuro sem sabermos onde vamos parar, com os espanhóis a comprarem Portugal ao retalho.
Temos muitas dúvidas sobre se, num destes dias, não será Madrid a ditar as regras para um Governo fantoche.
A regionalização pode contribuir para inverter este ciclo, mas o Governo vai muito devagar, devagarinho, um passo em frente, dois para trás.
Em política não há ingenuidade. Há estratégias a curto, médio e longo prazo. Os socialistas querem continuar a governar por mais uma legislatura, mas o povo não pode continuar a aguentar tanta demagogia, especulação e exploração.
Basta!
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Os portugueses são obrigados a pagar estradas e pontes cujas contas estão, desde há muitos anos, saldadas, mas, quanto à Via Longitudinal do Algarve, convém não esquecer que, em regime de SCUT, apenas foi construído o troço de Alcantarilha - Lagos, porquanto o restante já estava pago desde o tempo em que Cavaco Silva desempenhou o cargo de primeiro-ministro.
Afirma Paulo Campos que na Estrada Nacional 125, «já está em curso um conjunto de investimentos que, esperamos nós, venham a beneficiar essas alternativas».
O conhecimento do local não deve constar das suas notas, porque, certamente, terá lido um ou outro relatório, mas nunca se predispôs a atravessar o Algarve circulando por essa malfadada via da morte, tornando-se até vergonhoso apelidar aquela rua, com casas de um lado e do outro, de Estrada Nacional 125.
É bom que o senhor secretário, sem polícia como escolta, na qualidade de cidadão anónimo, a conduzir o seu próprio carro, coloque as quatro rodas da sua viatura em Vila Real de Santo António e procure chegar a Lagos sem ter que atravessar Olhão, Faro, Almancil, Quatro Estradas/Boliqueime, Ferreiras/Guia, Lagoa, Portimão e Lagos...
Já chamámos a atenção dos responsáveis para o facto do Governo poder ferir de morte o Algarve. Além das portagens na SCUT (Alcantarilha - Lagos), há outros mecanismos, que envolvem os investimentos turísticos, que podem massificar a região.
É o caso dos investimentos públicos retardados, porque a força dos lóbis está, para infelicidade daquela região, a pressionar o investimento na Costa Alentejana e na zona do Alqueva. O Algarve tem que deixar de ser uma moda, porque é a região mais importante no contexto do turismo nacional.
Mas Lisboa quer ter mais hotéis, os Projectos de Interesse Nacional (PIN) são para o Alentejo e aqueles que calharem ao Algarve são um pau de dois bicos.
É altura das forças vivas, dos empresários do turismo, começarem a entender o que se está a passar na costa da Andaluzia, na paragem que os responsáveis do poder regional pretendem fazer, nas demolições que querem encetar, porque uma região de qualidade é uma região equilibrada.
Ainda temos algumas reservas ambientais que atraem os turistas.
Quando um secretário de Estado, desconhecedor da realidade, apregoa que «vamos ter de olhar para a Nacional 125 e trabalhar no sentido de que ela seja, a prazo, uma alternativa eficaz e adequada, então com certeza que terá de ser feita uma reavaliação dos critérios», isto é, avançar com as portagens.
A ameaça está feita, e quanto mais cedo se cumprir melhor. Não se pense que, pelo facto do PS Algarve anunciar que não haverá portagens na Via do Infante, que o Governo terá contemplações.
Miguel Freitas já foi enviado para Bruxelas, para um bom lugar, e, se necessário, será aconselhado a deixar a liderança do partido, para que outros figurantes, não comprometidos, assumam o poder regional.
O Protal é um documento que não merece a aprovação das forças políticas, dos presidentes de Câmara, mas alguém estará convencido que as recomendações para que sejam alterados determinados capítulos será aceite? Nem se pense que o Protal poderá ser muito importante.
Os Planos Directores Municipais serão moldados às suas directrizes, mas, quando necessário, avança um plano de pormenor e deixa de vigorar o PDM.
São os jogos de poder, num país onde se contabiliza o voto, onde as autarquias vivem do IMI e das licenças de obras, onde não existe um programa de reforma de uma sociedade que viveu muito tempo acima das suas posses, onde se traçam cenários virtuais, se prometem coisas impossíveis, se olha para o futuro sem sabermos onde vamos parar, com os espanhóis a comprarem Portugal ao retalho.
Temos muitas dúvidas sobre se, num destes dias, não será Madrid a ditar as regras para um Governo fantoche.
A regionalização pode contribuir para inverter este ciclo, mas o Governo vai muito devagar, devagarinho, um passo em frente, dois para trás.
Em política não há ingenuidade. Há estratégias a curto, médio e longo prazo. Os socialistas querem continuar a governar por mais uma legislatura, mas o povo não pode continuar a aguentar tanta demagogia, especulação e exploração.
Basta!
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.