O Desafio do Mar
por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)
Discute-se actualmente na Europa a política para o Mar… Portugal é de todos os estados membros da União Europeia aquele para quem o Mar é mais importante… convém por isso que se afirme também como estado com mais influência na definição e aplicação das políticas para o Mar.
Em Portugal, o Algarve é das regiões mais abertas e mais ligadas ao Mar e para quem o Mar é decisivo… Convém por isso que os políticvos do Algarve entendam o que se está a discutir e sejam, por uma vez, capazes de fazer o que devem fazer…
A euro-deputada Jamila Madeira tomou a excelente iniciativa com a promoção da conferência na Universidade do Algarve sobre a gestão integrada da zona costeira… Mas não basta. Nem o nosso mar se pode reduzir à zona costeira, nem a iniciativa de Jamila Madeira dispensa os outros algarvios – políticos, empresários, universidades – de começarem a mexer-se.
O Dia Nacional do Mar foi assinalado com várias iniciativas institucionais… mas, se elas não tiverem agora desenvolvimento, não terão servido para grande coisa.
Os algarvios têm de perder o hábito de ficar sentados à espera que as coisas aconteçam. Têm de perceber como é que, em democracia, as decisões são tomadas e como se desenvolvem os processos de decisão… E aprender a intervir nesses processos de modo a chegar a brasa à sua sardinha e levar a água ao seu moinho. Senão….
Esta incapacidade para defender os interesses próprios nasce de décadas de inacção forçada e dependência do estado salazarento… É uma cultura que leva e vai levar ainda tempo a ultrapassar.
Nos anos trinta, Salazar estruturou um Estado para condicionar e controlar a sociedade civil. É o estado do condicionamento e controlo de tudo… Décadas depois, esse estado continua a crescer desmesuradamente e nunca foi realmente posto em causa. Ainda ontem um jornal explicava como entre funcionários da administração central, da regional e da local, há por cada dúzia de portugueses um funcionário público !
Nem isto é tolerável, nem há dinheiro que chegue para pagar a esta gente, nem o Estado que queremos precisa deles… Portanto, e apesar da cultura salazarenta de dependência e deste estado paquidérmico, que sofre de elefantíase crónica, os algarvios têm de aprender a defender os seus interesses e a responder positivamente aos desafios que se lhes colocam… E aprender a deixar de se queixar!
O Mar é, neste momento, pela definição da política europeia um grande momento de desafio… Temos que nos mexer para depois não nos queixarmos das maldades e sacanices de Bruxelas.
O meu amigo Zé Graça bem que o percebeu e daí o destaque que nestes dias deu à questão do Mar… Que outros, de Macário Correia ao José Apolinário, o percebam também. E se mexam…
NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.
Discute-se actualmente na Europa a política para o Mar… Portugal é de todos os estados membros da União Europeia aquele para quem o Mar é mais importante… convém por isso que se afirme também como estado com mais influência na definição e aplicação das políticas para o Mar.
Em Portugal, o Algarve é das regiões mais abertas e mais ligadas ao Mar e para quem o Mar é decisivo… Convém por isso que os políticvos do Algarve entendam o que se está a discutir e sejam, por uma vez, capazes de fazer o que devem fazer…
A euro-deputada Jamila Madeira tomou a excelente iniciativa com a promoção da conferência na Universidade do Algarve sobre a gestão integrada da zona costeira… Mas não basta. Nem o nosso mar se pode reduzir à zona costeira, nem a iniciativa de Jamila Madeira dispensa os outros algarvios – políticos, empresários, universidades – de começarem a mexer-se.
O Dia Nacional do Mar foi assinalado com várias iniciativas institucionais… mas, se elas não tiverem agora desenvolvimento, não terão servido para grande coisa.
Os algarvios têm de perder o hábito de ficar sentados à espera que as coisas aconteçam. Têm de perceber como é que, em democracia, as decisões são tomadas e como se desenvolvem os processos de decisão… E aprender a intervir nesses processos de modo a chegar a brasa à sua sardinha e levar a água ao seu moinho. Senão….
Esta incapacidade para defender os interesses próprios nasce de décadas de inacção forçada e dependência do estado salazarento… É uma cultura que leva e vai levar ainda tempo a ultrapassar.
Nos anos trinta, Salazar estruturou um Estado para condicionar e controlar a sociedade civil. É o estado do condicionamento e controlo de tudo… Décadas depois, esse estado continua a crescer desmesuradamente e nunca foi realmente posto em causa. Ainda ontem um jornal explicava como entre funcionários da administração central, da regional e da local, há por cada dúzia de portugueses um funcionário público !
Nem isto é tolerável, nem há dinheiro que chegue para pagar a esta gente, nem o Estado que queremos precisa deles… Portanto, e apesar da cultura salazarenta de dependência e deste estado paquidérmico, que sofre de elefantíase crónica, os algarvios têm de aprender a defender os seus interesses e a responder positivamente aos desafios que se lhes colocam… E aprender a deixar de se queixar!
O Mar é, neste momento, pela definição da política europeia um grande momento de desafio… Temos que nos mexer para depois não nos queixarmos das maldades e sacanices de Bruxelas.
O meu amigo Zé Graça bem que o percebeu e daí o destaque que nestes dias deu à questão do Mar… Que outros, de Macário Correia ao José Apolinário, o percebam também. E se mexam…
NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.