quinta-feira, junho 07, 2007

De um lado os partidos, do outro o trade

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

As eleições para a Região de Turismo do Algarve, às quais apenas concorreu uma lista proposta numa coligação PS e PSD, vão trazer consequências futuras para a região, quer queiram ou não admitir essa realidade muitos dos políticos que cozinharam esta decisão.

O acordo entre socialistas e social-democratas passou ao lado da Comissão Política Distrital do PS.

Não está em causa a bondade das pessoas que compõem a lista, nem se pretende discutir o seu valor pessoal a nível do sector turístico, pois esses são dados que o tempo se encarregará de trazer à tona da água.

O que importa perceber neste contexto, é que os partidos não chamaram para quaisquer negociações as associações do sector, que acabaram por sentir a necessidade de elaborar uma lista própria.

Mas, por força das contingências político-sociais, das pressões existentes sobre determinadas pessoas (sempre negadas por quem as pratica), e da forma corporativa como os partidos funcionam, as associações não conseguiram recolher a assinatura que faltava para legalização da sua candidatura.

Neste momento, seja qual for o resultado final do acto eleitoral, estamos perante uma realidade inquestionável - de um lado, estão os partidos políticos, do outro está todo o sector.

É preciso perceber que, em muitos anos, mais de uma dezena ou vintena, nunca o sector se tinha unido para concorrer à RTA.

E, como era do conhecimento público, havia algumas divergências entre associações como a AHETA e a AIHSA que foram sanadas, constituindo-se um conjunto forte a nível do sector, incluindo o Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria, para responder ao que é considerado como a partidarização da Região de Turismo.

Se, por um lado, a RTA é governável como um organismo normal, esperando-se que o seu presidente não permita que pessoas, caso do vogal Nuno Aires, por exemplo, participem em votações que digam respeito a concursos aos quais a sua empresa concorra, outra realidade será o trabalho a desenvolver pela Associação Turismo do Algarve (ATA), onde os privados, que agora foram relegados para plano secundário, se encontram associados.

A ATA, a quem compete a promoção externa, teve a promessa da Associação do Sotavento, agora representada na lista para a RTA pelo seu presidente Almeida Pires, de que entraria com 100 mil euros, coisa que nunca concretizou.

Tudo isto porque esta Associação terá imposto, para assumir esse compromisso, que a ATA não podia admitir sócios do Sotavento e que as realizações respeitantes àquela zona do Algarve seriam da sua responsabilidade.

Isto é, tínhamos uma ATA que apenas seria real para o Centro do Algarve e o Barlavento. Esperemos agora que Almeida Pires saiba o que é a região do Algarve e António Pina não se deixe ludibriar por truques que retirem operacionalidade à ATA.

Não contente com a colocação de Almeida Pires na lista, o PSD avança com Helena Mak, ligada ao sector do golfe, mas que muito poucas provas tem dado, sendo outro organismo que se propôs entregar 100 mil euros à ATA, nunca o concretizando. São estas as pessoas que o PSD escolheu para darem o seu contributo na Região de Turismo.

Esta realidade, nua e crua, não é benéfica para a ATA, nem tão pouco para a Região de Turismo do Algarve, por muito que os políticos queiram jogar areia nos olhos do sector e dos observadores. O que se vai passar em termos futuros é difícil de prognosticar.

Mas não deixa de ser curiosa a política do Governo, que dá posse ao presidente da RTA no dia seguinte à sua eleição, quando há outras Regiões de Turismo que esperam há um mês por esta acção.

E que dá posse no Governo Civil de Faro, sem que esteja ainda empossada a nova Governadora Civil.

Governo que mantém a fasquia de comparticipação na promoção externa, de acordo com a regra de que um euro dos privados, mais um euro da RTA, correspondem a uma comparticipação do Governo de quatro euros.

Com estas políticas governamentais, tudo se poderá complicar, se a nível da ATA não se mantiver o equilíbrio desejável e a transparência sempre necessária para que funcionem os organismos onde existem vários parceiros.

António Pina, novo presidente da Região de Turismo do Algarve, poderá ter uma vida fácil, porque o seu trajecto político não começou ontem e sempre foi feito com retidão.

Mas o facto de ter condescendido à solicitação de Miguel Freitas, torna-o mais frágil, quando, por outro lado, a lista com quem vai trabalhar lhe diz muito pouco.

O seu pedido de lealdade e transparência é um sinal de quem não está à vontade a comandar as suas tropas.

Em nome da Nação Algarve, fica o desejo de que o futuro seja prenhe de vitórias e que a projecção do nosso nome chegue cada vez mais longe, porque precisamos muito dos turistas.

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

COMUNICADO Nº 33

PSD/ALGARVE SAÚDA ELEITOS PARA A RTA E AVISA SECRETÁRIO DE ESTADO

O PSD/Algarve saúda os recém-eleitos dirigentes da Região de Turismo do Algarve, uma equipa liderada por António Pina, e para cuja composição o PSD contribuiu com a indicação de um conjunto de respeitados profissionais do sector turístico algarvio, cuja qualidade e experiência são inquestionáveis.

O que se espera desta solução politicamente forte, é que coloque sempre os interesses do turismo algarvio acima de quaisquer interesses particulares, que saiba gerir esta entidade com competência, equilíbrio e bom senso, que contribua para o crescimento e a afirmação do sector, nacional e internacionalmente, e que pugne para que, na próxima revisão do quadro legislativo das Regiões de Turismo, as competências da RTA sejam alargadas.

Foram algarvios, quem escolheu algarvios, para gerir os destinos da sua Região de Turismo. O Secretário de Estado do Turismo deve ficar desde já informado de que, qualquer tentativa na nova legislação para transformar uma escolha livre e democrática, num acto de nomeação governamental, merecerá frontal oposição do PSD.

Ao longo deste processo eleitoral, o PSD assistiu e ouviu, com muita serenidade, mas com igual perplexidade, um conjunto de afirmações, que não devem passar sem breve menção, e passar de imediato ao arquivo.

Desde logo, houve um partido político que, na sua ânsia de condenar um legítimo entendimento entre o PS e o PSD numa matéria e num sector de vital importância para o Algarve, se esqueceu que, num passado não muito longínquo, a RTA foi governada, durante uma década, na base de um entendimento entre o PSD e esse mesmo partido.

Também se assistiu a um responsável cessante, cuja candidatura há quatro anos foi viabilizada num gabinete partidário, que entendeu terminar o mandato anunciando que o “meu partido é o Turismo”, numa versão “carmoniana” de um outro filme em exibição na capital, como se nada tivesse a ver com quem, de facto, o elegeu.

Finalmente, tentou-se diabolizar os partidos políticos, como se os votos legítimos dos seus representantes autárquicos fossem bons ou maus consoante a lista que apoiem, e desprezando esse facto incontornável de que a lista ora eleita por larga maioria, integra um conjunto de profissionais do Turismo tão válidos como quaisquer outros, sejam ou não dirigentes associativos.

O PSD/Algarve entende que a presença do sector turístico na RTA é indispensável, e tudo fez para que ela fosse assegurada, antes e depois do acordo estabelecido com o PS, mas também não pode alinhar numa lógica primária e demagógica anti-partidos e anti-políticos, como se, de um lado, esteja um bando de incompetentes e de corruptos, e do outro lado, um exclusivo de competências e de virtudes.

A Região de Turismo do Algarve, como todas as Regiões de Turismo, é um organismo onde convivem estatutariamente a política e o interesse particular, o Estado desconcentrado e o poder local. Lida com dinheiros públicos e privados. Podem discutir-se as suas competências, ou a necessidade de reforçar a presença do sector privado na sua composição, como advoga o PSD. É a mais antiga parceria público/privada de Portugal.

Mas é bom que fique claro que, à falta de condições objectivas para outro tipo de entendimentos, tanta legitimidade têm os partidos políticos para juntar esforços e fazer acordos, como legitimidade têm as entidades não públicas nem políticas, para unir esforços e estabelecer acordos, ultrapassando velhas e conhecidas divergências.

Virada esta página na história da RTA, há que colocar os olhos no futuro. Há uma fornada nova de dirigentes do turismo algarvio. É um espírito renovador que se saúda, e que se deve estender às suas linhas de acção. O PSD/Algarve apela à união de esforços de todas as forças vivas da Região com jurisdição no Turismo para, em conjunto com os novos responsáveis da RTA, com espírito positivo mas crítico quando necessário, contribuírem para a valorização do sector.


Faro, 7 de Junho de 2007

A Comissão Política Distrital do PSD/Algarve

5:45 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um abraço ao companheiro Mendes Bota.
Enquanto o PS do Algarve tiver dirigentes como estes...é só saúde!

10:19 da tarde  

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