O aquecimento global
por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)
Na próxima terça-feira, 5 de Junho, comemora-se o Dia Mundial do Ambiente, data que as Nações Unidas consideram uma excelente oportunidade para sensibilizar os cidadãos para a importância da preservação do Ambiente. Este ano, o tema escolhido gira em torno da problemática do degelo, como consequência do aquecimento global do planeta, provocado, essencialmente, pela emissões de dióxido de carbono, CO2.
E esta é uma situação que nos penaliza significativamente, já que o nosso país continua bastante distante das metas traçadas pelo Protocolo de Quioto, o que não deixa de ser preocupante. Segundo dados divulgados pela Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, Portugal regista um aumento significativo das emissões de CO2, relativamente ao ano de referência (1990), com 45 por cento, mais 18 pontos percentuais que a meta estabelecida, que é de 27 por cento.
Isto, apesar de Portugal ter evitado a produção de 1,7 milhões de toneladas de CO2, através da importação de electricidade e outro meio milhão, através da produção de energia eólica, numa poupança total de 2,2 milhões de toneladas de emissões de CO2, o equivalente a uma redução de 3,8 pontos percentuais na percentagem de emissões acima do limite de Quioto.
Para o agravamento desta situação, contribuíram a seca de 2005 e os numerosos incêndios florestais dos últimos anos. Prevê-se, aliás, que, até 2070, o aquecimento global da Terra provoque a ocorrência, cada vez mais frequente, na Península Ibérica, de secas que originarão, inevitavelmente, uma quebra até cerca de 60 por cento da sua capacidade de geração de energia eléctrica.
De acordo com as previsões dos cientistas, o degelo do Árctico irá provocar um aumento de 110 centímetros no nível do mar, até 2080, o que afectará cerca de 67 por cento da costa portuguesa. Em tempo de comemorações, importa deixar a mensagem de que a inversão desta tendência autodestrutiva do Planeta, combate-se através de uma educação que promova, verdadeiramente, os valores ambientais e de novas políticas, que apostem, decididamente, num correcto ordenamento do território e nas energias re-nováveis. Não há outro caminho!
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.