O Turismo do Algarve merece mais
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
As eleições para a Região de Turismo do Algarve mostraram a fragilidade do sistema em que assentam e a carga que os directórios dos partidos colocam no acto, partidarizando um organismo que se deseja, cada vez mais, neutro e com capacidade interventiva na organização de eventos e na promoção da região.
Partido Socialista e Partido Social Democrata formaram uma coligação, algo que ninguém consegue compreender, quando se pretende efectuar uma leitura política, e cujo resultado final, por muito que se possa contabilizar as cabeças, é difícil de prognosticar.
Daí que o próprio candidato do PS, António Pina, a desempenhar as funções de Governador Civil, se tenha contido quanto ao seu pedido de demissão.
O sector, personalizado na AHETA, manifestou-se contra a partidarização do órgão, como sempre tem feito. Os resultados palpáveis para o Algarve são quase nulos, porquanto a própria criação da Agência de Turismo, para a promoção, sente-se impotente para capitalizar a participação dos privados.
O Algarve tem sobrevivido à custa da sua própria natureza, e porque se assume como principal região turística do país. Mas cada um puxa para seu lado e não vão lado nenhum.
O presente acto eleitoral acabou por consumar a ruptura entre o chamado trade e aquele órgão de cúpula. As pessoas não se vão entender.
Nos partidos, em especial no PS, começa a sentir-se uma maior contestação ao acordo efectuado com o PSD, acordo que não é do conhecimento de todos os membros que aplaudiram a nomeação de António Pina na passada sexta-feira.
Daí as questões que se colocam, havendo a noção de que há várias correntes dentro dos socialistas, prontas a saltar, caso os resultados eleitorais não sejam favoráveis à coligação.
No PSD, Mendes Bota é o grande vencedor, porque impõe as regras, coloca as suas pedras sobre a mesa, e os socialistas são obrigados a aceitar, permitindo que, no fundo, a governação da RTA continue a ser social-democrata, porque a promoção e a vice-presidência estarão nas suas mãos.
Mas Bota perdeu um aliado, que foi Elidérico Viegas, presidente da AHETA, nada disposto a aceitar a solução proposta. Elidérico está na disposição de apresentar uma lista, nem que seja para perder, mas como um sinal de descontentamento e marcando a sua contestação.
Com a entrada do sector em cena, colocando em cima da mesa uma lista não partidária, é forçoso que haja um dilema por parte de quem vota.
Sabendo-se que haverá, tanto da parte dos socialistas, como dos social-democratas, presidentes de Câmara que se vão abster, resta mexer nas pedras do xadrez, se a lista de António Pina quer sair vencedora.
Volta-se sempre à velha questão – fazem-se as manobras de bastidores para obter uma vitória, que cheira a falso e não tem nada de transparente. Substituir pessoas de quem se desconfia não serem leais, por outras subservientes, é um jogo viciado, que cheira a «apito dourado».
Dia 5 de Junho pode ser um dia em que muita coisa se alterará no Algarve. Se a lista de António Pina não sair vencedora, a Miguel Freitas, depois de tantos convites feitos para que as pessoas se candidatassem e com resposta negativa, só lhe resta colocar o seu lugar à disposição.
Porque foi um tiro que deu nos pés, quando convocou uma Comissão Regional, que não se realizou por falta de quórum e depois de todos os comentários efectuados.
Mostrou não haver coragem para comparecer e exigir explicações, dando o caso por encerrado com o regresso de Helder Martins à RTA.
Ou será que os dirigentes regionais andam a reboque das cabeças de Lisboa e só porque Luís Patrão terá desabafado que o caso de Helder Martins era passado, resolveram esquecer todas as perguntas que deixaram no ar?
A partidarização da Região de Turismo não é saudável. Aquele deve ser um organismo técnico, com dirigentes capazes de gerar mais valias para o turismo.
Neste momento, em que já se adiou a apresentação do «Allgarve» por várias vezes, não se sabe qual o futuro da Região de Turismo, se passa a uma mera agência regional ou se tem um papel interventor na promoção e dinamização dos eventos para a região.
Criar um choque entre o sector e aquele órgão, muito por força da sua partidarização, é cavar um fosso e não esperar a melhor colaboração de quem não está disposto a subordinar-se a pessoas que de turismo apenas conhecem as rotas dos aviões e os locais onde passam férias.
O Turismo do Algarve merece muito mais. É pena que continuemos a alimentar o capelismo.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
As eleições para a Região de Turismo do Algarve mostraram a fragilidade do sistema em que assentam e a carga que os directórios dos partidos colocam no acto, partidarizando um organismo que se deseja, cada vez mais, neutro e com capacidade interventiva na organização de eventos e na promoção da região.
Partido Socialista e Partido Social Democrata formaram uma coligação, algo que ninguém consegue compreender, quando se pretende efectuar uma leitura política, e cujo resultado final, por muito que se possa contabilizar as cabeças, é difícil de prognosticar.
Daí que o próprio candidato do PS, António Pina, a desempenhar as funções de Governador Civil, se tenha contido quanto ao seu pedido de demissão.
O sector, personalizado na AHETA, manifestou-se contra a partidarização do órgão, como sempre tem feito. Os resultados palpáveis para o Algarve são quase nulos, porquanto a própria criação da Agência de Turismo, para a promoção, sente-se impotente para capitalizar a participação dos privados.
O Algarve tem sobrevivido à custa da sua própria natureza, e porque se assume como principal região turística do país. Mas cada um puxa para seu lado e não vão lado nenhum.
O presente acto eleitoral acabou por consumar a ruptura entre o chamado trade e aquele órgão de cúpula. As pessoas não se vão entender.
Nos partidos, em especial no PS, começa a sentir-se uma maior contestação ao acordo efectuado com o PSD, acordo que não é do conhecimento de todos os membros que aplaudiram a nomeação de António Pina na passada sexta-feira.
Daí as questões que se colocam, havendo a noção de que há várias correntes dentro dos socialistas, prontas a saltar, caso os resultados eleitorais não sejam favoráveis à coligação.
No PSD, Mendes Bota é o grande vencedor, porque impõe as regras, coloca as suas pedras sobre a mesa, e os socialistas são obrigados a aceitar, permitindo que, no fundo, a governação da RTA continue a ser social-democrata, porque a promoção e a vice-presidência estarão nas suas mãos.
Mas Bota perdeu um aliado, que foi Elidérico Viegas, presidente da AHETA, nada disposto a aceitar a solução proposta. Elidérico está na disposição de apresentar uma lista, nem que seja para perder, mas como um sinal de descontentamento e marcando a sua contestação.
Com a entrada do sector em cena, colocando em cima da mesa uma lista não partidária, é forçoso que haja um dilema por parte de quem vota.
Sabendo-se que haverá, tanto da parte dos socialistas, como dos social-democratas, presidentes de Câmara que se vão abster, resta mexer nas pedras do xadrez, se a lista de António Pina quer sair vencedora.
Volta-se sempre à velha questão – fazem-se as manobras de bastidores para obter uma vitória, que cheira a falso e não tem nada de transparente. Substituir pessoas de quem se desconfia não serem leais, por outras subservientes, é um jogo viciado, que cheira a «apito dourado».
Dia 5 de Junho pode ser um dia em que muita coisa se alterará no Algarve. Se a lista de António Pina não sair vencedora, a Miguel Freitas, depois de tantos convites feitos para que as pessoas se candidatassem e com resposta negativa, só lhe resta colocar o seu lugar à disposição.
Porque foi um tiro que deu nos pés, quando convocou uma Comissão Regional, que não se realizou por falta de quórum e depois de todos os comentários efectuados.
Mostrou não haver coragem para comparecer e exigir explicações, dando o caso por encerrado com o regresso de Helder Martins à RTA.
Ou será que os dirigentes regionais andam a reboque das cabeças de Lisboa e só porque Luís Patrão terá desabafado que o caso de Helder Martins era passado, resolveram esquecer todas as perguntas que deixaram no ar?
A partidarização da Região de Turismo não é saudável. Aquele deve ser um organismo técnico, com dirigentes capazes de gerar mais valias para o turismo.
Neste momento, em que já se adiou a apresentação do «Allgarve» por várias vezes, não se sabe qual o futuro da Região de Turismo, se passa a uma mera agência regional ou se tem um papel interventor na promoção e dinamização dos eventos para a região.
Criar um choque entre o sector e aquele órgão, muito por força da sua partidarização, é cavar um fosso e não esperar a melhor colaboração de quem não está disposto a subordinar-se a pessoas que de turismo apenas conhecem as rotas dos aviões e os locais onde passam férias.
O Turismo do Algarve merece muito mais. É pena que continuemos a alimentar o capelismo.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.