quarta-feira, abril 30, 2008

Crise económica

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)


Daniel Bessa, um professor de economia que tem estudado muito o caso português, deixou há dias numa conferencia no Algarve um alerta sobre a próxima crise grave em Portugal e algumas pistas para ultrapassarmos bem. Portugal, diz Daniel Bessa, vai passar para ritmos de crescimento mais baixos do que os actuais. Tudo isto, devido à crise financeira mundial e ao consequente arrefecimento da economia global.

Mas, também tem consequências muito importantes para nós a aterragem forçada da economia espanhola, que já está a mergulhar e, se prevê que tenha um mergulho bastante violento. São factos e circunstâncias que nós não controlamos e nem sequer podemos influenciar, mas que nos vão cair em cima da cabeça.

Para resistir e ultrapassar este desastre anunciado, Daniel Bessa defende que temos de definir motores para a nossa economia e apostar forte neles. Para ele, é claro que os motores da economia portuguesa são as médias e pequenas empresas e citou exemplos: a EFASEC. Podia ter acrescentado a Edisoft e as empresas tecnológicas do pólo espacial e da defesa que se safam muito bem na competição mundial e até são lideres mundiais em certos segmentos bem avançados.

Mas também sejamos honestos. Há que dizer que a todas estas pequenas e médias empresas falta marca e falta comunicação para se elevarem na cadeia de valor e ganhar o dinheiro que ainda não conseguem ganhar e que merecem e, esta marca é essencial para a aposta que Bessa defende nos mercados externos. No mercado global também temos de apostar cada vez mais e com mais qualidade no turismo do nosso Algarve.

Daniel Bessa, certamente estará de acordo que a aposta das nossas pequenas e médias empresas tecnológicas e com vocação exportadora para o mercado global, sendo uma aposta estratégica e imprescindível, não nos resolve porém um problema grave. O problema do emprego de centenas de milhares de pessoas pouco qualificadas é estratégico e imprescindível e só indústrias de mão-de-obra intensiva, como o turismo o podem resolver.

Daí a necessidade absoluta de manter e desenvolver uma política séria e inteligente para qualificar e desenvolver esta indústria estratégica para o Algarve, mas também para Portugal que é o turismo e já não é sem tempo.