quinta-feira, abril 17, 2008

Num sono profundo

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)


"O lar foi desde sempre a pretensão inicial da instituição", reconhece Augusto César, um militante de causas sociais que tem lutado para que a Serra do Caldeirão não adormeça num profundo sono. Esta, é uma nova etapa que a Instituição de Solidariedade Social da Serra do Caldeirão está a viver, com a apresentação de um projecto e de uma nova candidatura para construir um lar para idosos acamados e deficientes mentais que fiquem sem família.

O Instituto de Segurança Social promete dar todo o apoio para a sua concretização, pelo que o projecto não pode morrer nos corredores burocráticos. O projecto tem um lar com 84 quartos que pretende responder às valências. De certa forma, que já tem alguma resposta a nível dos acamados, mas quanto aos deficientes mentais, é preciso que se diga que não existe no Sul do país uma única instituição que os possa acolher depois de ficarem sem pais.

Isto, é de facto um drama real que muitas das pessoas vivem e que são depois integradas em lares de idosos, que em nada estão preparados para os receber. A Governadora Civil e o director do Centro Distrital de Faro da Segurança Social têm conhecimento do trabalho desta instituição e é importante, portanto, que já existindo terreno disponível para que seja feita a construção do lar, que comece a ser desumano prolongar por anos e anos um simples despacho do ministro da cultura, bastando assinar os termos de modo a que a obra possa concluir-se.

Além destes projectos, a Câmara Municipal de São Brás de Alportel reconheceu todo o trabalho desta instituição de solidariedade social e irá entregar-lhe, de São Brás de Alportel a uma instituição do concelho de Loulé, uma escola recuperada e desactivada, criando ali um centro de dia para que esta instituição possa administrar. É de facto importante que as pessoas se comecem a aperceber de uma realidade que existe no nosso país e, que é de facto, os deficientes mentais quando os pais morrem.

Onde ficam estas pessoas? E não existem um, dois, três, existem talvez milhares de pessoas nestas condições. É desumano não permitir que um lar destes seja construido e os burocratas e os monges de alpaca estejam de facto nos gabinetes fechados a pôr um travão numa obra que é essencial e importante, não só para o Algarve, como para a Serra do Caldeirão, porque a serra não pode ficar num profundo sono.