quinta-feira, abril 10, 2008

À espera da Circular Norte

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Há 10 anos, o concelho de Loulé abriu as suas portas para receber o aterro sanitário do Sotavento Algarvio, com a condição de pelo menos o Governo assumir o compromisso de construir a Circular Norte, para evitar a circulação dos cameões de transporte dos resíduos sólidos pelo centro da cidade. Passaram-se todos estes anos, o aterro está a funcionar mas a Circular Norte tem vindo a ser adiada.

Sem um pingo de vergonha e sem constrangimento, o Secretário de Estado do adjunto das obras públicas teve o descaramento de afirmar que a Circular Norte de Loulé esteve prevista para integrar o projecto de requalificação da Estrada Nacional 125 mas acabou por ser retirada, enquanto o concurso público que decorre desde Junho de 2006 será anulado e adiado, não se sabe para quando. Não há vergonha, nem respeito pelas populações.

Tudo parece resumir-se à simples contagem dos votos e uma espécie de negócio que ninguém entende ou educadamente fazem por não entender porque muitos têm mais vergonha do que os políticos que mais não fazem do que construir o seu futuro à sombra da passagem pelo Governo.

A Câmara de Loulé tem todo o direito de demonstrar publicamente a sua indignação porque estamos perante um compromisso que ultrapassa a simples partidarite. Há protocolos entre o anterior Instituto de Estradas de Portugal, actual empresa Estradas de Portugal (EP) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional. O problema não é de agora, já vem do passado. Que haja solidariedade, pelo menos por parte dos concelhos do Sotavento Algarvio para com o concelho de Loulé, porque a negação e o adiamento da construção da Circular Norte não deixa de ser um ponto negro no sistema rodoviário do Algarve.

Para que tudo se possa solucionar em nome da transparência e da honestidade política, resta ao Sr. Secretário de Estado adjunto das obras públicas deslocar-se até loulé, montar uma tenda, se entender que tal lhe dá mais propaganda e assinar a adjudicação da obra o mais breve possível, porque o Verão está à porta e porque é sempre imprevisível a reacção dos algarvios quando estão "marfados".