quinta-feira, janeiro 10, 2008

Foi um ano de promessas

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

É bom lembrar que o Governo veio em peso ao Algarve, em meados do ano, lançar um conjunto de promessas, desde o Hospital Central, passando por investimentos privados, pomposamente apelidados de Projectos de Interesse Nacional (PIN). Ouvimos promessas, cujas concretizações não se sabe quando poderão acontecer.

Quanto ao Hospital Central, já se falou demais sobre este assunto. Há a promessa de ser lançado o concurso este ano, para que as obras se iniciem em 2009 e a sua abertura oficial se verifique no ano de 2012. São intenções e não passam de mera propaganda, por muito que se queira fazer crer aos algarvios de que o Governo é honesto quanto ao que afirma e promete... (coloque-se as reticências)

Quanto aos chamados Projectos de Interesse Nacional, praticamente estão todos em projecto. É de realçar o início da construção do autódromo, em Portimão. Deixem-nos colocar a pergunta: de todos os projectos apresentados na mediática reunião de Lagos, quantos estão à venda no papel?

Um projecto aprovado vale muito mais do que a intenção de ali se projectar um empreendimento. Quantos dos PIN aprovados pelo Governo, por proposta de um determinado investidor, já terão mudado de mãos?

Em termos palpáveis e com reflexo na economia algarvia, não se vislumbra nos próximos tempos quaisquer melhorias significativas.

Pomposamente, o Governo anunciou o chamado Programa Allgarve. O reflexo da sua aplicação na economia regional e nos fluxos turísticos foi nulo.

O turismo, como indústria de lazer, deve ser programado com dois anos de antecedência e o Algarve precisa de canalizar turistas que atenuem a sua sazonalidade. Oferecer programas no Verão, e a quem já cá está, é como chover no molhado.

Nesta altura do ano, por exemplo na BTL, era obrigatório estar a apresentar a todos os operadores os grandes acontecimentos para 2009 e 2010, para que estes possam ser divulgados e integrados nas brochuras promocionais, o que de outra forma é impossível, pela antecipação com que as agências começam a motivar os seus potenciais clientes e imprimem o seu material de promoção.

Em 2007, não houve uma obra pública de relevo na região algarvia. Houve uma tentativa de criar mais um momento mediático, com a hipótese de algumas inaugurações, mas depois de uma passagem de olhos pelo catálogo regional, não foi encontrado nada com verdadeiro significado para uma visita ministerial.

Retirando a Barragem de Odelouca, que, no fundo, é a continuidade de um projecto inacabado, nada mais de relevo se pode inscrever nas obras com alguma dimensão. Convém esclarecer que a verba para construir esta obra foi conseguida com um empréstimo bancário.

Somos todos nós, os algarvios, que iremos pagar, não com o aumento do custo da água, para que não apontem o dedo ao Governo, mas esqueceram-se de dizer que aumentavam as taxas sobre os resíduos sólidos. Não pagamos num lado, pagamos no outro…

O ano de 2007 foi de muitas promessas. Promessas cuja passagem à realidade não sabemos quando acontecerá.

Para 2008 gostaríamos de ver algumas coisas palpáveis, mas seria muito importante saber que a empresa Estradas de Portugal, em conjunto com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, lançava a concepção do projecto para uma via alternativa à actual Via do Infante, mais para o interior do Algarve, com ligação entre ambas, mas abrindo caminhos ao Alentejo e à futura operacionalidade do aeroporto de Beja, numa ligação coordenada com a Andaluzia.

Como seria bom ouvir das entidades responsáveis, no Ano Internacional do Planeta Terra (2008), que este seria o Ano da Região do Algarve, para a defesa dos valores da Nação algarvia...

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 8,30 horas, com repetição às 13 e às 19 horas.