quarta-feira, maio 14, 2008

Micro créditos

por Jamila Madeira (deputada do partido socialista)

Um dos instrumentos parlamentares que os deputados ao parlamento europeu têm ao seu dispor é, a possibilidade de apresentar declarações escritas. Estas, depois de reunirem as assinaturas de mais de metade dos membros do parlamento europeu são formalmente enviadas à comissão e ao concelho, para que estes tomem as adequadas iniciativas legislativas. Foi nesse sentido, que iniciei em conjunto com mais 4 parlamentares de outros grupos políticos de origens nacionais, uma declaração escrita sobre a implementação e reforço do micro crédito.

A ideia é que a U.E possa assumir que esse instrumento é crucial no combate à pobreza dentro do seu território e também nas suas políticas com países terceiros, quer no mediterrâneo ou genericamente nos países em vias de desenvolvimento. Como é evidente, essa iniciativa carece de mais investimentos que numa lógica social, um dos poucos com carácter reprodutivo. Todos os estudos dizem que quem recebe estas muito pequenas quantias para iniciar o seu projecto e a sua actividade tem assumido um grau de cumprimento de cerca de 100%, ou seja, quem recebe estas muito pequenas quantias quer sobretudo, cumprir os compromissos assumidos.

Na maioria dos casos são mulheres, mulheres bem sucedidas e que se emancipam. Depois do primeiro micro crédito pagam-no e aumentam o seu negocio com um novo. Com o retorno que começam a ter, investem essencialmente na família e na educação dos filhos e, por isso, são os que mais contribuem para o combate à exclusão social. No entanto, para atribuir o microcrédito é preciso que exista uma entidade pública ou comercial, sem fins lucrativos mas credível, que faça a avaliação dos projectos e veja os instrumentos, em termos de formação que eles vão precisar para alem da determinada arte para aquele preciso negócio.

Essa avaliação é hoje feita, por exemplo em Portugal, pela Associação Nacional de Direito ao Crédito. Umas das suas solicitações que fazemos nesta declaração escrita é, a criação de uma associação conjunta entre a Europa e as zonas a apoiar na U.E e no mundo, que tenha credibilidade atribuída no quadro do sistema financeiro europeu e que permita que os bancos comerciais a vejam como mais credível e, por isso, estejam mais disponíveis a financiar micro créditos. Com isto, teremos ganhos incomensuráveis em volume de financiamento e a absoluta certeza de que estamos a fazer mais que uma simples gota de água num oceano de exclusão social.

Por isso mesmo, quando esta semana ouvia-se anunciar que a nossa declaração escrita tinha reunido as assinaturas necessárias e, que ia ser enviada à comissão e ao concelho, fiquei orgulhosa. Resta agora saber se, como recentemente anunciou o presidente da comissão, o social está agora no centro da sua agenda. Se assim for, certamente esta iniciativa verá a luz do dia, ainda antes do fim da legislatura. Espero eu e, todos aqueles que carecem desse apoio.