quarta-feira, maio 07, 2008

1º de Maio

por Luís Horta (director do Jornal Sotavento)

Na passada Quinta-feira, em que a igreja assinala o dia de São José Operário, comemorou-se o dia do Trabalhador, num feriado respeitado por quase todas as entidades patronais. Em Lisboa e noutras capitais de distrito, as duas centrais sindicais consentiram a presença de inúmeros filiados nos mais diversos sindicatos, num enorme protesto contra a nova lei laboral, contra a precariedade do emprego, contra a situação dos jovens, cujo 1º emprego cada vez é mais raro e difícil de atingir.

São episódios de uma guerra constante em que não há vencedores. Só vencidos. Onde não há crescimento, o país é que sofre e sofrendo o país, sofrem todos: as entidades patronais, empregados e todos quantos constituem a força produtiva de riqueza do nosso país. Isto são, no entanto, contas de um rodeio que o 1º de Maio todos os anos vem assinalando e registando para memória futura. Num outro rosário, ou seja, fazer do 1º de Maio um dia de descontracção também vai ficando muito aquém. Como todos nos lembramos, praticamente o dia do piquenique no campo, junto às ribeiras em zonas de lazer, uns caracóis, umas favas, um bom vinho tinto da cooperativa de Tavira, que também já não existe, eram os condimentos obrigatórios, entre outros.

Este ano, na véspera do 1º de Maio fui procurar uns caracóis. Tinham estado muito caros e não havia nada à venda, nem dos algarvios (aqueles sequinhos do restolho dos cereais ou das favas), nem dos caracóis emigrantes que vêm de Marrocos e a gente não sabe que tratamentos químicos poderão ter levado. Os caracóis fizeram pois, uma autentica greve ao 1º de Maio.

Sinal que os tempos estão tão maus para os agentes económicos, como para o cumprir de uma simples tradição de caracolada neste dia. Vamos lá ver se para o ano, nem uma situação, nem outra acontecem. Esperemos pois, que o Maio de 2009 nos traga outra alegria ou melhores empregos e com mais caracóis no prato.