Jornal do Algarve: 50 anos de informação e luta
por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)
Faz hoje, precisamente, 50 anos que, pela mão de José Barão e de um grupo de vila-realenses ligados às artes gráficas, ao mundo empresarial e ao cineclubismo, foi fundado o Jornal do Algarve. Estávamos no ano de 1957. Como nos lembram nos seus artigos evocativos desta efeméride, Horácio Neves e José Cruz, a Europa do pós-guerra lançava as sementes do seu projecto de União e o mundo começava a abrir as portas a um progresso que tem transformado a ficção em realidade, a um ritmo cada vez mais vertiginoso.
Por força da ditadura fascista de Salazar e de uma mentalidade que transformou o nosso passado de grandeza numa pequenez que, ainda hoje, apesar de mais de três décadas de democracia, nos coloca na cauda da Europa, Portugal vivia um período de grande agitação política, através de múltiplas manifestações da oposição republicana e democrática. É neste contexto que José Barão, com o seu profissionalismo e fervor regionalista, funda, na sua terra natal, Vila Real de Santo António, um jornal que fosse "um grito que partindo de um extremo da terra algarvia se ouça por toda ela ....". Isto é, um jornal de verdadeira dimensão regional que, apesar das grilhetas da censura, fosse capaz de se bater por causas que contribuíssem para o desenvolvimento da sua querida "Província".
Lança, assim, nas páginas do Jornal do Algarve, a Operação Algarve-Turismo e, quando a opinião pública já parecia satisfeita com a construção de um aeródromo e de um instituo superior, José Barão não abdica de reivindicar um Aeroporto e uma Universidade e, numa grande visão de futuro, vai mesmo mais longe, considerando que o Algarve devia ser encarado como uma grande cidade, atravessada por uma grande avenida, a estrada nacional 125. Há 50 anos, José Barão já visionava o Algarve como uma grande Área Metropolitana. Espantoso!
Hoje, metade deste percurso de meio século tem sido feita pela mão da Viprensa, que adquiriu o título em 1983. Herdámos um Jornal com passado e com prestígio, mas com um estrutura que começava a ser arcaica e a não estar à altura dos desafios de uma nova era que despontava já no domínio da comunicação. Percebemos que tínhamos que ser capazes de fazer evoluir o Jornal, no respeito pelo legado que tínhamos nas mãos.
Deste modo, procurámos caldear a paixão regionalista e o espírito combativo de José Barão com a irreverência e o espírito inovador de quem sabe que os projectos têm que acompanhar a marcha do tempo. É nesta caminhada que estamos hoje. Em 24 anos, passámos da tipografia para os mais modernos processos de edição digital. Crescemos em efectivos, jornalistas, gráficos e administrativos. Lançámos há 17 anos um Magazine mensal a cores, pioneiro ao nível da imprensa regional e em 1998 uma edição on-line. Com o Expresso e mais 17 títulos regionais constituímos em Dezembro de 2003, a Rede Expresso, que é a maior sinergia de jornais da imprensa portuguesa, com uma audiência semanal de 1,2 milhões de leitores.
Com José Barão, o JA pugnou pelo desenvolvimento do turismo, pelo aeroporto, pela universidade e por muitas outras infra-estruturas fundamentais para a modernização da região. Connosco, o JA lutou pelo saneamento básico, pela ponte internacional do Guadiana, pela Via do Infante, pela auto-estrada e continua a lutar pelo desenvolvimento do interior, pela requalificação urbana, pelo ordenamento, por um turismo de qualidade, pela defesa do nosso património e tradições. Em suma, pelo progresso sustentado do Algarve.
José Barão anunciou um Jornal que se fizesse ouvir em todo o Algarve, nós continuámos a obra. Em 1999, inaugurámos uma delegação em Portimão para servir melhor o barlavento. José Barão colocou o JA no topo da imprensa regional. Nós temos mantido essa liderança. Em comum temos o mesmo espírito inovador e reivindicativo e a mesma paixão por um jornalismo sério e responsável, que recusa o sensacionalismo.
Quando se despedia da vida, em 30 de Agosto de 1966, José Barão fez o seguinte pedido: “Não deixem morrer o Jornal do Algarve”. Decorridos 41 anos, o Jornal continua vivo e preparado para novos desafios e José Barão à espera da homenagem que o Algarve lhe deve.
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
CONCURSO DE CRÍTICA AO FILME
“ WAITING FOR EUROPE”
“À ESPERA DA EUROPA”
A C.R.I.M Produções decidiu abrir um concurso de crítica ao filme “Waiting for Europe”(À Espera da Europa), filme documentário criativo que aborda a problemática da imigração do Leste Europeu para Portugal e Espanha, aberto a estudantes do ensino secundário e superior com o objectivo de estimular a crítica de cinema entre estudantes.
O filme vai ser estreado em diversas localidades do País até Setembro de 2007. Os estudantes dessas localidades estão convidados a assistir ao filme (com entrada gratuita) e poderão remeter as suas críticas até 30 de Setembro de 2007.
As melhores críticas serão publicadas na página (www.waitingforeurope.net) ou na imprensa.
REGULAMENTO
1. Todos os estudantes interessados em participar no concurso de crítica “Waiting for Europe”, estão convidados(entrada gratuita) a assistir ás estreias-debate com a presença da realizadora Christine Reeh.
2. As críticas ao filme podem ser remetidas para crimproductions@netcabo.pt e devem ter no máximo 3000 caracteres. Devem ser assinadas por pseudónimo, embora os concorrentes remetam paralelamente pelo correio para Crim Produções, Av. Almirante Reis, nº221, 1º Esqº- 1000-049, Lisboa. O texto impresso em A4, acompanhado de um envelope fechado que contenha, o nome do concorrente, o nome da sua escola, o seu nº de bilhete de identidade, a sua morada e um número de telefone ou telemóvel. Só serão aceites em concurso as críticas enviadas nestas condições e remetidas até 30 de Setembro de 2007.
3. O júri do concurso será constituido por um representante da C.R.I.M Produções, uma personalidade de reconhecido valor da cultura portuguesa e será presidido por um crítico de cinema da imprensa diária.
4. O concurso atribuirá um primeiro prémio no valor de 500 euros para a melhor crítica concorrente e um dvd com a série de 4 filmes “Outros sonhos” da realizadora Christine Reeh.
5. O concurso atribuirá ainda 20 segundos prémios que consistirão na oferta de um Dvd do Filme “Waiting for Europe”(À Espera da Europa)
6. O resultado do concurso será anunciado após a reunião do júri em 20 de Dezembro de 2007.
7. As críticas enviadas serão publicadas, pela ordem e pela data de entrada, com pseudónimo na página (www.waitingforeurope.net). A partir do anúncio dos resultados do concurso, as críticas serão publicadas com o nome do autor, salvo se houver indicação em contrário.
8. A organização do concurso publicará todas as críticas desde que mantenham padrões minímos de qualidade.