terça-feira, março 06, 2007

SOBRE A EVOLUÇÃO DAS COISAS

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Algumas notas sobre a evolução das coisas neste nosso Algarve…

No interior ou seja em mais de 80 por cento do território, no fim de contas tudo o que fica acima da Via do Infante, agrava-se o envelhecimento da população, a pobreza e a solidão. Quase 20 mil idosos, gente com mais de setenta ou oitenta anos, vive em situações de isolamento e grandes dificuldades económicas, com pouco mais de 200 euros por mês de pensão.

É uma situação delicada mas intolerável. Uma situação com a qual não nos podemos resignar.

A maior parte destes idosos não tem conhecimentos suficientes, nem autonomia para se deslocar, para tratar de se candidatar ao complemento solidário para idosos, criado pelo governo de Sócrates. As câmaras e juntas de freguesia têm aqui a oportunidade de fazer qualquer coisa pelas pessoas… a quem nunca se esquecem de ir pedir o voto.

Mas não é só de mais alguns euros que as pessoas vivem… Precisam também da sua própria cultura. Uma cultura, de resto, de que todos nós precisamos e que não podemos deixar perder. O caso da matança do porco é exemplar. De repente, as pessoas são informadas que não podem, que é ilegal matar o seu porquinho como sempre fizeram e de que precisam para a sua alimentação ao longo do ano. E que podem ter que ir a tribunal por isso… Ora quem recebe 200 e poucos euros por mês, como é que pode ir ao talho comprar carne. O problema é de cultura mas não só… É também de subsistência. A matança do porco, em casa, para uso próprio não pode morrer. Porque faz parte de uma cultura e porque é fundamental para a alimentação e sobrevivência dessas pessoas.
Por isso, anda muito bem o senhor presidente da câmara de Monchique – o meu amigo Carlos Tuta – ao avançar com uma casa de matança no seu concelho, para resolver os problemas legais que os burocratas ignorantes hoje – muito estupidamente – levantam à matança do porquinho e que inferniza a vida das pessoas. Esperemos que todos os outros concelhos do interior, desde a serra de Espinhaço de Cão à serra do Caldeirão saibam seguir o exemplo de Carlos Tuta np apoio às suas populações.

Última nota. Há gente que acha que os tempos têm de andar à velocidade do seu negócio… Certos comerciantes por exemplo. Se os centros comerciais vendem mais coisas e mais barato, não interessa. Se são mais confortáveis e eficientes que velhas lojas paradas no tempo, também não interessa. Esses comerciantes, são sempre contra. E ameaçam retirar apoios aos presidentes de câmara se deixarem ir para a frente tais negócios que, dizem eles, lhes prejudicam os negócios e tanto pior para os consumidores! Mas quando se expulsa a realidade pela porta, ela volta a entrar pela janela… Em Ayamonte, mas sobretudo para consumidores portugueses, abriu um grande centro comercial. São 81 espaços comerciais, mais cinemas e mais estacionamento à porta do sotavento algarvio… Esperam servir 80 mil clientes!
Já muita gente lá ia meter gasolina e comprar gás… Agora, irão também ao cinema, jantar e fazer compras. Quando em Portugal não se deixa servir bem e a bom preço o consumidor, ele acaba por ir ali a Espanha… Bem feito!

Mas os espanhóis lá ficam com o nosso dinheirinho… Em terra de burocratas burros é assim. Mas que é pena, lá isso é… Quando será que Portugal ganha juízo?

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.