A propósito de energia Solar
por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)
O anúncio da construção de uma central solar em Tavira, capaz de produzir electricidade suficiente para abastecer uma população de 12 mil habitantes, traz-nos à memória a meta de instalação de um milhão de metros quadrados de colectores solares térmicos, em Portugal, até 2010 e quão longe estamos desse objectivo. Sendo o nosso país, um dos que na Europa regista maior incidência de radiação solar, particularmente o Algarve e o Alentejo, que chegam a ter cerca de três mil horas de sol por ano é, paradoxalmente, um dos que regista, também, menor aproveitamento deste recurso renovável, bastante vantajoso em termos de custos de exploração e amigo do ambiente e do combate ao défice público, por diminuir a utilização dos combustíveis de origem fóssil.
E se até há incentivos de natureza fiscal e financeira, resultantes da instalação deste tipo de equipamentos, com deduções no IRS de 30 por cento do custo do investimento e apoios monetários que podem chegar a 40 por cento das despesas elegíveis, então porque é que estamos tão atrasados relativamente aos outros? O problema parece residir, fundamentalmente, na falta de uma informação convincente junto dos consumidores, quer do cidadão comum quer das empresas, que os faça perceber que o que se paga a mais no custo dos equipamentos e da instalação poupa-se, depois, nos custos de exploração, consideravelmente mais baixos que os dos sistemas convencionais, sobretudo após os sucessivos aumentos do preço do petróleo, da electricidade e do gás.
Face às estatísticas dos últimos dez anos e ao desconhecimento que a maioria dos portugueses ainda revela sobre este tema, só uma maior aposta informativa e promocional – até agora a publicidade na TV e na imprensa foi meramente pontual - por parte das entidades com responsabilidades nesta área poderá ajudar a inverter a actual tendência. Caso contrário, mesmo com experiências inovadoras em Tavira, o país continuará a marcar passo, neste como em muitos outros domínios. Antes, há mais de duas décadas, já Vale da Rosa, no concelho de Alcoutim, tinha sido pioneira, na instalação de uma central fotovoltaica e tudo continuou na mesma.
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
O problema é que não é real que a economia actual se consiga suster com o recurso apenas às energias renovaveís, a única hipotese será o recurso à energia nuclear de forma a mantermos o mesmo estilo de vida, quando os combustiveís fosseís terminarem. Ainda assim o aproveitamento da energia solar no Sul de Portugal constitui uma excelente alternativa de produção de energia, parabéns à cidade de Tavira, à sua população e à autarquia local.