Regionalização?!
por Carlos Lopes (advogado, benfiquista e animador cultural)
O presidente da Casa do Algarve em Lisboa terá dado uma entrevista ao Jornal do Algarve onde afirma, entre outras coisas, que o Algarve precisava de um Alberto João Jardim. Esta questão não é despicienda. Já a ouvi a muito boa gente. O General, porque de um general se trata, limitou-se a verbalizar o que lhe ia na alma e o que vai na alma de muito boa gente. O Algarve foi sempre um parente pobre do país ( e outras regiões se queixarão do mesmo). O maior investimento público feito no Algarve foi no plano de rega do Sotavento. A regionalização poderia ser um factor de desenvolvimento e de maior proximidade entre o poder e o cidadão? Talvez. Mas a regionalização não poderá constituir um perigo precisamente por aquilo que pode acarretar?
Os trinta anos de democracia trouxeram uma realidade indesmentível: o poder autárquico. Mas também sabemos como esse poder, dentro de certos limites, é certo, se tem aproximado de um certo poder absoluto. Ninguém duvida que temos, nos trezentos e tal municípios, afloramentos de caciquismo preocupantes e abundantes. A regionalização não traria o perigo, isso sim, de multiplicar por cinco o números de caciques? De Albertos Joões?
É que ao contrário do que se infere das palavras do Sr. General, não precisamos de Albertos Joões, um alarve engraçado e folclórico (para quem não o atura). É por isso ser possível que a regionalização pode ser um perigo. É que dos passarões que se aprestam a ocupar tal lugar no Algarve, nenhum nos deve merecer muita confiança. E, no resto do país, o mesmo. A regionalização faz cheirar à multiplicação de pavões enfatuados e perigosos, estes surgem como cogumelos, basta darem-lhes oportunidade para surgirem, basta chover um pouco...
O país foi sempre, por razões históricas que não vêm ao caso, centralizado e centralizador. Tal teve sempre grandes opositores. Mas a regionalização também não merece grande confiança. O povo parece preferir ver o poder longe, do que à sua porta. Já votou contra a regionalização. Eu também votei. E eu, se me perguntarem, continuarei a votar contra.
Se o general desta história nos quer levar à regionalização, não é com exemplos destes que nos pode convencer. Mas sendo eu um paisano, que posso eu contra o poder militar? E militar quando pensa, sai.... bombarda!
NOTA: Os comentários de Carlos Lopes são emitidos todas as segundas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.
O presidente da Casa do Algarve em Lisboa terá dado uma entrevista ao Jornal do Algarve onde afirma, entre outras coisas, que o Algarve precisava de um Alberto João Jardim. Esta questão não é despicienda. Já a ouvi a muito boa gente. O General, porque de um general se trata, limitou-se a verbalizar o que lhe ia na alma e o que vai na alma de muito boa gente. O Algarve foi sempre um parente pobre do país ( e outras regiões se queixarão do mesmo). O maior investimento público feito no Algarve foi no plano de rega do Sotavento. A regionalização poderia ser um factor de desenvolvimento e de maior proximidade entre o poder e o cidadão? Talvez. Mas a regionalização não poderá constituir um perigo precisamente por aquilo que pode acarretar?
Os trinta anos de democracia trouxeram uma realidade indesmentível: o poder autárquico. Mas também sabemos como esse poder, dentro de certos limites, é certo, se tem aproximado de um certo poder absoluto. Ninguém duvida que temos, nos trezentos e tal municípios, afloramentos de caciquismo preocupantes e abundantes. A regionalização não traria o perigo, isso sim, de multiplicar por cinco o números de caciques? De Albertos Joões?
É que ao contrário do que se infere das palavras do Sr. General, não precisamos de Albertos Joões, um alarve engraçado e folclórico (para quem não o atura). É por isso ser possível que a regionalização pode ser um perigo. É que dos passarões que se aprestam a ocupar tal lugar no Algarve, nenhum nos deve merecer muita confiança. E, no resto do país, o mesmo. A regionalização faz cheirar à multiplicação de pavões enfatuados e perigosos, estes surgem como cogumelos, basta darem-lhes oportunidade para surgirem, basta chover um pouco...
O país foi sempre, por razões históricas que não vêm ao caso, centralizado e centralizador. Tal teve sempre grandes opositores. Mas a regionalização também não merece grande confiança. O povo parece preferir ver o poder longe, do que à sua porta. Já votou contra a regionalização. Eu também votei. E eu, se me perguntarem, continuarei a votar contra.
Se o general desta história nos quer levar à regionalização, não é com exemplos destes que nos pode convencer. Mas sendo eu um paisano, que posso eu contra o poder militar? E militar quando pensa, sai.... bombarda!
NOTA: Os comentários de Carlos Lopes são emitidos todas as segundas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.