Convite a visitar Cachopo
por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)
Cachopo, terra perdida entre montes e vales no nordeste algarvio, diz a história ter pertencido à coroa e haver memória dela em 1535, como sede de freguesia, fazendo parte, nessa época, do concelho de Alcoutim.
Só em 1836, por força do Decreto-Lei de 6 de Novembro é que Cachopo passou a pertencer ao concelho de Tavira.
Para não recuar muito no tempo vou falar-vos dela no princípio do século XX, altura em que atingiu o apogeu do seu desenvolvimento.
Hoje será difícil às pessoas mais jovens acreditarem que a quase totalidade dos terrenos da serra eram cultivados. Até o mato era recolhido para queimar nas lareiras e aquecer os fornos.
Depois da chamada campanha do trigo, na década de 30, a freguesia era uma das que mais produzia no Algarve. A quase totalidade dos seus habitantes eram lavradores e se muitos apenas semeavam para se auto-abastecerem, outros vendiam quantidades consideráveis da sua produção.
As hortas eram aproveitadas até a último palmo de terra e não era pouca a produção de milho, feijão, tomate e outros produtos hortícolas. Não era necessário comprar produtos fora da freguesia.
Criava-se gado em grande quantidade.
Lembro ainda a cortiça, considerada uma das melhores do mundo, cujo valor na economia da região continua a ser das mais importantes.
As oficinas de ferreiro funcionam não só no fabrico de foices como também na ferragem de animais.
Além desta, existiam também a industria da cera, os sapateiros, os alfaiates, as tecedeiras…
A actividade comercial era muito variada. Existiam numerosas lojas, mercearias e tabernas, onde especialmente ao fim-de-semana se faziam numerosos negócios. No tempo das sementeiras quando se compravam os adubos ou mais tarde quando se vendiam os cereais, juntavam-se em frente dos armazéns dos comerciantes, centenas de animais de carga, conduzidos por almocreves que procediam aos transportes.
No domínio da cultura quase ninguém hoje acredita que em Cachopo houve professores de música e que aqui se criou uma banda composta na sua totalidade por filhos da terra. Esta banda tornou-se importante e abrilhantava não só as festas locais, como era constantemente solicitada para se deslocar a outras localidades do Algarve e Alentejo.
A população, como as estatísticas poderão demonstrar, era ao tempo três vezes maior. Existia farmácia e a freguesia era servida por um médico e um padre a tempo inteiro. Para concluir esta descrição histórica importa comparar o nível de vida dessas populações. Comparado com os padrões de hoje vivia-se salvo algumas excepções, quase na miséria, mas por paradoxal que pareça, nesse tempo as pessoas irradiavam mais felicidade. Um aperto de mão selava um negócio, uma promessa…
Actualmente, retirando a actividade comercial que é diminuta, os valores humanos perduram.
Estamos perante uma freguesia rica em termos culturais e naturais, uma vez que quer as paisagens, quer os vestígios históricos, reflectem grande beleza.
Trouxe este apontamento à antena da Gilão, no sentido de sensibilizar o auditório a visitar a XII Edição da Feira de Artesanato e Produtos da Freguesia de Cachopo, que ocorre nos dias 13 e 14 de Maio.
Numa organização das associações locais e produtores, pretende-se divulgar a cultura, hábitos e tradições, bem como possibilitar o escoamento de produtos.
NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.
Cachopo, terra perdida entre montes e vales no nordeste algarvio, diz a história ter pertencido à coroa e haver memória dela em 1535, como sede de freguesia, fazendo parte, nessa época, do concelho de Alcoutim.
Só em 1836, por força do Decreto-Lei de 6 de Novembro é que Cachopo passou a pertencer ao concelho de Tavira.
Para não recuar muito no tempo vou falar-vos dela no princípio do século XX, altura em que atingiu o apogeu do seu desenvolvimento.
Hoje será difícil às pessoas mais jovens acreditarem que a quase totalidade dos terrenos da serra eram cultivados. Até o mato era recolhido para queimar nas lareiras e aquecer os fornos.
Depois da chamada campanha do trigo, na década de 30, a freguesia era uma das que mais produzia no Algarve. A quase totalidade dos seus habitantes eram lavradores e se muitos apenas semeavam para se auto-abastecerem, outros vendiam quantidades consideráveis da sua produção.
As hortas eram aproveitadas até a último palmo de terra e não era pouca a produção de milho, feijão, tomate e outros produtos hortícolas. Não era necessário comprar produtos fora da freguesia.
Criava-se gado em grande quantidade.
Lembro ainda a cortiça, considerada uma das melhores do mundo, cujo valor na economia da região continua a ser das mais importantes.
As oficinas de ferreiro funcionam não só no fabrico de foices como também na ferragem de animais.
Além desta, existiam também a industria da cera, os sapateiros, os alfaiates, as tecedeiras…
A actividade comercial era muito variada. Existiam numerosas lojas, mercearias e tabernas, onde especialmente ao fim-de-semana se faziam numerosos negócios. No tempo das sementeiras quando se compravam os adubos ou mais tarde quando se vendiam os cereais, juntavam-se em frente dos armazéns dos comerciantes, centenas de animais de carga, conduzidos por almocreves que procediam aos transportes.
No domínio da cultura quase ninguém hoje acredita que em Cachopo houve professores de música e que aqui se criou uma banda composta na sua totalidade por filhos da terra. Esta banda tornou-se importante e abrilhantava não só as festas locais, como era constantemente solicitada para se deslocar a outras localidades do Algarve e Alentejo.
A população, como as estatísticas poderão demonstrar, era ao tempo três vezes maior. Existia farmácia e a freguesia era servida por um médico e um padre a tempo inteiro. Para concluir esta descrição histórica importa comparar o nível de vida dessas populações. Comparado com os padrões de hoje vivia-se salvo algumas excepções, quase na miséria, mas por paradoxal que pareça, nesse tempo as pessoas irradiavam mais felicidade. Um aperto de mão selava um negócio, uma promessa…
Actualmente, retirando a actividade comercial que é diminuta, os valores humanos perduram.
Estamos perante uma freguesia rica em termos culturais e naturais, uma vez que quer as paisagens, quer os vestígios históricos, reflectem grande beleza.
Trouxe este apontamento à antena da Gilão, no sentido de sensibilizar o auditório a visitar a XII Edição da Feira de Artesanato e Produtos da Freguesia de Cachopo, que ocorre nos dias 13 e 14 de Maio.
Numa organização das associações locais e produtores, pretende-se divulgar a cultura, hábitos e tradições, bem como possibilitar o escoamento de produtos.
NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.
Bom dia! Somos um grupo de 7 Jovens, da freguesia de Benafim, concelho de loule e vamos fazer a via Algarviana de bicicleta, e procuramos um sitio para passar a noite em Cachopo. Contacto Deni 91 717 93 26 ou denivargues@gmail.com