quinta-feira, abril 20, 2006

O nosso 25 de Abril

por Luís Silva (advogado e dirigente do PCP)

NO 25 de Abril invocamos uma data histórica de um passado recente que para nós CDU, lutadores incansáveis da liberdade, tem um significado sempre presente a actual.

Não pensamos que sejamos nós, CDU, os únicos lutadore spor este ideal. Alguns mais, e até presentes nesta terra, lutaram ombro a ombro connosco contra a ditadura fascista ou, mais corecto, salazar-marcelista. Mas deixando vaguear olhar do Alto de Santa Maria por tantos rostos conhecidos, mas jovens, que não souberam e talvez não entendam este afã de transmitir e relembrar os sentimentos que nos percorreram quando inicialmente se iniciou o desmoronamento do regime.

Alguns de nós tiveram que partir para terras longínquas, fugindo à mobilização injusta imposta à juventude, que tinha de lutar contra povos que, como o nosso, ansiavam pela libertação colonialista. Outros não encontrando meios de subsistência económica na sua terra, tiveram o mesmo destino, procurando em França, na Alemanha ou noutros países da Europa aquilo que em Portugal lhes era negado - o pão.

Outros ainda, tiveram coragem de permanecer na sua terra, não passivamente, mas activos contra o regime fascista, além de tudo caduco, para não dizer apodrecido, que nem um aremedo de democracia política ou, como diriam outros, uma abertura liberal, que se consubstanciou formou com uma fraca contestação na Assembleia Nacional conseguiu fazer vingar e suster o movimento pela Liberdade e de libertação nacional que no horizonte emitia sinais de organização e de avanço.

Outros, mais, com a viola, música e poemas foram capazes de, nas entrelinhas, transmitirem mensagens de esperança e da luta pelos ideiais, mais tarde chamados de Abril. Entre outros, Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, aqui os invocamos. Poetas como Ary dos Santos conseguiram fazer chegar a sua mensagem através das canções que escreveram para os restantes cantarem!

Invocamos, aqui e agora, militares como Humberto Delgado, Otelo saraiva de carvalho e muitos outros tantas vezes esquecidos em dias como e que deveriam ser invocados como as principais vedetas na luta pela Liberdade que hoje usufruímos.

Não podemos ainda deixar de invocar todos aqueles militantes e sindicalistas anónimos que nos sindicatos nacionais corporativos organizaram, reivindicaram e lutaram por melhores condições de vida para os trabalhadores.

Tal como ontem, a luta hoje continua. O poder quando usado no mau sentido gera corrupção, que se vem instalando infelizmente entre nós. É o preço da Liberdade por que tanto ansiámos e que pagamos caro quando uma maioria eleita, se bem que com legitimidade política, usa esse poder desrespeitanto o mandato que lhe foi conferido
e denegando, se não todos, quase todos os ideais da Revolução de Abril!

No Governo, esse poder da maioria absoluta asfixia as minorias que mandatadas também foram pelo povo, usando processos algo semelhantes ao do antigo regime, o de triste memória.

Naquele dia, naquela madrugada do 25 de Abril de há 32 anos também eu senti o sopro da liberdade conquistada e o estrondo das grilhetas quebradas. Estive refugiado em França, para onde parti por recusar servir no exército colonial, mas a saudade e o amor dos meus velhos pais fez-me regressar e abandonar o exílio.

Nessa madrugada, que foi ontem, num quartel perdido no Largo da Graça em Lisboa, também escutei o terrível grito humano. Todos ao Carmo, era o fim da ditadura, viva a liberdade, viva o 25 de Abril, viva Portugal!

Também a Constituição da República Portuguesa faz 30 anos e foi produzida por uma Assembleia Constituinte eleita com a participação activa de 91 por centos dos eleitores inscritos e é fruto de uma longa luta prolongada dos trabalhadores e do povo português, que tiveram o voto da palavra, que não escreveram a Constituição, mas fizeram que nela fossem inscritos aqueles sonhos resgatados, aquelas coisas concretas, como a liberdade de expressão, o direito de participação e de manifestação, o direito ao trabalho e à segurança no emprego, salário e horários justos, à saúde, ao ensino, à segurança social, à liberdade sindical e das comissões de trabalhadores, a fazer greve sem correr o risco de prisão, à contratação colectiva, à igualdade no trabalho, na família, na sociedade, o direito a ter uma pensão de reforma, a direitos novos das crianças, dos deficientes, do acesso à justiça. Tenho dito!

NOTA: Os comentários de Luís Silva são emitidos todas as quintas-feiras, às 7 horas, com repetição às 13 e às 19 horas.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Granda pincel, carago! Viv'ó Adalberto João!

5:14 da tarde  

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