segunda-feira, abril 17, 2006

Avenidas do quotidiano

por Luís de Mello e Horta (director do Jornal do Sotavento)

Depois de um fim-de-semana grande, o da Páscoa, em que se deslocou ao Algarve grande número de visitantes, que também por aí andaram, faz sentido recordar alguns problemas de circulação do Algarve.

Falo-vos da Estrada Nacional 125, via de ligação ao longo de todo o litoral, que é para onde converge todo o movimento inter-urbano. Em época de Verão ou período de férias, como foi o caso da passada semana, vêm ao de cima as dificuldades. Não só dos visitantes, mas tabém dos que utilizam estas estradas no quotidiano do seus afazeres!

Há pouco tempo, falou-se em taxar com portagem vários troços de auto-estrada ainda gratuitos, entre os quais a A22, a nossa Via do Infante, numa perspectiva do utilizador-pagador que muitos defendem e eu admito como mais justa quando esse troço passa por ser apenas mais uma alternativa de rapidez a uma estrada normal e com melhor escoamento. Coisa que não acontece com a 125!

Façamos um pequeno exercício de cálculo quanto ao percurso entre Vila Real e Faro, passando por Tavira e Olhão. São cerca de 50 quilómetros. Na primeira parte, entre Vila Real e Tavira, há que assinalar antes do mais a falta de bermas que apresenta entre a Aldeia Nova e a ponte de Cacela.

E esta situação tem cerca de 30 anos, com a agravante desta escassa dezena de quilómetros ser a excepção negativa a todo o restante traçado que, tem de se reconhecer, está bastante aceitável. Mas não é do piso, é dos condicionadores de tráfego que vos quero falar. Desde a vila pombalina até à cidade de Faro, a 125 possue 17 rotundas e 15 sinalizadores luminosos, o que significa que se trata de 32 pontos de obrigatória redução de velocidade, senão de paragem, o que resulta nestes 50 quilómetro na média de 1,562 quilómetros de obstáculo em obstáculo!

E, se isso se traduz na maior e desejável segurança rodoviária, significa também que a Via do Infante não é uma alternativa de velocidade, é mesmo a única via inter-urbana regional. Por isso não pode ou, antes, não deve ser taxada com portagens, porque a 125 não é de todo uma estrada, é a Avenida 125, a artéria urbana mais movimentada da região.

E, em vez de se pensar em portagens, bom seria que na A22 fosse criados mais e melhores acessos às cidades e vilas que lhes ficam subjacentes e que a Via do Infante deveria melhor servir. Augurando-se bons trajectos pelas estradas do Algarve, aqui vos deixo os votos de um bom início de semana!


NOTA: Os comentários de Luís de Melo e Horta são emitidos todas as segundas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.