Uma vergonha!
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
Os Amigos de São Brás desafiam os algarvios a mandar uma missiva ao ministro da Saúde Correia de Campos, para que a Unidade de Radioterapia de Faro seja licenciada e comece a laborar quanto antes, porque entendem que é indmissível que as pessoas da região tenham que viajar até Lisboa para as sessões de radioterapia.
Sempre nos causou algum engulho que a Unidade de Terapia do Algarve, onde os municípios são participantes e a população também contribuiu, leve tanto tempo a abrir as portas, quando, na verdade, haverá uma poupança na deslocação dos doentes a Lisboa, que até é paga pelo Estado. Quanto custa ao erário público a deslocação de um paciente a Lisboa?
Com tantas demoras, os chamados responsáveis da coisa pública ficam ofendidos quando o povo começa a falar nos corredores, nas ruas, nas lojas, entre vizinhos, que tudo não passa de um negócio. Que aquilo que deveria ser feito era cruzar os dados dos donos dos estabelecimentos que, em Lisboa, prestam o serviço de radioterapia, com os que assinam os papéis para as deslocações, verificar que há gente com sinais exteriores de riqueza e outras investigações que as polícias sabem fazer melhor que os ditos da populaça.
Desde Novembro que uma entidade, que dá pelo nome de Direcção-Geral de Saúde, tem em seu poder o pedido de licenciamento, faltando, ao que diz a Agência Lusa, um certificado validado pelo Instituto Tecnológico Nuclear. Quase seis meses para obter uma vistoria? Querem que o povo acredite que as coisas são memo assim, ou antes preferem que os pagadores de impostos digam que a administração pública tem gente a mais, que até perdem os papéis, e que Sócrates deve avançar com uma limpeza nos empatas que nada fazem para tornar tudo mais simplex?
É triste que as instalações estejam prontas a funcionar, que o poder local não tenha pressionado o Governo, que Correia de Campos tenha conhecimento e nada faça, tudo isto porque houve, um dia, a ultrapassagem do poder instituído e a ousadia de construir uma unidade privada para apoio aos pacientes, que têm de se deslocar a mais de 300 quilómetros das suas residências para serem tratados. É uma vergonha!
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Os Amigos de São Brás desafiam os algarvios a mandar uma missiva ao ministro da Saúde Correia de Campos, para que a Unidade de Radioterapia de Faro seja licenciada e comece a laborar quanto antes, porque entendem que é indmissível que as pessoas da região tenham que viajar até Lisboa para as sessões de radioterapia.
Sempre nos causou algum engulho que a Unidade de Terapia do Algarve, onde os municípios são participantes e a população também contribuiu, leve tanto tempo a abrir as portas, quando, na verdade, haverá uma poupança na deslocação dos doentes a Lisboa, que até é paga pelo Estado. Quanto custa ao erário público a deslocação de um paciente a Lisboa?
Com tantas demoras, os chamados responsáveis da coisa pública ficam ofendidos quando o povo começa a falar nos corredores, nas ruas, nas lojas, entre vizinhos, que tudo não passa de um negócio. Que aquilo que deveria ser feito era cruzar os dados dos donos dos estabelecimentos que, em Lisboa, prestam o serviço de radioterapia, com os que assinam os papéis para as deslocações, verificar que há gente com sinais exteriores de riqueza e outras investigações que as polícias sabem fazer melhor que os ditos da populaça.
Desde Novembro que uma entidade, que dá pelo nome de Direcção-Geral de Saúde, tem em seu poder o pedido de licenciamento, faltando, ao que diz a Agência Lusa, um certificado validado pelo Instituto Tecnológico Nuclear. Quase seis meses para obter uma vistoria? Querem que o povo acredite que as coisas são memo assim, ou antes preferem que os pagadores de impostos digam que a administração pública tem gente a mais, que até perdem os papéis, e que Sócrates deve avançar com uma limpeza nos empatas que nada fazem para tornar tudo mais simplex?
É triste que as instalações estejam prontas a funcionar, que o poder local não tenha pressionado o Governo, que Correia de Campos tenha conhecimento e nada faça, tudo isto porque houve, um dia, a ultrapassagem do poder instituído e a ousadia de construir uma unidade privada para apoio aos pacientes, que têm de se deslocar a mais de 300 quilómetros das suas residências para serem tratados. É uma vergonha!
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
NOTA DE IMPRENSA da ARS-Algarve sobre Licenciamento da Unidade de Radioterapia do Algarve
Tendo surgido várias notícias na comunicação social acerca do processo de licenciamento da Unidade de Radioterapia do Algarve, propriedade da Associação Oncológica do Algarve que envolvem de uma forma directa ou indirecta o Ministério da Saúde no que se refere ao licenciamento daquela unidade de acordo com os procedimentos exigidos pela legislação, Directiva n.º97/43/EURATOM, Decreto-lei n.º 180/2002, entende a Administração Regional de Saúde proceder ao seguinte esclarecimento:
1.A Associação Oncológica do Algarve é proprietária das instalações físicas da Unidade de Radioterapia do Algarve, construída na cidade de Faro, tendo recorrido para esse efeito a fundos próprios e comunitários;
2.A Associação Oncológica do Algarve depois de ter obtido autorização para a instalação do equipamento médico pesado necessário ao funcionamento daquela unidade, Decreto-lei n.º 95/05 de 9 de Maio, contratualizou a instalação dos referidos equipamentos e a gestão dos mesmos com a empresa privada, Quadrantes/CRMN, SA.
3.A referida empresa deu início ao processo primário de licenciamento em Novembro de 2005 junto da Direcção Geral de Saúde, tendo esta reencaminhado o referido processo ao ITN, Instituto Tecnológico e Nuclear, com o fim de obter junto deste as validações necessárias para o funcionamento de uma unidade de radioterapia de acordo com a Directiva EURATOM, a saber: localização, planeamento da instalação, protecção radiológica das salas de terapia, dimensionamento das barreiras de protecção, requisitos específicos das instalações de radioterapia, critérios de aceitabilidade e sistema de segurança;
4.De acordo com as informações recolhidas junto das referidas entidades, Direcção Geral de Saúde e Instituto Tecnológico e Nuclear, o processo tem decorrido dentro dos prazos aguardados encontrando-se neste momento a aguardar o relatório final do ITN;
5.De acordo com as conclusões da avaliação final do ITN o processo prosseguirá de acordo com as boas práticas legisladas;
Em conclusão podemos afirmar que não existe da parte do Ministério da Saúde qualquer entrave à abertura da Unidade de Radioterapia, mas a prossecução e a observância das recomendações e directivas referentes à protecção da saúde, dos trabalhadores, da população em geral e dos doentes, face à utilização de radiações ionizantes, mesmo que para fins terapêuticos.
Faro, 2006-04-17
Radioterapia no Algarve, uma farsa e um assalto
por Jaime Ferreira - Especialista em Saúde e Família, in Observatório do Algarve, 10-04-2006 / 18:16:00
Não me uses sem motivo; não me guardes sem honra.(Inscrição nas espadas e punhais fabricados em Toledo)
Enquanto cidadão participei na construção da Unidade de Radioterapia da Associação Oncológica do Algarve através da elaboração de uma candidatura à iniciativa Comunitária INTERREG III A, tendo-se obtido financiamento para dotar a região de um equipamento essencial e estratégico.
Essencial, porque o número de pessoas que são obrigadas a deslocar-se a Lisboa para realizarem tratamentos de radioterapia, vital para debelar muitas formas de cancro, mas em particular da mama, é cada vez mais significativo, com todos os prejuízos inerentes. Por exemplo, uma mulher que viu ser-lhe retirada uma mama e que tinha um quiosque, sustento para toda a família, por força das suas frequentes deslocações a Lisboa teve de encerrar o objecto de rendimento para poder cuidar da sua saúde. Resultado, família sobrecarregada, perturbação ainda maior na escola das filhas, sendo que uma delas teve que abandonar o sistema.
É estratégico, porque uma região tão periférica como o Algarve, deve ser capaz e competente para cuidar dos seus e dos que a visitam. Turismo e saúde são cada vez mais um binómio subjacente à atracção de novos mercados e qualidade global.
O Senhor Presidente da Associação Oncológica do Algarve, Dr. Santos Pereira, é acima de tudo um empreendedor em prol da comunidade, que tudo sacrifica para que as pessoas vítimas de cancro possam estar próximas dos seus e da sua gente.
Nós, enquanto comunidade, ou defendemos estas pessoas e as organizações que eles tocam para o bem comum, ou seremos comparsas das atitudes despóticas de políticos sem categoria, que do Algarve apenas esperam a contribuição para o orçamento, mas investimento na região, isso pode sempre esperar.
A novela em que se transformou a Unidade de Radioterapia é vergonhosa, sinónimo de desprezo para com os que sofrem, para com os que trabalham em prol dos mais frágeis e necessitados de cuidados de suporte de vida, direito inalienável constitucionalmente consagrado.
Eu sei de um político que quando estava na oposição, não só prometeu resolver o problema como defendeu em plena Assembleia da República isso mesmo e assinou uma carta a comprometer-se que tal estaria resolvido se fosse membro do governo, o que veio a acontecer. Quando chegou ao poder teve a lata de dizer que uma coisa era estar na oposição e prometer, outra muito diferente era estar no poder e decidir.
O PS, nesta questão, já teve três posições e nenhuma é na vertical. No consulado da Dr.ª Maria de Belém, era: “vamos lá a ver se isto se resolve”. No da Dr.ª Manuela Arcanjo, “nem pensem que isto fica no sector associativo, o Estado vai ter uma unidade”. No do Dr. Correia de Campos, estamos no “sim, mas…”, sendo que o mas se traduz nesta situação de um organismo público ter em mãos um pedido de certificação e nada.
Por isso daqui eu proponho à AOA, uma vez que a associação obteve financiamentos comunitários e este projecto foi realizado com a Junta da Andaluzia, ofereçam os cuidados de radioterapia a esta entidade espanhola, para que as pessoas de Huelva, de Ayamonte e outras zonas de Espanha, venham a Faro em vez de irem a Sevilha.
Pelo meio, se tiverem espaço, disponibilizem a unidade para as mulheres de Marrocos que vêm a Espanha fazer este tipo de tratamentos, ao abrigo de um protocolo que têm com os Serviços de Saúde da Andaluzia.
Aliás, faz todo o sentido, o actual ministro pode até propor um aproveitamento de tudo isto, nós mandamos as mulheres parir a Espanha (Badajoz, etc.) Espanha manda mulheres fazer radioterapia a Faro. Se calhar era nisso que o ministro estava a pensar quando decidiu encerrar a maternidade de Elvas e mandou o povo nascer em Espanha.