Evocando Abril
por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)
Na próxima terça-feira celebramos mais um aniversário do 25 de Abril. São os 32 anos de um acontecimento que mudou radicalmente o rumo das nossas vidas. A ditadura deu lugar à democracia, graças ao glorioso Movimento organizado por um punhado de capitães que, no seio das Forças Armadas, tomou consciência que essa era a única via para acabar com a guerra colonial e construir um futuro melhor para o povo português.
Decorridas mais de três décadas, a democracia política está perfeitamente consolidada e o país modernizou-se, mas não fomos capazes de dar o salto que se impunha em áreas fundamentais, como a economia, a educação e a organização social. Continuamos na cauda da Europa no que respeita aos índices de desenvolvimento económico, de sucesso escolar e de justiça social.
Temos democracia, alternância governativa e presidencial, mas para a maioria dos portugueses continua adiada a esperança num futuro melhor, como sonharam muitos dos que viveram a Revolução dos Cravos. Um sonho que se vai afogando num mar de descrença e conformismo. Hoje, 32 anos depois daquela madrugada libertadora de Abril de 74, já não conseguimos manter viva a chama reivindicativa que alimenta a mudança.
Um pouco por toda a Europa, os trabalhadores lutam pelos seus direitos e os jovens erguem-se, como se assiste em França, em defesa do seu futuro, enquanto em Portugal se vive um sentimento de impotência e fatalismo, agravado pela prepotência de uma maioria absoluta e pelo desinteresse dos jovens pela causa pública. Mas neste virar de costas dos jovens há uma responsabilidade da geração de Abril, pela forma como não tem sabido fazer a pedagogia da democracia.
Se para nós que vivemos dois tempos - sob o fascismo e a democracia - é fácil percebermos a importância da mudança e a felicidade de sermos livres, para as gerações mais novas, que já nasceram e cresceram em liberdade, essa consciencialização torna-se, obviamente, mais difícil e muito mais ainda se torna quando a política está longe de ser uma escola de virtudes e os políticos se vão descredibilizando.
Educar os jovens no espírito de Abril é uma responsabilidade histórica e uma emergência se quisermos, efectivamente, construir um futuro melhor, mais próspero, justo e igualitário. É uma tarefa árdua mas inadiável que deve envolver, sobretudo, a família e a escola. Seremos capazes de estar à altura deste desafio?
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Na próxima terça-feira celebramos mais um aniversário do 25 de Abril. São os 32 anos de um acontecimento que mudou radicalmente o rumo das nossas vidas. A ditadura deu lugar à democracia, graças ao glorioso Movimento organizado por um punhado de capitães que, no seio das Forças Armadas, tomou consciência que essa era a única via para acabar com a guerra colonial e construir um futuro melhor para o povo português.
Decorridas mais de três décadas, a democracia política está perfeitamente consolidada e o país modernizou-se, mas não fomos capazes de dar o salto que se impunha em áreas fundamentais, como a economia, a educação e a organização social. Continuamos na cauda da Europa no que respeita aos índices de desenvolvimento económico, de sucesso escolar e de justiça social.
Temos democracia, alternância governativa e presidencial, mas para a maioria dos portugueses continua adiada a esperança num futuro melhor, como sonharam muitos dos que viveram a Revolução dos Cravos. Um sonho que se vai afogando num mar de descrença e conformismo. Hoje, 32 anos depois daquela madrugada libertadora de Abril de 74, já não conseguimos manter viva a chama reivindicativa que alimenta a mudança.
Um pouco por toda a Europa, os trabalhadores lutam pelos seus direitos e os jovens erguem-se, como se assiste em França, em defesa do seu futuro, enquanto em Portugal se vive um sentimento de impotência e fatalismo, agravado pela prepotência de uma maioria absoluta e pelo desinteresse dos jovens pela causa pública. Mas neste virar de costas dos jovens há uma responsabilidade da geração de Abril, pela forma como não tem sabido fazer a pedagogia da democracia.
Se para nós que vivemos dois tempos - sob o fascismo e a democracia - é fácil percebermos a importância da mudança e a felicidade de sermos livres, para as gerações mais novas, que já nasceram e cresceram em liberdade, essa consciencialização torna-se, obviamente, mais difícil e muito mais ainda se torna quando a política está longe de ser uma escola de virtudes e os políticos se vão descredibilizando.
Educar os jovens no espírito de Abril é uma responsabilidade histórica e uma emergência se quisermos, efectivamente, construir um futuro melhor, mais próspero, justo e igualitário. É uma tarefa árdua mas inadiável que deve envolver, sobretudo, a família e a escola. Seremos capazes de estar à altura deste desafio?
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.