segunda-feira, abril 09, 2007

MEDICINA NO ALGARVE E OUTROS PIN… E A CHATICE DOS EMPATAS

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Os projectos de interesse nacional são uma forma expedita de tornear a miserável burocracia portuguesa de modo a alcançar a qualificação da oferta turística. De modo a dar, no nosso caso, ao Algarve uma qualidade que ele perdeu nas últimas décadas que tem estado sujeito às investidas de patos-bravos e outras aves de arribação, sem capital e sem bom gosto.

No estado a que chegou o Algarve precisa de ser, rapidamente, requalificado. Daí o interesse destes projectos PIN que representam grandes investimentos, com capital assegurado e parâmetros de qualidade garantidos.

Como não podia deixar de ser, os empatas ecologistas vieram já disparatar sobre o assunto… Que não, que os PIN são uma forma do Governo privilegiar os grandes operadores económicos e de fazer uso abusivo da legislação, etc e tal… E vão ao ponto absurdo de achar que só depois a discussão de um projecto ser alargada a todos os cidadãos é que é legítimo atribuir tal classificação a um projecto. Ou seja, dia de São Nunca bem pela tarde…

Mas num caso destes, para que serviria um Governo? Estes ecologistas empatas querem montar um circo político… Fazer um PREC permanente…

Esta gente decididamente não sabe o que é um Estado de direito e nem como ele funciona… Se querem uma democracia popular e mais um prec proponham isso e vão a votos nas próximas eleições. Mas não chateiem quem investe e quem trabalha!

Aliás, quem diabo é essa gente? Quem votou neles? Quando e para quê?

Até agora, punham em causa o desenvolvimento económico… Agora, vão mais longe e querem pôr em causa a Democracia e o Estado de Direito! Não há pachorra…

Mas se há empatas destes também há boas notícias.

Por exemplo, acho que merece o maior destaque o facto de uma equipa da Universidade do Algarve, de um grupo de cientistas do Algarve, ter criado uma nova técnica para detectar o vírus da SIDA. Um trabalho já reconhecido além fronteiras e que teve acolhimento nas mais exigentes das instâncias científicas mundiais. Parabéns, pois, à equipa de Guilherme Ferreira, do Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural da Universidade do Algarve.

E isto, é claro, leva-nos à questão de saber como anda o projecto de criação do curso de Medicina na Universidade do Algarve… O senhor ministro Mariano Gago tem que responder positivamente a esta proposta bem estruturada e tem de responder em tempo útil. Resolvidas as questões técnicas e científicas, esta iniciativa não pode morrer por falta de resposta política de Mariano Gago.

O reitor, Professor João Guerreiro, espera começar já no ano lectivo de 2009… Oxalá consiga e conta, é claro, com toda a ajuda… Medicina no Algarve é ou deve ser também um Projecto de Interesse Nacional!

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nos últimos anos a Medicina tem-se tornado uma obcessão nacional. A falta de motivação dos alunos para ingressarem nas ciências exactas e na área das engenharias, expressa pelas reduzidas notas de ingresso dos últimos colocados, leva a que todos os anos milhares de alunos prefiram a área da saúde.
Estive já em Oxford, Cambridge e na UCL como bolseiro, e a realidade com que me deparei é bastante diferente da nossa. No Reino Unido, cursos como a Química, a Astrofísica ou a Biologia Celular e Molecular são muito procurados por alunos de todo o mundo; para além disso, existe uma forte indústria ligada a estas áreas que oferece óptimas oportunidades de emprego.
Em Portugal a situação é diferente. A maior parte dos licenciados em cursos como Biologia ou Química tentam a sua sorte no ensino, devido à falta de empresas destas áreas no nosso país. Actualmente, para fugir ao desemprego, muitos jovens licenciados são obrigados a ir trabalhar para o estrangeiro.
Assim, nos últimos anos a área da saúde surgiu aos olhos dos pais e dos jovens como a galinha dos ovos de ouro. Os cursos multiplicaram-se, bem como o número de candidatos.
Contudo, a situação já não é tão abonatória para os licenciados nestas áreas. E já começam a haver cada vez mais licenciados em Enfermagem, Análises Clínicas, Radiologia e até Medicina Dentária no desemprego.
Actualmente já existem cerca de 1400 vagas para Medicina no nosso país. E quase 1000 alunos portugueses a estudar medicina no estrangeiro. Dentro de poucos anos, estarão a entrar no mercado de trabalho português cerca de 2000 novos licenciados por ano. O dobro daquilo que o país necessita.
O excesso de médicos só vai trazer desvantagens e pôr em causa a qualidade dos serviços de saúde no nosso país. E os prejudicados vão ser os utentes do SNS e do sector privado. É que, ao contrário do que muitos desejam, a saúde não deve ser um negócio, logo as leis da concorrência não devem ser um imperativo nesta área. Para bem da nossa saúde. Na Medicina existem conceitos como Ética, que podem vir a ser postos em causa por uma situação de jovens médicos desempregados que estão dispostos a tudo para terem um emprego. Como já sucede na Medicina Dentária. Mesmo que isso prejudique a qualidade dos serviços de saúde.
Assim, neste contexto, não se justifica a abertura de mais uma faculdade de medicina no nosso país, nem a abertura de mais vagas. Encaro esta proposta do PSD e do PP como uma mera medida demagógica e eleitoralista, que até entra em contradição com os princípios de contenção financeira que estes partidos defenderam no passado. Afinal de contas, manter uma faculdade de medicina sai caro, muito caro...
A Universidade do Algarve não tem um curso de Direito, no entanto não o tem reivindicado, mesmo quando existem dezenas de alunos algarvios a estudar Direito noutros estabelecimentos de Ensino Superior. Também não tem um curso de Arquitectura. Nem de Medicina Veterinária. E tantos outros. Porquê a Medicina? Falta de médicos na região?
A falta de médicos no Algarve está relacionada, isso sim, com o facto de pouquíssimos alunos naturais do Algarve ingressarem anualmente em Medicina.
De uma forma geral, embora haja algumas excepções, o ensino secundário na nossa região não privilegia os bons alunos, que terminam o ensino secundário com médias de secundário muito longe dos valores necessários para poderem competir em condições de igualdade com os alunos de outras regiões, especialmente do Norte (onde abundam os alunos com médias de secundário superiores a 190 e médias de exames nacionais superiores a 185).
Será que somos menos inteligentes? Não.
Sou algarvio, natural de Tavira e estudante de Medicina na Faculdade de Medicina do Porto. E sou contra a abertura de mais um curso no nosso país, seja onde fôr.

4:57 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Porque será? A criação do curso de Mediciana na Universidade do Algarve é um desígnio da região, é uma necessidade consolidada e... inadiável!!!
Assim como precisamos do Hospital Central do Algarve e de uma rede de prestação de cuidados de saúde primários / preventivos, apoiada por uma rede de cuidados continuados integrados, preparada para as necessidades da região e de todos quantos nos visitam!!!
Também precisamos de médicos, todos sabemos que os espanhóis batem a asa quando concluirem as suas especializações, há concursos que permanecem desertos, basta que aqueles que estão no desemprego pensem na possibilidade de "moverem os rabinhos" e agarrar as oportunidades de emprego onde existem e cumprirem o seu JURAMENTO DE HiPÓCRATES junto de quem mais precisa!

11:32 da tarde  

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