A política tem destas coisas
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
A política tem destas coisas. O que ontem era válido e motivo de luta para um partido, hoje pode ser considerado puro oportunismo político e desvalorizado por esse mesmo partido, mesmo que os fins a atingir sejam os mesmos.
Vem isto a propósito do movimento que os comunistas de Alcoutim lançaram na Assembleia Municipal, órgão eleito pelo povo, decretando que o 13 de Maio seria o «Dia pela Ponte». Convocaram para o efeito uma manifestação, onde foi redigido um manifesto reivindicativo da construção da ponte que um dia há-de unir Alcoutim a San Lucar. Os social-democratas aprovaram e os socialistas votaram contra, alegando que não alinham em oportunismos políticos. A política tem destas coisas. Os politiqueiros vivem o momento de acordo com dois estados – se são poder, nada de causar ondas ou reivindicações que atrapalhem os governantes; se estão na oposição, vale tudo, desde que o adversário seja incomodado, mesmo sabendo que aquilo que apregoam pode não ser totalmente verdade ou estar despropositado no momento. A máxima é – fazer sofrer o adversário, sempre que possível. Daí que o povo, na sua sabedoria, diga muitas das vezes que a política é porca.
Há pouco mais de uma semana, veio ao Algarve o ministro Mário Lino, clamando aos quatro ventos, a propósito da construção do TGV e das SCUT, que o PSD ontem tinha uma posição, mas hoje passou a ter outra. No fundo, eram uns desavergonhados, dizia o ministro. Foi mesmo dizendo que o partido tinha uma atitude na direcção nacional, mas os seus dirigentes locais optavam por a contrariar. Isto é, não eram seguidistas, logo não tinham vergonha.
Os socialistas alcoutenejos já se esqueceram que foram os primeiros a colocar um marco simbólico no local onde a ponte deverá ser construída, e que continuaram a reivindicar a sua construção em documentos recentes. Mas também sabem, porque já lhes foi dito, que não há hipóteses nos próximos anos de avançar com essa ligação, porque não há dinheiro e os espanhóis não estão minimamente interessados em investir nessa região, preferindo fazê-lo mais próximo de Mértola. Mas a realidade esconde-se, com uma promessa hoje, uma conversa entre a Andaluzia e o Algarve, um comunicado do Instituto de Estradas atirando as culpas para os espanhóis, tudo para en-canar a perna à rã.
Se o movimento nasceu na Assembleia Municipal, deveria ter tido o consenso de todas as forças partidárias e a população de San Lucar deveria ter sido convocada para estar presente.
E repetir o «Dia pela Ponte» no lado de Portugal e no lado de Espanha. Envolver as gentes e não os partidos. No 13 de Maio de 2007, a Assembleia Municipal de Alcoutim deve marcar de novo o «Dia pela Ponte», mas trazer nuestros hermanos para a ribalta e levar a reivindicação para Espanha, para que a ponte não continue, eternamente, a ser uma miragem.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
A política tem destas coisas. O que ontem era válido e motivo de luta para um partido, hoje pode ser considerado puro oportunismo político e desvalorizado por esse mesmo partido, mesmo que os fins a atingir sejam os mesmos.
Vem isto a propósito do movimento que os comunistas de Alcoutim lançaram na Assembleia Municipal, órgão eleito pelo povo, decretando que o 13 de Maio seria o «Dia pela Ponte». Convocaram para o efeito uma manifestação, onde foi redigido um manifesto reivindicativo da construção da ponte que um dia há-de unir Alcoutim a San Lucar. Os social-democratas aprovaram e os socialistas votaram contra, alegando que não alinham em oportunismos políticos. A política tem destas coisas. Os politiqueiros vivem o momento de acordo com dois estados – se são poder, nada de causar ondas ou reivindicações que atrapalhem os governantes; se estão na oposição, vale tudo, desde que o adversário seja incomodado, mesmo sabendo que aquilo que apregoam pode não ser totalmente verdade ou estar despropositado no momento. A máxima é – fazer sofrer o adversário, sempre que possível. Daí que o povo, na sua sabedoria, diga muitas das vezes que a política é porca.
Há pouco mais de uma semana, veio ao Algarve o ministro Mário Lino, clamando aos quatro ventos, a propósito da construção do TGV e das SCUT, que o PSD ontem tinha uma posição, mas hoje passou a ter outra. No fundo, eram uns desavergonhados, dizia o ministro. Foi mesmo dizendo que o partido tinha uma atitude na direcção nacional, mas os seus dirigentes locais optavam por a contrariar. Isto é, não eram seguidistas, logo não tinham vergonha.
Os socialistas alcoutenejos já se esqueceram que foram os primeiros a colocar um marco simbólico no local onde a ponte deverá ser construída, e que continuaram a reivindicar a sua construção em documentos recentes. Mas também sabem, porque já lhes foi dito, que não há hipóteses nos próximos anos de avançar com essa ligação, porque não há dinheiro e os espanhóis não estão minimamente interessados em investir nessa região, preferindo fazê-lo mais próximo de Mértola. Mas a realidade esconde-se, com uma promessa hoje, uma conversa entre a Andaluzia e o Algarve, um comunicado do Instituto de Estradas atirando as culpas para os espanhóis, tudo para en-canar a perna à rã.
Se o movimento nasceu na Assembleia Municipal, deveria ter tido o consenso de todas as forças partidárias e a população de San Lucar deveria ter sido convocada para estar presente.
E repetir o «Dia pela Ponte» no lado de Portugal e no lado de Espanha. Envolver as gentes e não os partidos. No 13 de Maio de 2007, a Assembleia Municipal de Alcoutim deve marcar de novo o «Dia pela Ponte», mas trazer nuestros hermanos para a ribalta e levar a reivindicação para Espanha, para que a ponte não continue, eternamente, a ser uma miragem.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Então V. Ex.ª anda nestas coisas há décadas e admira-se com tamanha pouca vergonha?! Não percebe que quem quer subir na política tem que manter o rabinho entre as pernas ou andar atrás do dono "a dar a dar"?!
Só não perbebi uma frase, relativa à construção da ponte mais próximo de Mértola. Afinal, em Mértola já há uma ponte para a margem esquerda na estrada que liga à Mina de São Domingo e a Serpa. Para que é que eles querem outra ponte naquela zona, será que contam anexar o território da margem esquerda do Guadiana?!
De Alcoutim até a foz da Ribeira do Vascão não há vivalma que se note, javardos e lebres talvez, o IC27 passa longe do rio. Dúvidas, enfim?!