Os corredores da dor
por Henrique Dias Freire (jornalista, director do Postal do Algarve e administrador do CENJOR)
Diariamente, nos corredores das urgências do Hospital Distrital de Faro, encontram-se vários doentes. A maioria são idosos que permanecem horas deitados em macas. Alguns permanecem mais de 24 horas deitados nas macas. Todos com a expectativa que no minuto seguinte obterão uma resposta média. Uma espera que se traduz no tempo que não mais chega. Um tempo de dor e frustração para muitos. Uma sensação de abandono que nalguns casos chega ao desespero!
Dir-me-ão que os profissionais afectos às urgências do Hospital Distrital de Faro fazem o que podem. Que são mal pagos. E, pior do que isso, estão cansados e desmotivados pela falta de condições de trabalho. Dir-me-ão que é fácil apontar o dedo. Mas quando toca a contribuir ou a participar na resolução dos vários problemas, a questão diz quase sempre respeito ao outro e raramente a nós próprios!
E, possivelmente, até terão razão e eu até terei de desculpar-me publicamente pelo atrevimento desta crónica. Desculpar-me por ver, ouvir e sentir a dor daqueles que sofrem em corredores malditos. Em corredores que estão permanentemente com correntes de ar, em corredores onde ninguém pergunta de forma regular se o doente acamado precisa de alguma coisa, onde os lençóis e cobertores permanecem no chão sem que ninguém se preocupe em voltar a cobrir o doente...
Qual conforto, qual palavra amiga reconfortante, qual quem, qual coisa ou alguém que o possa falar. É nestas palavras todas que eu falo aqui hoje, com saúde, acho eu. Amanhã, sem ela, talvez. E que espera todos nós percebamos que o estar lá naquele lugar das urgências é um corredor da vida e nunca um corredor de morte que a todos um dia nos espera!
E é para melhorar esse corredor que eu, que tu e todos nós trabalhamos ou procuramos trabalhar por uma vida melhor. Até para a semana!
NOTA: Os comentários de Henrique Dias Freire são emitidos todas as sextas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
Diariamente, nos corredores das urgências do Hospital Distrital de Faro, encontram-se vários doentes. A maioria são idosos que permanecem horas deitados em macas. Alguns permanecem mais de 24 horas deitados nas macas. Todos com a expectativa que no minuto seguinte obterão uma resposta média. Uma espera que se traduz no tempo que não mais chega. Um tempo de dor e frustração para muitos. Uma sensação de abandono que nalguns casos chega ao desespero!
Dir-me-ão que os profissionais afectos às urgências do Hospital Distrital de Faro fazem o que podem. Que são mal pagos. E, pior do que isso, estão cansados e desmotivados pela falta de condições de trabalho. Dir-me-ão que é fácil apontar o dedo. Mas quando toca a contribuir ou a participar na resolução dos vários problemas, a questão diz quase sempre respeito ao outro e raramente a nós próprios!
E, possivelmente, até terão razão e eu até terei de desculpar-me publicamente pelo atrevimento desta crónica. Desculpar-me por ver, ouvir e sentir a dor daqueles que sofrem em corredores malditos. Em corredores que estão permanentemente com correntes de ar, em corredores onde ninguém pergunta de forma regular se o doente acamado precisa de alguma coisa, onde os lençóis e cobertores permanecem no chão sem que ninguém se preocupe em voltar a cobrir o doente...
Qual conforto, qual palavra amiga reconfortante, qual quem, qual coisa ou alguém que o possa falar. É nestas palavras todas que eu falo aqui hoje, com saúde, acho eu. Amanhã, sem ela, talvez. E que espera todos nós percebamos que o estar lá naquele lugar das urgências é um corredor da vida e nunca um corredor de morte que a todos um dia nos espera!
E é para melhorar esse corredor que eu, que tu e todos nós trabalhamos ou procuramos trabalhar por uma vida melhor. Até para a semana!
NOTA: Os comentários de Henrique Dias Freire são emitidos todas as sextas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.