Saia de cena quem não é de cena
por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)
A democracia só ganha vitalidade se houver renovação numa percentagem acentuada dos seus protagonistas.
Porque as mulheres e os homens novos trazem ideias frescas, são capazes de fugir ao instituído, a sua forma de estar na política pode e deve ter a finalidade de injectar sangue novo nas veias de uma sociedade que cada vez menos se revê em muitos dos políticos que por aí andam.
José Vitorino, ex-presidente da Câmara de Faro e actual vereador, veio anunciar a sua candidatura em 2009 à presidência da autarquia, criticando a actual maioria, sem reconhecer que a sua derrota se deveu a ele próprio e à política que desenvolveu durante quatro anos e que os farenses não aprovaram, votando nas urnas a sua derrota.
Um candidato derrotado muito dificilmente, e sem contar com os apoios partidários que teve nas anteriores candidaturas e as críticas que os sectores seus apoiantes manifestam contra a sua pessoa, poderá obter uma vitória.
Não acreditamos que José Vitorino não se aperceba de que não possuiu espaço político para se movimentar, e que o sonho que alimenta não passa de uma quimera, que ele alimenta para satisfação do seu próprio ego.
Quando, por exemplo, José Vitorino pede para a Câmara fazer «mais e mais depressa», esquece-se que a autarquia vive descapitalizada, que o próprio Governo condiciona os investimentos por impossibilidade, que vem do seu tempo, da Câmara se poder endividar, contraindo empréstimos.
Porque o futuro, daqui a dois anos, pertence a novos elementos políticos, muito por força da própria regionalização e do dinamismo criativo que é necessário imprimir às autarquias, fugindo ao conceito capelista, tão do agrado de José Vitorino, para uma envolvente com outros concelhos em projectos de dimensão intermunicipal. Por isso, é importante que os «mais antigos» saiam de cena, dando lugar aos novos.
José Vitorino teve o seu tempo, a sua época de intervenção política, mas, hoje, no ano de 2007, é altura de começar a retirar-se e, se assim o entender, dar lugar a um seu continuador. A sua natureza de pessoa inquieta, quase rebelde, não lhe deixa ver os tempos modernos que se avizinham.
E não desiste. Quer continuar, porque ainda vai havendo quem utilize as suas deixas para alimentar alguma polémica. Uma polémica que nunca chega muito longe.
Se José Vitorino fomenta alguma polémica, esta semana, Helder Martins, presidente da Região de Turismo do Algarve, ao ser apresentado como director comercial de um grupo hoteleiro, sem ter pedido a demissão da presidência da RTA, tornou-se alvo de críticas.
Helder Martins não tinha necessidade de ter criado toda a efervescência que se verifica neste momento em torno da RTA, onde José Dias, que era vogal, assume provisoriamente o posto de presidente em exercício, o que leva a supor que o anterior presidente pode voltar a reocupar o cargo.
Porque razão não apresentou Helder Martins o seu pedido de demissão, alegando incompatibilidade com o lugar que iria ocupar num grupo privado?
A sua demissão levaria à realização de eleições antecipadas ou, caso o secretário de Estado assim entendesse, porque a Lei das Regiões de Turismo vai ser alterada, à nomeação de uma comissão administrativa, que até poderia servir para a elaboração dos futuros estatutos do órgão face à nova lei.
Aí, Helder Martins sairia com toda a legitimidade, porque estava a construir o seu futuro, e não deixava pendurados rabos-de-palha, nem as interrogações que se colocam de se saber se é legítimo ou não o que se está a passar.
Por outro lado, Helder Martins partia para ocupar a sua vida profissional num grupo privado, algo a que todo o cidadão tem direito.
Como as coisas ficaram, vão ser colocadas interrogações, e Helder Martins, que podia ter saído com a certeza do dever cumprido e a cortesia de anunciar a sua renúncia mais cedo ao cargo, parece ter complicado tudo.
Porque não convoca José Dias a Comissão Regional e apresenta a carta de Helder Martins a demitir-se do cargo de presidente, definindo, nesse órgão, o modelo a seguir, de acordo com parecer do secretário de Estado – nomeação de uma comissão administrativa ou eleições antecipadas?
O Partido Socialista, perante esta situação, e sendo Governo, vai analisar a nível da Federação o que se está a passar.
Exigirá, certamente, um parecer do secretário de Estado do Turismo e procurará tomar conta do processo, porque a Helder Martins vai suceder, com toda a certeza, um homem da total confiança dos socialistas.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.
A democracia só ganha vitalidade se houver renovação numa percentagem acentuada dos seus protagonistas.
Porque as mulheres e os homens novos trazem ideias frescas, são capazes de fugir ao instituído, a sua forma de estar na política pode e deve ter a finalidade de injectar sangue novo nas veias de uma sociedade que cada vez menos se revê em muitos dos políticos que por aí andam.
José Vitorino, ex-presidente da Câmara de Faro e actual vereador, veio anunciar a sua candidatura em 2009 à presidência da autarquia, criticando a actual maioria, sem reconhecer que a sua derrota se deveu a ele próprio e à política que desenvolveu durante quatro anos e que os farenses não aprovaram, votando nas urnas a sua derrota.
Um candidato derrotado muito dificilmente, e sem contar com os apoios partidários que teve nas anteriores candidaturas e as críticas que os sectores seus apoiantes manifestam contra a sua pessoa, poderá obter uma vitória.
Não acreditamos que José Vitorino não se aperceba de que não possuiu espaço político para se movimentar, e que o sonho que alimenta não passa de uma quimera, que ele alimenta para satisfação do seu próprio ego.
Quando, por exemplo, José Vitorino pede para a Câmara fazer «mais e mais depressa», esquece-se que a autarquia vive descapitalizada, que o próprio Governo condiciona os investimentos por impossibilidade, que vem do seu tempo, da Câmara se poder endividar, contraindo empréstimos.
Porque o futuro, daqui a dois anos, pertence a novos elementos políticos, muito por força da própria regionalização e do dinamismo criativo que é necessário imprimir às autarquias, fugindo ao conceito capelista, tão do agrado de José Vitorino, para uma envolvente com outros concelhos em projectos de dimensão intermunicipal. Por isso, é importante que os «mais antigos» saiam de cena, dando lugar aos novos.
José Vitorino teve o seu tempo, a sua época de intervenção política, mas, hoje, no ano de 2007, é altura de começar a retirar-se e, se assim o entender, dar lugar a um seu continuador. A sua natureza de pessoa inquieta, quase rebelde, não lhe deixa ver os tempos modernos que se avizinham.
E não desiste. Quer continuar, porque ainda vai havendo quem utilize as suas deixas para alimentar alguma polémica. Uma polémica que nunca chega muito longe.
Se José Vitorino fomenta alguma polémica, esta semana, Helder Martins, presidente da Região de Turismo do Algarve, ao ser apresentado como director comercial de um grupo hoteleiro, sem ter pedido a demissão da presidência da RTA, tornou-se alvo de críticas.
Helder Martins não tinha necessidade de ter criado toda a efervescência que se verifica neste momento em torno da RTA, onde José Dias, que era vogal, assume provisoriamente o posto de presidente em exercício, o que leva a supor que o anterior presidente pode voltar a reocupar o cargo.
Porque razão não apresentou Helder Martins o seu pedido de demissão, alegando incompatibilidade com o lugar que iria ocupar num grupo privado?
A sua demissão levaria à realização de eleições antecipadas ou, caso o secretário de Estado assim entendesse, porque a Lei das Regiões de Turismo vai ser alterada, à nomeação de uma comissão administrativa, que até poderia servir para a elaboração dos futuros estatutos do órgão face à nova lei.
Aí, Helder Martins sairia com toda a legitimidade, porque estava a construir o seu futuro, e não deixava pendurados rabos-de-palha, nem as interrogações que se colocam de se saber se é legítimo ou não o que se está a passar.
Por outro lado, Helder Martins partia para ocupar a sua vida profissional num grupo privado, algo a que todo o cidadão tem direito.
Como as coisas ficaram, vão ser colocadas interrogações, e Helder Martins, que podia ter saído com a certeza do dever cumprido e a cortesia de anunciar a sua renúncia mais cedo ao cargo, parece ter complicado tudo.
Porque não convoca José Dias a Comissão Regional e apresenta a carta de Helder Martins a demitir-se do cargo de presidente, definindo, nesse órgão, o modelo a seguir, de acordo com parecer do secretário de Estado – nomeação de uma comissão administrativa ou eleições antecipadas?
O Partido Socialista, perante esta situação, e sendo Governo, vai analisar a nível da Federação o que se está a passar.
Exigirá, certamente, um parecer do secretário de Estado do Turismo e procurará tomar conta do processo, porque a Helder Martins vai suceder, com toda a certeza, um homem da total confiança dos socialistas.
NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.