Tradições que o tempo não apaga
por Albino Martins (director do Centro Paroquial de Cachopo)
Muitas vezes, até na publicidade, ouvimos dizer que “a tradição já não é o que era”. Mas há tradições que o tempo não apaga e importa salvaguardá-las como património cultural que, efectivamente, são. Primeiro veio o Santo António, no dia 13; segue-se o São João, no dia 24; e, para acabar as festas, no dia 29 comemora-se São Pedro.
Num país tradicionalmente religioso e basicamente católico, algumas destas festas adquiriram uma raíz um pouco pagã, ainda que não esquecendo o seu conteúdo cristão. Não vou, pois, relatar a história dos três Santos que marcam este mês, nem as razões subjacentes à sua santidade. Vamos antes recordá-los – alegres e jocosos – como a tradição popular os trouxe até nós.
O Santo António, atrevido, brejeiro e casamenteiro, não tem mãos a medir, com as raparigas a pedirem uma “ajudinha” para encontrarem um noivo que lhes sirva. Com bilhetes escondidos sobre a peanha das imagens ou com pedidos verbais e às claras, muitas fazem promessas e algumas garantem, anos mais tarde, ter encontrado o amor da sua vida na noite de Santo António. Ainda que comemorado em todo o país, o Santo António é mais festejado em Lisboa e os seus dotes casamenteiros traduzem-se por iniciativas várias, nomeadamente as famosas “noivas de Santo António”.
Num tempo de alegria, não faltam os desfiles e as marchas populares, os arraiais de sardinha assada, os bailaricos e outras diversões, sobretudo nos bairros mais tradicionais.
Este ambiente de grande entusiasmo e euforia estende-se à nossa cidade de Tavira, onde o Santo que Baptizou Jesus Cristo não tem mãos a medir nas noites de 23 e 24. Porém não custa admitir sem bairrismos fundamentalistas que é no Porto que se comemora com expressão nacional o São João. Num tempo de mangericos, não faltam os alhos-porros para bater nas cabeças de quem passeia, bem como, mais recentemente, os martelinhos e os raminhos de flores que se dão a cheirar a quem passa, às vezes com perfumes de gosto muito duvidoso.
Correm-se as ruas, dança-se não importa com quem, soltam-se os cantares e as ruas do Porto, sobretudo as mais características, enchem-se de cascatas com as crianças a pedirem mais uns cêntimos para alindar a obra que é de todos e homenageia o São João. E há quem percorra toda a cidade, a pé, desde o escurecer até madrugada, passeios “refrescados” com cerveja e vinho, muitos terminando num sono, mais ou menos reparador, na relva da Avenida dos Aliados.
O São Pedro, que acompanhou Cristo e se tornou um dos seus Apóstolos, marca o fim do mês e das festas, sobretudo no norte do país. Já os foliões estão um pouco cansados, o que não os impede ainda de saltar fogueiras e, já com saudade, começar a preparar os festejos do próximo ano.
NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.
Muitas vezes, até na publicidade, ouvimos dizer que “a tradição já não é o que era”. Mas há tradições que o tempo não apaga e importa salvaguardá-las como património cultural que, efectivamente, são. Primeiro veio o Santo António, no dia 13; segue-se o São João, no dia 24; e, para acabar as festas, no dia 29 comemora-se São Pedro.
Num país tradicionalmente religioso e basicamente católico, algumas destas festas adquiriram uma raíz um pouco pagã, ainda que não esquecendo o seu conteúdo cristão. Não vou, pois, relatar a história dos três Santos que marcam este mês, nem as razões subjacentes à sua santidade. Vamos antes recordá-los – alegres e jocosos – como a tradição popular os trouxe até nós.
O Santo António, atrevido, brejeiro e casamenteiro, não tem mãos a medir, com as raparigas a pedirem uma “ajudinha” para encontrarem um noivo que lhes sirva. Com bilhetes escondidos sobre a peanha das imagens ou com pedidos verbais e às claras, muitas fazem promessas e algumas garantem, anos mais tarde, ter encontrado o amor da sua vida na noite de Santo António. Ainda que comemorado em todo o país, o Santo António é mais festejado em Lisboa e os seus dotes casamenteiros traduzem-se por iniciativas várias, nomeadamente as famosas “noivas de Santo António”.
Num tempo de alegria, não faltam os desfiles e as marchas populares, os arraiais de sardinha assada, os bailaricos e outras diversões, sobretudo nos bairros mais tradicionais.
Este ambiente de grande entusiasmo e euforia estende-se à nossa cidade de Tavira, onde o Santo que Baptizou Jesus Cristo não tem mãos a medir nas noites de 23 e 24. Porém não custa admitir sem bairrismos fundamentalistas que é no Porto que se comemora com expressão nacional o São João. Num tempo de mangericos, não faltam os alhos-porros para bater nas cabeças de quem passeia, bem como, mais recentemente, os martelinhos e os raminhos de flores que se dão a cheirar a quem passa, às vezes com perfumes de gosto muito duvidoso.
Correm-se as ruas, dança-se não importa com quem, soltam-se os cantares e as ruas do Porto, sobretudo as mais características, enchem-se de cascatas com as crianças a pedirem mais uns cêntimos para alindar a obra que é de todos e homenageia o São João. E há quem percorra toda a cidade, a pé, desde o escurecer até madrugada, passeios “refrescados” com cerveja e vinho, muitos terminando num sono, mais ou menos reparador, na relva da Avenida dos Aliados.
O São Pedro, que acompanhou Cristo e se tornou um dos seus Apóstolos, marca o fim do mês e das festas, sobretudo no norte do país. Já os foliões estão um pouco cansados, o que não os impede ainda de saltar fogueiras e, já com saudade, começar a preparar os festejos do próximo ano.
NOTA: Os comentários de Albino Martins são emitidos todas as sextas-feiras, às 11 horas, com repetição às 17 e às 23 horas.