Lixo: Algarve lidera reciclagem
por Fernando Reis (professor e director do Jornal do Algarve)
Em sete anos, a reciclagem de lixo cresceu, no Algarve, mais de 400 por cento. No total foram recicladas cerca de 75 mil toneladas de vidro, papel e embalagens, o que equivale a dez por cento do total do lixo recolhido na região, correspondendo a uma média de 31 quilos reciclado por cada algarvio.
Estes números que remetem o Algarve para o topo das regiões do nosso país em termos de média de lixo reciclada, reflectem, no entanto, numa análise comparativa, uma nítida de desvantagem em termos de União Europeia, uma vez que Portugal está, a este nível, na cauda do pelotão, à frente do qual surge a Holanda com 65 por cento do lixo reciclado. Os nossos vizinhos espanhóis que há uns anos atrás não estavam muito sensibilizados para esta prá- tica, reciclam hoje 35 por cento do lixo que produ- zem.
Mas deste atraso relativamente à Europa, que se estende, como se sabe, a muitas outras áreas, fica-nos a certeza, pela análise da evolução positiva dos números da reciclagem do lixo no Algarve, que na base do problema reside quase sempre a vertente educacional, por um lado e a forma como se priorizam ou não, em termos nacionais e regionais, essas questões. Há efectivamente uma nova geração que, fruto do modo como a problemática ambiental e as boas práticas a favor da natureza são tratadas na escola, começa a despertar para a importância da reutilização do lixo produzido, quer numa perspectiva de interesse económico quer numa perspectiva de preservação dos ecosistemas. Mas começa a haver, também, um maior investimento por parte dos municípios nesta área tão sensível e tão imprescindível na promoção de uma boa qualidade de vida, que é, cada vez mais, também, um factor importante na atracção dos fluxos turísticos.
Mas se em termos de reciclagem do lixo, apesar de estarmos abaixo da média europeia, houve uma evolução positiva há, contudo, um aspecto relacionado com esta problemática que exige uma maior atenção, quer por parte da população quer das autarquias. Referimo-nos à forma imunda como se apresentam certos contentores, por falta de civismo e por uma certa ineficácia no processo de recolha do lixo, limpeza e desinfecção desses locais, sobretudo no Verão. É preciso não esquecer que os contentores, pela sua natureza podem ser um foco de doença.
Nesta reflexão sobre a necessidade de boas práticas ambientais, deixamos no ar o desejo de rever uma prática muito frequente num passado não muito distante e que gostariamos de ver retomada, agora, numa perspectiva ecológica; a lavagem de ruas, através da reciclagem das águas residuais.
NOTA: Os comentários de Fernando Reis são emitidos todas as quartas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.