quinta-feira, maio 29, 2008

Insegurança no Algarve

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

O Algarve está com problemas de segurança e não vale a pena escondê-lo. Nestas coisas é sempre melhor não fazer figura de avestruz e não meter a cabeça na areia, à espera que a coisa passe. Isso, é a forma mais rápida e segura para que as coisas piorem e muito.

No relatório anual da segurança interna, Faro é o distrito com mais crimes em 2007. Mas, basta estar atento ao que se passa à nossa volta, basta ler os jornais todos os dias para nos apercebermos de que as coisas não vão nada bem, em matéria de segurança pelo Algarve.

Vão mesmo mal e, isto, não é possível nem é admissível numa região que vive do turismo e, portanto, precisa de segurança para viver e desenvolver a sua principal actividade económica. Vejam-se alguns títulos recentes: “GNR com falta de pessoal”; “Caixa de multibanco levada de caixa de supermercado”; “Roubado carrinha BMW”; “Casal traficava em Loulé”; “Assassinada em casa”; “Turistas assaltados e agredidos”. Há muito mais mas, já chega para se ver e perceber do que estou a falar. Quem não fala nada sobre isto e, está muito caladinho quando devia e tinha a obrigação de falar são, os senhores políticos, quer do PSD, quer os do PS. Parece que eles não têm problemas de segurança e, portanto, não lhes interessa a coisa. Que se lixe!

Isto é mau, muito mau. E será melhor que abram os olhos antes que seja tarde. O PS então tem uma dupla responsabilidade. Desde sempre que é o principal partido político do Algarve e é hoje o partido do Governo. A Direcção Política do Algarve que tem feito? Que eu saiba nada. É péssimo e inaceitável. Pelo menos poderiam ter alertado o Governo para esta situação de falta de segurança, uma situação incompatível com o bem-estar das populações e incompatível com a actividade económica do turismo.

NOTA: Os comentários de José Mateus são emitidos todas as terças-feiras, às 9,30 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

Falsas promessas governamentais

por Carlos Lopes (advogado)

O DN vem em primeira página de Sexta-feira passada dizer que o Governo não paga as bandas gástricas, coisa que se tinha obrigado a fazer há 6 meses. O DN veio dizer isto como se uma notícia fosse. Como se a falta de cumprimento de uma promessa do Governo fosse novidade, como se tal fosse notícia. O DN ou não é deste mundo ou está ao lado do Governo. O Governo há 3 anos que não cumpre aquilo a que se obrigou. O Governo e, digo isto, deste Governo como posso dizer de outros governos, nunca se falta por uma atitude de hombridade, correcção e verticalidade. O Governo não cumpriu uma promessa e, isso, poder-se-á considerar uma novidade?

Há fome em Portugal

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Vim aqui comprar pão e mais qualquer coisa porque está ali em baixo uma pessoa com fome. Um gesto de solidariedade de um amigo que encontrei numa grande superfície. Afinal, há gente com fome em Portugal. O riso do 1º ministro quando lhe falaram neste problema é demonstrativo da nossa cultura e do sentimento de repúdio pela afirmação. No fundo, todos consciente ou inconscientemente temos vergonha de falar na fome. É estado que deve ser escondido, abafado e, se possível, silenciado. Há fome em Portugal.

Diariamente, os alicerces da nação vão-se desmoronando. Vamos atingir o patamar das civilizações aplicadas de 3º mundo, onde existem os muito ricos e os muito pobres. As micro e pequenas empresas não suportam as investidas e muitas das leis que aparecem são feitas para as sufocar. A Europa deu-nos muito jeito porque nos doou muito dinheiro, grande parte dele mal aproveitado, mas também nos fez muito mal porque incentivou a subsídio-dependência e, pagou a Portugal para não produzir.

Fomos atrás dessa política como parolos. A Europa não queria a nossa concorrência na agricultura e não fomos capazes de percorrer, pensando que, pelo menos, para consumo próprio devíamos semear. Importamos 80 a 90% de produtos que consumimos; pagamos a quem produz...à Espanha, França; aos países sul-americanos e a muitos outros. Há fome em Portugal. Haja coragem política para abordar o tema.

NOTA: Os comentários de Hélder Nunes são emitidos todas as quintas-feiras, às 9 horas, com repetição às 15 e às 21 horas.

Melhoria nos acessos, para quando?

por Luís Horta (director do Jornal Sotavento)

Até ao último fim de semana o tempo, em todo o país, permaneceu incerto: chuvas, ventos e muito pouco do que nos habituou o mês de Maio. Parecendo querer transpor para o Junho, que já aí vem, esta irregularidade meteorológica fora de tempo. Mas não é do mau tempo que lhes quero falar. Antes do Verão que, pelo calendário, já caminha a passos largos para a sua entrada ao serviço. Serviço que, nesta nossa região, quer dizer oferta turística; oferta que corresponde a praia que, envolve Tavira, Cabanas e Sta. Luzia. Cabanas criou uma frente junto à ria com dimensão de respeito. Da fortaleza às imediações do Almargem, empreendimentos, uns acabados outros em obra e outros em projecto.

A praia tem apenas acesso por barco, mas há quem fale numa ligação pedonal. Sta. Luzia equipara-se em crescimento urbano e surge de cara mais lavada na frente ribeirinha, à mercê da excelente recuperação da sua marginal. Falta saber se as praias da Terra Estreita e Barril, tal como em Cabanas conseguirão suportar tal carga que, vai causando estragos, cuja fragilidade é evidente. Tavira com a sua praia da ilha. Aí, coloca-se muito mais a questão do acesso, ou seja, 4 Águas, a que se juntam outras questões colaterais: onde e como estacionar? Como percorrer uma estrada em muito mau estado, sem bermas para os peões? Onde estão as carreiras rodoviárias suficientes ao longo do dia? Porque não saiu ainda do local, a estância das areias? Porque continuam a esboroar os últimos metros da margem direita do Gilão frente ao Arraial?

Muitos de nós sabemos que tudo isto resulta da diversidade de entidades que têm a ver com a restruturação das 4 Águas e da falta de uma coordenação entre elas. Quando é que o Governo pensa colocar este assunto em agenda? Ou estará à espera que a procura interna ou externa deixe de se interessar pela Ilha de Tavira? Não somos um país tão rico que, possa desperdiçar pérolas turísticas, de excelência, como a nossa ilha. Nem quero pensar se, neste assunto, há razões que a própria razão desconhece.

quarta-feira, maio 28, 2008

"El Pais"

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)


O Algarve esteve recentemente em focu no “El Pais”. Este jornal madrileno de referencia fez há dias um suplemento especial com propostas para o turismo de Verão e o Algarve, tinha aí um lugar de grande destaque. O “El Pais” refere e destaca as noites quentes do festival Allgarve e as suas estrelas de Rock, Jazz, Fado e fala de praias, lugares e cidades. Destaca a Ria Formosa, Tavira, Olhão, Silves, Monchique, Sagres e a Costa de São Vicente. Destaca-os como cidades e locais que importa descobrir. Mas não se detém, nem aconselha outros sítios, aqueles onde a massificação passou dos limites do aceitável.

Uma missão, portanto, do “El Pais” a meditar por todos aqueles que querem um Algarve requalificado. Como exemplo desta requalificação necessária, acho importante destacar o recentíssimo caso do Museu Municipal de Portimão, um caso exemplar de inovação. Aquela fórmula certa da inovação da fidelidade à tradição que aqui temos defendido para orientar a requalificação do nosso Algarve. E este museu de Portimão é um caso exemplar que já se vê mesmo com direito a um merecido prémio e que é um exemplo a seguir para requalificar o nosso Algarve.

Política marítima da U.E

por Jamila Madeira (deputada do partido socialista)

Desde 2006 que e iniciou um processo único de discussão do livro verde da política marítima da U.E. O desafio era mais do que criar mais um instrumento de acção complementar aos múltiplos já existentes nesta área. Pretendia ser um aglutinador de vontades e perceber a transversalidade desta problemática. Assim, desde então que o debate tem sido em torno de um mar de oportunidades e responsabilidades que é esta nova política marítima europeia. A riqueza dos contributos permitiu-nos, durante a presença portuguesa da U.E em outubro de 2007 lançar propostas concretas e assumir agora uma acção consequente.

Nesta fase, o parlamento europeu é novamente chamado a pronunciar-se para em conjunto com o conselho, lançar os alicerces sólidos que um dóssier deste género com, a relevância que tem e que a economia europeia precisa. Assim, associados de forma adequada às problemáticas, não só aquáticos mas do desenvolvimento das zonas costeiras com todas as questões de sustentabilidade social, económica e ambiental que têm a si associadas, é absolutamente crucial. Por isso mesmo, o relatório que será esta semana discutido no parlamento europeu dá nota da necessidade, da investigação, inovação terem, que ser o mote para um maior potencial desenvolvimento regional que dará sustento a todas as actividades a que a política marítima se refere e afecte.

Também as alternativas de mobilidade dos mares e o desafio das energias das ondas são, promessas já no terreno e que trará certamente muita esperança quanto às soluções económicas do futuro. Enfim, os cidadãos e o parlamento europeu abraçam este dossier há 2 anos atrás. Agora, assumiremos a responsabilidade de o levar a todo o terreno e com este, um novo instrumento marca pela positiva este nosso planeta azul, a que chamamos terra, mas que é esmagadoramente mar.

quarta-feira, maio 21, 2008

Desertificação do Algarve

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Estão a ser feitos investimentos no Algarve. Esses investimentos, concluímos que estão na sua totalidade distribuídos pela faixa litoral do Algarve, onde está a massificação, tanto humana, como na construção e, onde se afirma, tudo se vai recuperar. Esperemos que o tal benefício da dúvida, que a intenção seja mesmo colocar ordem no litoral, requalificar e reabilitar zonas densamente degradadas e não estar a prestar um serviço público para que os privados o possam aproveitar. Não se pode pensar, quando se traçam projectos desta natureza, o de reabilitar todas as zonas que, eles venham a ser aproveitados para instalar mais carga urbana em cima do litoral, jogando no efeito da reabilitação pretendida porque, nesse caso, é deitar dinheiro à rua e saber-se que daqui a 20 anos se volta a falar em requalificação novamente a ter que demolir algumas construções, como já está acontecendo em Espanha.

Há uma política definida para ser aplicada a sul da EN125. E então pelo Norte? O Algarve começa no Atlântico e termina nas serras, passando pelo barrocal. Quando a crise alimentar é uma das mais actuais preocupações das Nações Unidas, não devíamos pensar que as terras férteis da região e a zona de floresta com medronheiros, carvalhos e sobreiros mereciam um plano estratégico de emergência? Sem uma retaguarda protegida, o Algarve do interior corre sérios riscos de avançar a passos largos para desertificação territorial e humana.

Com um deserto nas costas, o litoral está ameaçado e, a pouco e pouco, vai sendo engolido. Não se ouve falar, pelo menos em termos visíveis, na retoma agraria do Algarve. As terras não devem ficar ao abandono e a Direcção Regional de Agricultura deve dialogar com os seus proprietários para as tornar rentáveis, definindo áreas e as suas aptidões agrícolas. Há que constituir associações de jovens agricultores, alugando-lhes as terras mas, em 1º lugar há que acabar com o minifúndio conseguido pelos muros de pedra, limpando as terras deste obstáculo, delimitando as propriedades com um simples marco para que as áreas emparceladas possam tornar-se rentáveis.

A agricultura é uma das áreas que tem muito futuro na região Algarvia. Basta olharmos para aqueles que aqui estão: estrangeiros a aplicar o seu trabalho na terra Algarvia.

Onde anda a justiça?

por Carlos Lopes (advogado)

António Nunes achou por bem iniciar o ano, simbolicamente o ano 0 do fumo dos cigarros, em lugares públicos com uma cigarrilha nos lábios. Apanhado em flagrante, balbuciou uma desculpa qualquer, do género “os casinos não estão incluídos na proibição”. Mentira. Ele sabe que é proibido fumar nos casinos. Se não sabia é ignorante. Mas, como se sabe, a ignorância não aproveita o ignorante.

O nosso 1º Ministro, tão intransigente e tão rigoroso fumou no avião para Caracas. Jurava-me o PS que o homem tinha querido ir fumar lá para fora, mas que não o tinham deixado. Sócrates, tal como o outro, disse não saber que era proibido. Lindo serviço. Mas este clima de alguma impunidade e descaramento está a alastrar. Na nossa sociedade é ver os carros da brigada de transito em cima do passeio ou extensivamente frente ao tribunal. E aí, também se vêm carros de magistrados que, como se sabe, têm de aplicar a lei e que estarão a aplicar a lei que não a cumprem. E já se têm visto os veículos dos senhores magistrados estacionados onde é necessário pagar mas, colocando o dístico de “magistrado especial” no pára-brisas ficam isentos de pagamento do estacionamento, quando o comum dos mortais tem que pagar.

Na sexta-feira, em Sto. Estevão vi o carro da Protecção Civil estacionado em cima da passadeira. Condutor, o Sr. Presidente da Câmara. Até quando este clima de impunidade se manterá?

quarta-feira, maio 14, 2008

Maddie Mccann

por Ricardo Chega (correspondente da Lusa em Espanha)


Um ano após o desaparecimento da pequena Maddie Mccann, tudo continua igual. Há muitas incógnitas: os pais seguem carregando com o estatuto de arguidos e a PJ continua a investigar um caso que não ata nem desata. O caso Mccann é um autentico banho de agua fria. Para a credibilidade, os nossos sistemas policial e judicial e, também para a imagem de Portugal no exterior. Se não fossem os jornalistas, este caso já estaria no esquecimento. Sorte que a imprensa às vezes, desperta algumas consciências.

Mas é certo que a equipa de investigadores tocou muitas ocasiões e isso pode custar-lhes muito caro. Não sei, se precipitou-se ou não, o que sei é que no principio as coisas foram feitas de forma muito pouco correcta. Parece que os policias estavam mais interessados em publicar livros e passear pelos bastidores das televisões que, fazer o seu trabalho bem feito. Dá a impressão que ficaram iludidos com os holofotes da comunicação social. É certo que hoje em dia. É certo que hoje em dia há uma atenção especial em relação a tudo o que envolve crianças. À pouco, foi possível ver como o director do refugio Aboim Ascensão se indignava com a falta de integridade e responsabilidade de alguns pais, estrangeiros por certo e, também com alguma falta de cuidados da nossa justiça.

Enquanto as coisas não forem bem feitas e com alguma cautela e bom senso, tudo irá mal e não haverá grandes avanços. É preciso que os policias investiguem e que os jornalistas informem. Não se pode querer continuar a controlar o trabalho dos outros e deixar o nosso de lado. É preciso que Portugal se faça grande e que perante o mundo demonstre que as suas conclusões são as mais acertadas e, porquê? Porque houve cuidados e profissionalismo.
Caso contrário, vamos ser os últimos em termos económicos e também na credibilidade.

Cuba

por Luís Horta (director do jornal sotavento)

Tenho observado, talvez um pouco à margem, a iniciativa do município vizinho de Vila Real de Santo António desde que resolveu transportar para Cuba umas dezenas de idosos do seu concelho para serem tratados aos problemas de visão que os afectavam. Porém problemas que, como sabemos, afectavam e afectam dezenas de milhares de portugueses que ano após ano viam engrossar a interminável lista de espera. O Algarve, por vezes, também sabe ser pioneiro em qualquer coisa, por muito que em contrario digam. E, tanto assim, que outros municípios algarvios ou já aderiram a idênticos projectos ou estão em vias de o fazer. E não só no Algarve...ao Ribatejo já os ecos também chegaram e a iniciativa multiplica-se.

Assim, os nossos idosos já podem começar a ver uma luz ao fundo do túnel, de tirar-lhe as negras perspectivas em que as suas cataratas os deixaram. Este é também, sem duvida, um campo em que o poder local pode e deve actuar, já que a nível central um outro poder não foi capaz, ate aqui, de atenuar a tristeza dos idosos privados de visão. Talvez comunicando esse poder de que deixar andar séria a forma mais barata de resolver o problema, ou antes, de não resolver o problema. Curiosamente, é também agora que, certos serviços hospitalares começam a dizer que têm capacidade para operar uns quantos milhares por dia, que é tudo uma questão de protocolos, que a ida a Cuba não tem uma exigente qualidade, nem uma garantia total.

Se agora já é possível, porque razão ninguém o disse antes? Porque não sugerir qualquer iniciativa concreta?

Bem, quanto a qualidade e garantia os próprios algarvios que o digam. Parece que foram bem tratados e o seu problema resolvido. Em Portugal, vai-se continuando a esperar pelos protocolos a assinar. Se calhar, lá para mais uns 5 anos. Mas, entretanto, e é isso que nos agrada, os algarvios idosos e sem meios de fortuna têm garantida a melhoria da sua vida, o que significa uma melhoria da qualidade dos seus anos de vida.

Como disse, alguma vez haveria o Algarve de ser pioneiro em qualquer coisa. Um boa semana para todos e com boa visão.

Micro créditos

por Jamila Madeira (deputada do partido socialista)

Um dos instrumentos parlamentares que os deputados ao parlamento europeu têm ao seu dispor é, a possibilidade de apresentar declarações escritas. Estas, depois de reunirem as assinaturas de mais de metade dos membros do parlamento europeu são formalmente enviadas à comissão e ao concelho, para que estes tomem as adequadas iniciativas legislativas. Foi nesse sentido, que iniciei em conjunto com mais 4 parlamentares de outros grupos políticos de origens nacionais, uma declaração escrita sobre a implementação e reforço do micro crédito.

A ideia é que a U.E possa assumir que esse instrumento é crucial no combate à pobreza dentro do seu território e também nas suas políticas com países terceiros, quer no mediterrâneo ou genericamente nos países em vias de desenvolvimento. Como é evidente, essa iniciativa carece de mais investimentos que numa lógica social, um dos poucos com carácter reprodutivo. Todos os estudos dizem que quem recebe estas muito pequenas quantias para iniciar o seu projecto e a sua actividade tem assumido um grau de cumprimento de cerca de 100%, ou seja, quem recebe estas muito pequenas quantias quer sobretudo, cumprir os compromissos assumidos.

Na maioria dos casos são mulheres, mulheres bem sucedidas e que se emancipam. Depois do primeiro micro crédito pagam-no e aumentam o seu negocio com um novo. Com o retorno que começam a ter, investem essencialmente na família e na educação dos filhos e, por isso, são os que mais contribuem para o combate à exclusão social. No entanto, para atribuir o microcrédito é preciso que exista uma entidade pública ou comercial, sem fins lucrativos mas credível, que faça a avaliação dos projectos e veja os instrumentos, em termos de formação que eles vão precisar para alem da determinada arte para aquele preciso negócio.

Essa avaliação é hoje feita, por exemplo em Portugal, pela Associação Nacional de Direito ao Crédito. Umas das suas solicitações que fazemos nesta declaração escrita é, a criação de uma associação conjunta entre a Europa e as zonas a apoiar na U.E e no mundo, que tenha credibilidade atribuída no quadro do sistema financeiro europeu e que permita que os bancos comerciais a vejam como mais credível e, por isso, estejam mais disponíveis a financiar micro créditos. Com isto, teremos ganhos incomensuráveis em volume de financiamento e a absoluta certeza de que estamos a fazer mais que uma simples gota de água num oceano de exclusão social.

Por isso mesmo, quando esta semana ouvia-se anunciar que a nossa declaração escrita tinha reunido as assinaturas necessárias e, que ia ser enviada à comissão e ao concelho, fiquei orgulhosa. Resta agora saber se, como recentemente anunciou o presidente da comissão, o social está agora no centro da sua agenda. Se assim for, certamente esta iniciativa verá a luz do dia, ainda antes do fim da legislatura. Espero eu e, todos aqueles que carecem desse apoio.

Maio de 68

por Carlos Lopes (advogado)

Este é o mês dos 40 anos do Maio de 68. Tendo sido um movimento que teve repercussões um pouco por todo o mundo, o Maio de 68 foi essencialmente um Maio de Paris. Maio de 68 é essencialmente a revolta contra uma sociedade velha e caduca, contra valores obsoletos e reaccionários, pela liberdade nos seus mais variados aspectos. A liberdade de expressão, a liberdade sexual, a igualdade entre os sexos.
“É proibido proibir a imaginação ao poder” são palavras que ficaram desse tempo e que dão uma ideia da revolta do Maio de 68.

As barricadas, as famosas barricadas de Paris voltaram a estar na ordem do dia e a ser o dia-a-dia em Paris. Como Bendito, o estudante germano-francês que encarnou o Maio, foi expulso de França, mas quem andava escondido era Ducou, o presidente francês. É desse tempo aquela imagem de intelectual que agia trocando o fato e gravata pelo blusão, a vender jornais e a falar aos operários da Renoult. Mais do que hoje considerarmos normal e faz parte da nossa vida, teve inicio nesse Maio de 68.

E Maio de 68 teve também uma característica importante. Não foi uma tentativa de tomada do poder. Não se pretendeu substituir o poder por outro, mas transformá-lo. O mundo nunca mais foi o mesmo. É por isso que quando o presidente da França, o Sr. Sarcossi pretende destruir o Maio de 68 não se apercebe o ridículo da situação. Aquele caso em directo por causa do Maio de 68.

quinta-feira, maio 08, 2008

Polis barrocal e Polis serra

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

O actual governo promete para 2013 um Algarve bem diferente do actual, direccionado essencialmente, e não totalmente, para a vertente turística. Hotéis de 5 estrelas e depois tudo o que está amontante se interliga àquele sector. As obras emblemáticas anunciadas são a barragem de Odelouca para que não haja falta de água, principalmente para os empreendimentos turisticos, a requalificação da EN125 com o propósito de acabar com os pontos negros, isto é, permitir que a região saia da faixa negativa que ocupa em termos de acidentes naquela rua.

Agora anuncia-se o polis litoral, ou seja, a recuperação de toda a área da ria formosa com a intenção de a tornar uma pérola ambiental no Algarve e o símbolo de oferta da excelência que se pretende para a região e, por fim, a construção do hospital central para que o serviço nacional de saúde seja universal, isto é, para a população e turistas. Esta estratégia de investimento e qualificada pelo primeiro ministro, como fazendo parte de um projecto integrado, colocando o Algarve, segundo as suas palavras, na linha da frente das prioridades para que o desenvolvimento económico possa crescer dentro da simbologia que os responsáveis governamentais pretendem, que são a qualidade e a excelência porque a região tem muito para dar ao país, dizem.

O futuro do Algarve não pode passar exclusivamente pelo turismo. Há que criar uma dinâmica agrícola, em que os frutos secos, principalmente o figo e a alfarroba, são dois exemplos onde o regadio tem muito espaço para crescer, agora que há barragens e água suficiente. Com a mesma audácia com que se colocou o litoral nas decisões do governo, é por demais importante e honesto redigir o decreto que revoga o abandono do barrocal e serra, colocando no topo do papel timbrado do ministério, prioridade das prioridades: polis barrocal e polis serra.

As pescas estão fracas e os homens já começaram a investir nas gaiolas viveiros. Passa por ai a reprodução do peixe? Talvez. Para a opinião de José Sócrates, diria que as palavras estão ditas. Resta salvar-se o Algarve.

Novo hospital do Algarve

por José Mateus (consultor de comunicação e autor do blogue CLARO)

Finalmente o Algarve vai ter um novo hospital. Penso que o compromisso de Sócrates é para tomar a sério e que podemos confiar nele. “Este hospital já podia estar a andar há anos”, disse Sócrates. De facto, já oiço falar nele há anos, e quem não ouviu? Já ouvi uma série de primeiros ministros e de ministros da saúde falar do novo hospital do Algarve. Mas, de facto, só falavam. Agora, finalmente vai ser. Sócrates lançou um concurso público para o novo hospital e marcou um calendário de execução.

Com um investimento directo de 250 milhões de euros, o novo hospital deve estar a funcionar em pleno em 2013. Em 2012 a estrutura deverá estar concluída. As obras começam no próximo ano e nestes meses mais próximos decide-se o concurso público. Este hospital não é construído para substituir o outro e, penso que isto, é um esclarecimento fundamental mas, sim para ser um hospital de referência para a região, para a sua economia, sobretudo turística e também no país, para ser um peça essencial, como digo da economia da região.

Esperemos que também para servir de infra-estrutura ao ensino da medicina como quer, e bem, o reitor da universidade, João Guerreiro. Será, disse Sócrates, não apenas um hospital novo, mas sim um hospital novo, que seja pois, o Algarve merece e precisa. Dito isto, depois deste anúncio formal, veio o PSD dizer que isto é eleitoralismo e que o hospital é lançado quando já podia estar a funcionar. Têm razão. Para o hospital estar já a funcionar bastava que o governo do PSD de Barroso e de Santana Lopes o tivesse lançado nessa altura. Desgraçadamente não o fizeram. Falaram, falaram mas não fizeram nada. E agora queixam-se que é tarde e que já podiam, etc, etc.

A pergunta a fazer-lhes é simples: mas que raio fizeram quando o podiam ter feito? A resposta também é simples: nada. Só conversa. Por isso, agora um pouco de vergonha não lhes ficava mal. Uma última nota, Macário Correia tem razão. Ele descobriu agora que os empatas da QUERCUS não têm credibilidade. É verdade, não têm. Macário já podia ter descoberto isto há mais tempo, mas só agora lá chegou. Chegou atrasado, mas chegou e nisto tem razão. A QUERCUS não tem mesmo já credibilidade.

Tarde, tarde é só mesmo o que nunca vem.

quarta-feira, maio 07, 2008

1º de Maio

por Luís Horta (director do Jornal Sotavento)

Na passada Quinta-feira, em que a igreja assinala o dia de São José Operário, comemorou-se o dia do Trabalhador, num feriado respeitado por quase todas as entidades patronais. Em Lisboa e noutras capitais de distrito, as duas centrais sindicais consentiram a presença de inúmeros filiados nos mais diversos sindicatos, num enorme protesto contra a nova lei laboral, contra a precariedade do emprego, contra a situação dos jovens, cujo 1º emprego cada vez é mais raro e difícil de atingir.

São episódios de uma guerra constante em que não há vencedores. Só vencidos. Onde não há crescimento, o país é que sofre e sofrendo o país, sofrem todos: as entidades patronais, empregados e todos quantos constituem a força produtiva de riqueza do nosso país. Isto são, no entanto, contas de um rodeio que o 1º de Maio todos os anos vem assinalando e registando para memória futura. Num outro rosário, ou seja, fazer do 1º de Maio um dia de descontracção também vai ficando muito aquém. Como todos nos lembramos, praticamente o dia do piquenique no campo, junto às ribeiras em zonas de lazer, uns caracóis, umas favas, um bom vinho tinto da cooperativa de Tavira, que também já não existe, eram os condimentos obrigatórios, entre outros.

Este ano, na véspera do 1º de Maio fui procurar uns caracóis. Tinham estado muito caros e não havia nada à venda, nem dos algarvios (aqueles sequinhos do restolho dos cereais ou das favas), nem dos caracóis emigrantes que vêm de Marrocos e a gente não sabe que tratamentos químicos poderão ter levado. Os caracóis fizeram pois, uma autentica greve ao 1º de Maio.

Sinal que os tempos estão tão maus para os agentes económicos, como para o cumprir de uma simples tradição de caracolada neste dia. Vamos lá ver se para o ano, nem uma situação, nem outra acontecem. Esperemos pois, que o Maio de 2009 nos traga outra alegria ou melhores empregos e com mais caracóis no prato.

terça-feira, maio 06, 2008

Em busca de um mundo melhor

por Jamila Madeira (deputada do partido socialista)

Desde sempre que a U.E defende intransigentemente a paz, que tem uma perspectiva de solidariedade e coesão, que proclama a integrarão mais do que a divisão e promove os direitos do ambiente e das pessoas com elementos fundamentais do nosso desenvolvimento integrado. Nos últimos anos, com a guerra do Iraque, do Líbano, o alimentar do conflito do médio-oriente, a noção de paz tem sido atacada. Com a especulação de alto risco com bens de primeira necessidade do mundo, como os cereais, a solidariedade e coesão foram postas em causa em troca de lucro rápido e fácil.

Com o alimentar de hostilidades entre Sérvios e Kozovares de uma perspectiva étnica, alimentou-se o separatismo. A U.E tem por isso sido violentamente atacada por empatar o prosseguimento deste tipo de linhas de raciocínio. No entanto, nos tempos mais recentes, começámos a ver alguma luz ao fundo do túnel. Todos os actores, nas diferentes guerras assumem que estas foram e são um erro e querem que a U.E intervenha directamente com a sua abordagem alternativa de diálogo, das pessoas primeiro.

As nações unidas ouviram os nossos apelos e controlaram a linha especulativa à volta dos bens de primeiras necessidades, declarando a batata como o elemento frágil e o único crucial. Para alimentar o mundo com esta linha, desmonta-se a especulação dos mercados de alto risco, a chantagem dos Lóbis e a pressão do Lóbi do petróleo para que não existam alternativas rápidas, embora temporárias, aos combustíveis fosseis. Por outro lado, a Sérvia iniciou o seu processo de integração. Numa lógica que edificará o espaço europeu, iniciando o seu caminho à adesão à U.E.

Criaram-se regras no âmbito ambiental e de registo químico para todos os produtos que fabricados fora do espaço europeu, ainda assim ambicionam ser vendidos no poderoso mercado de 500 milhões de consumidores que é a U.E. E deram-se ainda os primeiros passos para que estes critérios sejam alargados à escala dos direitos sociais e laborais, intrínsecos a cada produto que chega às nossas fronteiras. É assim, a moral da historia.

Depois de muito ser criticada como a desmancha prazeres e a ovelha negra, que bloqueia estratégias leoninas, a U.E é hoje vista como uma esperança do mundo. Em tempo de celebrar mais um dia da Europa, é bom que nos lembremos disto e que recuperemos a luz ao fundo do túnel para dar esperança às próximas gerações.

Tenham um bom dia 9 de Maio: dia da Europa e de um mundo melhor.

Stephen Zweig

por Carlos Lopes (advogado)

Tendo passado o mês do livro não deixaria de falar do autor, um pouco esquecido, mas que parece que está a voltar ao convívio dos leitores. Pessoas mais velhas, a rondas os 70/80 anos, certamente recordarão o autor austríaco que escreveu “24 horas na vida de uma mulher”. Falo de Stephen Zweig. O autor que se lê bem, caiu no esquecimento como o autor menor, mas Zweig vendeu durante muitos anos. Era um autor lido e querido dos portugueses, vendido aos milhares. Li as “24 horas” há muitos anos. Gostei. Saiu agora uma nova edição de “24 horas na vida de uma mulher”. Custa 11€ e é um livro interessante para ler nesta primavera.

Jornal Barlavento

por Hélder Nunes (jornalista e director do Barlavento)

Semana a semana, este conjunto de homens e mulheres, unidos por este símbolo criado há 33 anos, que dá pelo nome de Barlavento e ditam e edificam letra a letra, parágrafo sobre parágrafo no produto que é referência a quem, foi já atribuído pelo clube de jornalistas, o prémio Gazeta para a imprensa regional e que os nossos leitores continuam a colocar como o jornal mais lido no Algarve, nas sondagens efectuadas por empresas credíveis.

Não é norma nesta casa auto elogiar-se. Somos o que somos. Temos uma escola de jornalismo regional que muito nos orgulha e que serve de exemplo para outros mas, a capacidade de criatividade e de intervenção da nossa equipa permite-nos estar no topo das preferências. Não colocamos na cabeça e no cabeçalho do nosso jornal as expressões de “mais lido”, “maior do Algarve” ou outros subtítulos como muitos fazem para mascarar a realidade porque é, por demais, evidente que a qualidade do jornal produzido por toda a equipa barlaventina, pelo reconhecimento dos leitores, pelos anunciantes, das entidades, dos políticos, do povo que nos consome semanalmente.

Permitam-me este auto-elogio na passagem de mais um aniversário deste jornal. Com humildade e reconhecimento justo e merecido ao conjunto de trabalhadores do jornal, que tudo fazem, dia-após-dia para nos mantermos com vivacidade própria de uma criança e irreverência de quem não deseja envelhecer. A idade apenas nos dá o estatuto de maturidade para entendermos que o jornalismo é uma profissão onde se contam os factos e se dá a oportunidade ao confronto das partes. No corpo do jornal há as diferentes secções, entre elas, a de opinião livre. Não se pode confundir as ideias pessoais, a defesa de argumentos estritamente ideológicos com jornalismo.

Esses textos são uma das partes do corpo do jornal para gerar o equilíbrio, para que os leitores encontrem no seu jornal o contraditório. O jornal define-se pelo seu estatuto iveverial, que na maioria dos jornais generalistas é o mais abrangente possível, com base na liberdade e no direito de informar.

Sem fomentar ódios, sem a apologia das divergências que semeiem a segregação. Não é por acaso que o jornal festeja o seu aniversario no dia 26 de Abril.

sexta-feira, maio 02, 2008

O jornalismo está em risco

por Ricardo Chega (correspondente da Lusa em Espanha)

No próximo Sábado comemora-se o dia da liberdade de imprensa, dependendo do ponto de vista, é um dia para celebrar ou para esquecer. A liberdade de imprensa corre perigo em vários pontos do globo. A ânsia de poder desses políticos tem contribuído para prejudicar enormemente o direito de serem informados com verdade. Em Portugal, o governo da maioria de José Sócrates contribui para desprestigiar a democracia e empobrecer a liberdade de expressão e de imprensa.

O novo estatuto do jornalista serve apenas para que os profissionais da informação sejam controlados e se transformem, nalguns casos, em marionetas do poder. Em Portugal, tal como sucedeu noutros países onde a democracia também é insípida, o jornalismo converteu-se numa profissão de alto risco. Cada vez mais, há jornalistas a serem incomodados pelo poder judicial, muitas vezes, dando cumprimento ou desejos políticos.

A liberdade de expressão e de imprensa tem que ser entendida como um dos pilares do país, que se pretende democrático e adulto, um país em definitiva do séc. XXI. Não é possível que um governo pretenda dominar a comunicação social e fazer calar através de decretos e leis, todos aqueles que lhe são contrários. É na diversidade que está a riqueza de um país e parece que Portugal ainda não percebeu que assim é. Sócrates quer ser o Primeiro Ministro. Passeava e voava pelas exposições, opinando, criticando e censurando.

Hoje em dia, desde o palácio de São Bento quer evitar a todo o custo as críticas e minguar o papel social e democrático da imprensa. Portugal atravessa momentos difíceis, não só economicamente, mas também ao nível da informação. É um país que vive quase sempre aplicando a lei da rolha. Os jornalistas têm muitas dificuldades para fazer os seus trabalhos de maneira independente. Só os profissionais que são solidários ou partilham a mesma cor do governo, informam através de notícias que parecem publicidade.

Mas isso parece não preocupar o governo. O que importa ao Sr. José Sócrates e à sua colha é que se venda imagem de Portugal, que é um país moderno e democrático, quando na realidade é um pais que está a perder um dos pilares fundamentais da Democracia e a confiança dos seus habitantes. Deveríamos fazer todos uma reflexão no próximo sábado.